A cantora e atriz transgênero Linn da Quebrada, 29, diz que ainda há muito a ser feito para minimizar os preconceitos e inserir a comunidade LGBTQ+ no mercado de trabalho. Ela afirma também que se considera uma exceção, e não parte do mainstream, por atuar em uma série na Globo, "Segunda Chamada", e comandar o talk show TransMissão, no Canal Brasil.
"Sou exceção. Isso não quer dizer que todas nós, enquanto travestis e pessoas trans, consigamos ter essa abordagem, ter respeito e nem ao menos ingressemos no mercado de trabalho. Acho que essas são pautas básicas e realmente de urgência", afirma.
Para Linn, o fato de ela estar na TV aberta abre rachaduras no sistema e contribui para a representatividade, assim como a presença da atriz trans Glamour Garcia em novelas (ela fez "A Dona do Pedaço", em 2019), e da deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL-SP) na política (ela se tornou a primeira deputada estadual transexual negra na Alesp). Na visão da artista, é preciso fazer muito mais.
"[...] Continuar abrindo essas fissuras no sistema para que cada vez mais de nós possamos usufruir disso tudo, porque ter uma pessoa só preta, uma só travesti ou uma só com deficiência, isso não é representatividade. Para que tenha representatividade é preciso pluralidade de corpos e existências."
As declarações de Linn da Quebrada foram dadas ao programa Trace Trends, da RedeTV!, que vai ao ar nesta terça (30), às 22h30.
Na entrevista, a atriz e cantora também comenta como a pandemia do novo coronavírus escancara a desigualdade social. "Quem pode se proteger? Quem pode ficar em casa?", indaga ela, refletindo sobre uma situação enfrentada há muito tempo por transexuais e travestis. "Esse isolamento social já existia. Nós já fomos afastadas do meio social, fomos afastadas da escola, do mercado de trabalho e até mesmo das nossas famílias. Mas acredito que todas essas crises possam servir para desviar o caminho. Acredito que seja um momento de oportunidade de elaborar novas estratégias", conclui.
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