"Aos 83 anos, eu não esperava receber esse prêmio. Eu realmente não esperava. Estou muito grato", disse o ator britânico Anthony Hopkins em um vídeo publicado nas suas redes sociais nesta segunda-feira (26).
O artista agradecia pelo troféu de melhor ator que ele tinha recebido por "Meu Pai", longa dirigido por Florian Zeller, no Oscar no domingo.
A vitória contrariou as expectativas do público, que dava por certo que a estatueta seria de Chadwick Boseman, morto no ano passado, aos 43 anos, em decorrência de um câncer. Também parece ter contrariado as expectativas do próprio Hopkins, que homenageou o colega no vídeo. Afinal, Hopkins não compareceu à cerimônia.
Não foi a primeira premiação da temporada em que ele não esteve presente. O ator também não apareceu no Bafta, principal premiação britânica do cinema, outra em que ganhou a estatueta de melhor ator por "Meu Pai".
Segundo um texto do tabloide The Sun, o ator estava pintando, isolado, em um quarto de hotel. Descobriu que tinha ganhado ao ouvir as comemorações do quarto ao lado.
No Oscar, ele "estava no País de Gales, onde cresceu, e estava dormindo às 4h da manhã quando o acordei para lhe contar a notícia", disse Jeremy Barber, um representante do ator, ao site da revista americana People.
"Após um ano em quarentena e estar vacinado, ele finalmente conseguiu retornar ao País de Gales, aos 83 anos, e foi um grande alívio depois de um ano tão difícil", afirmou Barber. "Mas ele amou trabalhar em 'Meu Pai'. É sua atuação de maior orgulho. Ser o ator vivo mais velho a vencer a categoria significa muito para ele."
No filme, que ainda venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado, o ator faz o papel de um idoso que lida com o avanço da demência, entrando em progressiva confusão com sua casa, sua filha e sua própria identidade.
Foi a segunda vez que Hopkins venceu o Oscar. Em 1992, ele levou o troféu por um de seus trabalhos mais memoráveis, o clássico "O Silêncio dos Inocentes", de Jonathan Demme, em que fez o icônico psiquiatra serial killer Hannibal Lecter.
O galês já concorreu também aos Oscars de melhor ator coadjuvante por "Dois Papas", de Fernando Meirelles, no ano passado, e "Amistad", de Steven Spielberg, em 1998. E de melhor ator por "Nixon", de Oliver Stone, em 1996, e "Vestígios do Dia", de James Ivory, em 1994.
Agora, na 93ª edição do principal evento cinematográfico do mundo, ele se tornou o artista mais velho a ganhar a estatueta de melhor ator.
Nascido em Port Talbot, em dezembro de 1937, Hopkins iniciou seu interesse artístico já na infância, quando fez seus primeiros desenhos e aprendeu a tocar piano, práticas que continua exercitando até os dias de hoje, como contou recentemente numa entrevista que deu ao jornal americano The New Yorker.
"Tenho um piano da Bösendorfer e me escondo no porão [de casa] para não incomodar as pessoas", disse o britânico. "E eu faço pinturas. Há alguns anos, minha mulher pediu que eu pintasse porque ela encontrou alguns desenhos meus antigos. Agora, eu vendo minhas pinturas e há um grande mercado para elas."
Influenciado pelo amigo e ator Richard Burton, Hopkins começou a investir na carreira artística na juventude, período em que estudou na Faculdade Royal Welsh de Música e de Teatro, em Cardiff, e na Academia Royal de Artes Cênicas, em Londres.
Em 1967, o aclamado Sir Laurence Olivier o convidou para ingressar na National Theatre, uma das mais importantes instituições teatrais britânicas. Lá, Hopkins fez seus primeiros trabalhos como ator.
No ano seguinte, ele estreou no cinema, com "O Leão no Inverno", de Anthony Harvey.
"Eu queria ser famoso, queria ser rico", disse Hopkins ao lembrar da época, numa entrevista ao jornal americano The New York Times, no ano passado. "Queria ter sucesso, compensar o que pensava ser um passado vazio. E eu me tornei todas essas coisas."
Embora estivesse trilhando seu caminho à fama, o ator enfrentava o alcoolismo, que segundo ele, quase o levou à morte. Foi só aos 38 anos que o artista conquistou de vez a sobriedade. "Eu pensei 'eu tenho que parar com isso porque vou acabar matando alguém ou a mim mesmo'", afirmou na mesma entrevista.
"Eu olho para trás e penso, 'é tudo um sonho'", afirmou. "Disso estou convencido. Para mim, é uma ilusão, só isso."
Quando questionado pelo repórter sobre o que pretende fazer agora na época, ele estava prestes a completar 83 anos, Hopkins afirmou, rindo, que deseja "seguir em frente por mais 20 anos".
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta