O ditado "nada como um dia após o outro" cai como uma luva para Rennan da Penha, o DJ que revolucionou o funk carioca ao criar o bombado "Baile da Gaiola" (o repórter que escreve a matéria foi e adorou), na Vila Cruzeiro, localizado no Complexo da Penha, subúrbio do Rio de Janeiro.
Preso em 2019, após ser condenado em segunda instância pela Justiça do Rio de Janeiro por associação ao tráfico de drogas, e solto meses depois, o artista, cerca de dois anos após o ocorrido, vive a melhor fase de sua carreira. No final de agosto, Rennan foi homenageado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, recebendo uma Moção de Louvor e Reconhecimento pelos serviços prestados à juventude da sociedade carioca.
Além disso (como se o feito anterior não fosse o bastante), criou um louvável projeto social para alimentar cães de rua no bairro da Penha, instalando cinco pontos com ração e água.
Musicalmente falando, Rennan ainda curte a repercussão da sensual "SexToU", que, com participação de Anitta, possuiu quase três milhões de acessos no YouTube. É sucesso que se chama, né?
"Foi uma surpresa ela entrar no feat. Anitta me pediu alguns beats, pois estava querendo um funk e se amarrou em “SexToU”. Ao entrar na música, fez questão de participar de todo o processo, clipe, divulgação... tudo!", comemorou Rennan da Penha, em entrevista ao "Divirta-se".
Durante o bate-papo, além de falar da atual fase da carreira, o DJ rememorou o fenômeno do "Baile da Gaiola", que chegou a receber mais de 20 mil pessoas em uma edição em julho de 2018, durando cerca de 16 horas (!), e comentou a eterna luta pelo funkeiro em busca de respeito e dignidade. Vem com a gente!
Essa parceria foi incrível! A Anitta é uma "gênia", admiro ela não só como artista, mas como pessoa também. Me lembro da época da Furacão 2000. Eu todo bobo por ter tirado uma foto com ela e, agora, lançarmos uma música juntos foi uma grande realização. Foi uma surpresa ela entrar no feat. Ela me pediu alguns beats, pois estava querendo um funk e se amarrou em “SexToU”. Ao entrar na música, fez questão de participar de todo o processo, clipe, divulgação... tudo! Além de ser uma parceria com ninguém mais, ninguém memos que Anitta, também foi a primeira música que cantei. Foi uma grande novidade e surgiu de uma maneira inusitada. Ela me deu super apoio e me joguei (risos). O resultado tá aí, a galera tem dado um bom feedback e estou orgulhoso do trabalho.
Sim, pensamos exatamente nisso. A música explora um lado mais "caliente" (risos) e total digital. A Anitta é uma cam girl e quisemos ousar no nome também! Ela já tem um posicionamento sólido no exterior e pensamos “por que não?”. A ideia deu certo, a galera tá entendendo a referência e confesso que curti um nome com duplo sentido (mais risos).
Fiquei imensamente feliz e surpreso, confesso! Não é comum vermos uma pessoa negra, que veio da favela e que trabalha com funk ser homenageada pela Câmera do Rio de Janeiro, né?! Aceitei o convite principalmente para mostrar que é possível! Sei que sou referência para muitos que estão no começo. Pessoas que são assoladas não só pelas dificuldades da profissão, como também pela grande desigualdade que há no país. Achei necessário e pertinente mostrar que podemos! Nós podemos chegar em lugares inimagináveis. Sempre levanto a bandeira da minha comunidade e seguirei dizendo: a favela é um reduto de talentos. Lá dentro existem mentes brilhantes! Não há investimento, muito menos oportunidade, e isso não nos faz desistir. Resistimos e criamos coisas incríveis. Espero que essa tenha sido a primeira de muitas oportunidades de reconhecimento daqueles que são esquecidos pela sociedade e ainda assim fazem muito por ela!
Precisam muito né? Lá tudo é escasso... são muitas vezes lugares esquecidos pela sociedade. Mas se nós, como cidadãos, pudermos fazer um pouco, já ajuda a melhorar. Os animais não tem culpa do que nós seres humanos fazemos. Recentemente perdi uma das minhas cachorras e fiquei muito triste e resolvi usar meu luto para ajudar outros cãezinhos que já sofrem demais nas ruas. Espero que esse tenha sido apenas o primeiro projeto. Eu e minha equipe estamos analisando formas de criarmos outros, um deles é para castração desses animais de rua.
Virou um grande fenômeno. Me lembro de pessoas de outros estados e países virem conhecer o baile. Foi um momento incrível na minha vida e carreira. A forma como me sentia próximo daquelas pessoas era absurda. Soltava uma música e todo mundo sabia cantar. Enchemos ruas, isso mesmo, ruas! Em uma das edições, em comemoração ao meu aniversário, tivemos uma faixa de 25 mil pessoas no baile! Viramos referência, virou tema de diversas músicas e ouso dizer: tudo que na época teve esse nome, estourou (risos). Sem contar que esse sucesso do baile não foi bom só para os artistas. O baile é fonte de renda para muitos moradores. Com o sucesso, tínhamos muitas barraquinhas e fazíamos o mês da galera!
É muito difícil, mas a gente precisa resistir sempre. Acredito que esse preconceito vai sempre existir e já está concretizado na nossa sociedade, infelizmente. A mudança parte da gente. Não toleramos mais e provamos com trabalho e sucesso que podemos e devemos chegar aonde quisermos. O funk é cultura, é potência e resistência. Recentemente, tivemos uma grande vitória, com o funk brasileiro sendo enquadrado como categoria do Grammy Latino. É daí pra cima!
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