O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, afirmou ser inadmissível que Marcius Melhem tente intimidar a advogada Mayra Cotta, que representa Dani Calabresa e outras cinco mulheres em processo que acusa o ator e ex-diretor da Globo de assédio sexual e moral.
"É inadmissível que o acusado tente intimidar a advogada da outra parte. A advogada tem a prerrogativa de representar e falar pelas clientes. Darei ciência à Comissão de Prerrogativas para que todo apoio seja dado à advogada", disse Santa Cruz em nota enviada ao F5.
Em seu Twitter, falou mais sobre o caso. "Uma nova tática entra para o manual dos homens acusados de assédio sexual: intimidar por meio de processo a advogada das vítimas. Um spoiler do fim desse roteiro mal escrito: não irá funcionar", afirmou Cotta.
Em entrevista ao jornalista Roberto Cabrini, ao ser perguntada por ele sobre como ela recebia o fato de que Melhem tenta praticamente desvalorizar a denúncia, a advogada respondeu: "Eu recebo isso de uma maneira triste, mas não surpresa. É a tática mais antiga entre os assediadores, de tentar desacreditar, reduzir, diminuir a dor das vítimas", disse.
A respeito de que Dani Calabresa não teria relatado os fatos do modo como aconteceram, como disse o ator e diretor, Cotta se posicionou: "Isso também é esperado. É lamentável que ele tente reduzir a violência do que aconteceu com ela." E acrescentou que existem provas de que episódios de assédio moral e sexual realmente ocorreram. "Existe a palavra das vítimas, existe uma investigação interna e existem testemunhas", garantiu. Agora, Melhem quer que ela prove na Justiça o que diz.
O ator e diretor Marcius Melhem anunciou nesta sexta (4) que vai tomar medidas judiciais contra Dani Calabresa, pedindo que ela confirme ou desminta relatos de assédio que teria sofrido. Ele também anunciou que já entrou com uma ação da Justiça contra a advogada Mayra Cotta, que representa as mulheres e testemunhas que o acusam de assédio, para que ela prove as denúncias.
Em mensagem enviada a Roberto Cabrini por escrito, e exibida na reportagem, Melhem declarou: "Em respeito a você e a seus telespectadores, preciso esclarecer que mais uma vez a advogada Mayra Cotta vai à imprensa ao invés de ir à Justiça para buscar a reparação às mulheres que ela representa. Venho a público reafirmar que são acusações mentirosas. Nunca tranquei ninguém, nunca chantageei ninguém, nunca forcei ninguém a nada. Por essa razão, estou processando a advogada Mayra Cotta", disse.
Mayra respondeu: "Eu acho lamentável que uma advogada, representando vítimas de assédio sexual, seja também colocada na posição de vítima, diante de uma ameaça desse tipo. Acho perigoso que a função de advogada esteja sendo ameaçada desse jeito", afirmou Mayra Cotta.
A colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, foi a primeira a expor a extensão das acusações contra o humorista, por meio de uma entrevista com a advogada Mayra Cotta, publicada no dia 24 de outubro. Nesta sexta-feira (4), reportagem da revista piauí revelou detalhes sobre dois assédios sofridos por Dani Calabresa que causaram comoção de internautas e artistas. Na época dos fatos, Marcius Melhem atuava como diretor humorístico da emissora. Segundo testemunhas e colegas de Calabresa, as situações aconteceram em 2017.
Uma das denúncias revela que Marcius Melhem tentou beijar Calabresa à força, além de agarrá-la contra a sua vontade e de exibir suas partes íntimas durante uma festa da equipe do Zorra, no Rio de Janeiro. Ele também pediu para que a artista "calasse sua boca" sobre a situação.
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