Renata Vasconcellos (49) diz que o trabalho à frente do "Jornal Nacional" (Globo) ficou mais intenso durante a pandemia de coronavírus. "Além da carga maior, tem o peso da situação, que é difícil, dramática", lembra em entrevista à revista "Claudia", publicada nesta sexta-feira (18).
"A gente pega força na responsabilidade do nosso trabalho", avalia. "Claro que tenho medo, dificuldade, apreensões, mas penso no meu propósito como jornalista."
Ela recorda uma conversa sobre o assunto com o colega William Bonner, apresentador e editor-chefe do telejornal. "O Bonner me perguntou uma vez: 'Você está cansada?'. Eu respondi: 'Sim, mas atenta e vigilante'", diz.
A apresentadora diz que não se furta de demonstrar seus sentimentos na bancada. "Eu me emociono mesmo, porque me afeta visceralmente", contou. "Tenho muita empatia pelo próximo e vejo o sentimento das famílias desfeitas, o sofrimento."
"Eu tento me segurar para que a informação seja passada, mas a emoção é inerente ao ser humano", disse. "E é bom sentir, se solidarizar, não só nos momentos agudos de tristeza, mas nas histórias de alegria que mostramos. Ao ver alguém passando por uma coisa boa, ficamos com esperança e aí a emoção transborda."
Para aguentar a pressão, ela tem procurado se cercar de coisas que trazem tranquilidade para sua rotina. "O que me faz ficar perdida é a correria do dia a dia", afirma. "Fico sem chão."
Uma coisa da qual sente falta é de frequentar o consultório do psicólogo. "Eu fazia terapia e passei para o virtual no começo da pandemia, mas não consegui me acostumar, não era a mesma coisa e eu ainda estava assoberbada de trabalho", lamenta. "Porém, é fundamental, preciso voltar."
Ela tem investido em meditação, ioga e exercícios de respiração. "A gente respira muito mal", avalia. "Vira algo automático e, quando você toma consciência, se transforma numa ferramenta fundamental para conectar você com coisas incríveis, para promover relaxamento e autopercepção. É uma viagem maravilhosa de se fazer."
Por falar em autoaceitação, Renata conta que está à vontade com a aparência e que essa confiança foi adquirida com o tempo. "Eu acredito que alcançar a aceitação e o acolhimento é um processo que dura a vida toda", afirma. "Mas, para mim, vai além. Acho que o bem-estar reflete na aparência, isso de estar feliz, de estar em dia com a saúde física e mental, transparece."
"Não renego nem tenho aversão aos padrões da sociedade", analisa. "Acho que é interessante olhar para eles e entender como refletem o momento histórico. Agora, entramos numa fase de mais aceitação, graças a Deus, porque a gente não é único."
Isso se reflete em como ela aparece diariamente na casa de boa parte dos brasileiros. "Em um determinado momento, precisei de óculos para leitura", conta. "Depois, resolvi levar para a bancada, caso precisasse olhar um computador mais próximo. Tirava na hora de apresentar."
"Aí, comecei a me sentir mais segura com os óculos o tempo todo", continua. "Para que vou ficar insegura ou ansiosa se existe uma ferramenta que resolve meu problema? 'Ah, mas ninguém da bancada do JN já usou óculos'. Bom, então vai ser a primeira vez. E rolou."
"Com os cabelos brancos foi algo parecido", lembra. "Nada contra pintar, acho ótimo, mas tem dias que não dá, estou com pressa ou acho que é melhor fazer ioga e cuidar da cabeça."
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