O ex-BBB Felipe Prior, 27, deve ser intimado para depor, na próxima semana, sobre as três acusações de estupro e tentativa de estupro apresentadas contra ele. A afirmação foi feita pela delegada Maria Valéria Pereira Novaes, da 1ª Delegacia da Mulher de São Paulo, em entrevista à revista Marie Clarie.
Segundo a delegada, as três vítimas já foram ouvidas, agora seria a vez das testemunhas apontadas por elas e do suspeito, no caso Prior. Também deve ser solicitado agora um laudo forense baseado no boletim médico de umas vítimas, que afirma ter sofrido um ferimento na região genital durante o crime.
A quarta vítima, que foi confirmada pela advogada Juliana de Almeida Valente, que representa as outras três, ainda não aparece no inquérito, segundo a delegada, que afirmou não ter razão para pedir a prisão de Prior nesse momento. "Não tem nem o porquê, ao menos não pelo que temos até então."
"Esse caso em particular depende muito do que o Ministério Público e a Justiça entenderem o que é cabível. Inclusive porque os supostos crimes são mais antigos [2014, 2016 e 2018]. Tem que haver uma motivação, ameaças, por exemplo, para eu pedir prisão. No momento, estamos na apuração dos fatos."
A delegada também falou sobre as afirmações da defesa de Prior, que alega não ter tido acesso ao inquérito. Segundo Novaes, uma das advogadas do arquiteto esteve na delegacia num momento em que ela não estava lá e não quis esperar por sua chegada.
A defesa de Prior chegou a encaminhar à Justiça um habeas corpus para o trancamento do inquérito, o que foi negado em caráter liminar (provisório). O arquiteto nega os crimes. "Ele reafirma a sua inocência à exaustão, eis que nunca praticou qualquer ato de violência sexual", chegou a dizer sua assessoria.
Segundo a advogada Juliana Valente, os três crimes teriam acontecido após festas dos jogos universitários InterFAU, que são realizados anualmente e reúnem alunos de várias faculdades de arquitetura de urbanismo do estado de São Paulo. As três mulheres não teriam registrado boletim de ocorrência na ocasião por vergonha e medo.
Uma das vítimas afirma, segundo a advogada, que estava com uma amiga, em uma festa de comemoração dos jogos universitários na cidade de São Paulo, quando pegou carona com Prior. Ela conta que, depois de deixarem a amiga em casa, ele teria encostado o carro em uma rua escura e teria ido para cima dela, que estava embriagada.
Prior teria puxado a jovem para o banco de trás e teria forçado a relação sexual de forma violenta e incisiva, apesar de ela dizer não. A violência teria provocado um ferimento na região vaginal da vítima, o que teria levado a um grande sangramento. Ele então teria parado e se oferecido para levá-la ao hospital, o que ela teria recusado.
A jovem teria ido posteriormente ao pronto-socorro, onde teria sido questionada sobre um possível abuso sexual, mas ela teria se recusado a falar sobre o ocorrido por vergonha. Segundo a advogada, ela ficou uma semana de cama e posteriormente teve abalo emocional, crise de pânico e dificuldade em relacionamentos.
Outro caso teria ocorrido na cidade de Biritiba Mirim, interior paulista, durante o InterFAU 2016. Segundo a Marie Clare, ela acompanhou Prior até sua barraca de camping, mas teria desistido da relação sexual por não ter camisinha. Ele então teria tentado força-la e impedi-la de deixar o local, mas ela teria conseguido se desvencilhar.
Valente afirmou que a vítima resolveu procurá-la apenas depois do início do Big Brother Brasil 20, após um tuíte apontar casos de assédio e abuso relacionados a Prior. O post acabou sendo apagado pela autora, mas a partir daí a jovem encontrou as outras duas vítimas.
O caso mais recente teria acontecido em 2018, também no InterFAU, em Itapetininga. Ainda de acordo com a revista, ela também teria aceitado ir até a barraca de camping do arquiteto e teria tido relações sexuais com ele, mas em certa altura ele teria passado a ser agressivo e ela falou que não queria mais, mas ele não teria parado.
O InterFAU afirmou, em nota, que Prior não poderia ingressar e tampouco participar das atividades do evento desde outubro de 2018, justamente por causa de denúncias envolvendo-o em casos de assédio "além de uma acusação de crime sexual durante o InterFAU de 2018".
A advogada das três vítimas encaminhou uma notícia crime à Justiça. Segundo ela, o caso agora poderá dar origem a um ou mais inquéritos, a depender da decisão do Ministério Público. A partir daí, as denúncias serão apuradas e poderão levar Prior à julgamento. Ela disse ainda que recebeu notícias de que existiriam mais relatos de vítimas do mesmo problema com Felipe Prior, apesar de nenhum caso ter chegado diretamente a ela.
Um pedido de medida protetiva chegou a ser feito, mas foi negado pela juíza Patrícia Álvares Cruz, do Foro Criminal da Barra Funda em São Paulo.
Procurada, a Globo diz que "é veementemente contra qualquer tipo de violência, como se percebe diariamente em seus programas jornalísticos e mesmo nas obras do entretenimento, e entende que cabe às autoridades a apuração rigorosa de denúncias como as que foram feitas contra Felipe Prior".
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