Marcus Buaiz abriu as portas da casa da irmã, Eduarda Buaiz, na Ilha do Frade, região mais nobre de Vitória, no Espírito Santo, e recebeu a equipe de A Gazeta ao lado da mãe, Tânia Buaiz, que havia comemorado mais um ano de vida na noite anterior. Na área externa da mansão, que tem acesso privativo ao mar, que começa o bate-papo com a reportagem. Em meio aos resquícios da festa familiar da noite anterior e uma vista privilegiada da Capital, Marcus começa falando da qualidade de vida que o Espírito Santo tem.
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"Sinto muita saudade daqui. A qualidade de vida é excepcional. Hoje acordei às 6h, fiz meu exercício e dei um pulo no mar", fala, com um sorrisão no rosto.
Aos 40 anos, ele se reconectou de uma forma diferente com a família. Além de ser totalmente presente na vida da esposa, Wanessa Camargo, com quem é casado desde 2007 e tem dois filhos - José Marcus Doutel de Camargo Buaiz e João Francisco Buaiz -, por mês, passa ao menos três dias no Estado. Há três anos, ele ocupa a cadeira de conselheiro no conglomerado de empresas de que sua família é dona, que tem faturamento anual estimado em meio bilhão de reais, de acordo com publicação da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL-SC).
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Mas não é só com isso que o empresário ocupa seu precioso tempo. Marcão - para os mais chegados - é investidor ativo de outros oito negócios, incluindo a sociedade nas marcas esportivas Topper e Rainha, adquiridas há poucos meses, e a propriedade das empresas Spark e Act10n. Ambas são dedicadas ao ramo das celebridades, mídia e gerenciamento de marcas e volta e meia viram manchetes das publicações especializadas em Economia por faturarem alto no mercado. É ele quem cuida de parte da carreira de Xuxa, Cláudia Leitte e Neymar, só para se ter uma ideia.
CENÁRIO CULTURAL
Mas se tem algo de que o empresário ainda consegue chorar as pitangas é pelo cenário cultural e de entretenimento do Espírito Santo. "Falta espaço", enumera, colocando o primeiro empecilho para que grandes eventos invadam ares capixabas.
Apesar da queixa de quem já realizou eventos como o Vitória Pop Rock e teve casas noturnas como a extinta Royal Club, o empresário não tem planos de projetos ou investimentos no Estado para mudar ou inovar a cena. Porém, Marcus diz que fomenta os jovens a empreenderem na área e levanta a questão de voltar a utilizar a Praça do Papa para os eventos. Abaixo você confere o bate-papo completo com Marcus, que falou até de sua fortuna.
Você tem algum projeto na Cultura daqui?
Muito pouco. Fiz muita coisas no passado. De alguma forma, por viver fora, acabei vendo a vida cultural de uma forma mais itinerante. A gente passa no Estado com o 'Festeja', apenas. Não há nada que eu faça ativamente com a cultura daqui. Mas eu lamento, porque tem muita oportunidade. Este Estado é lindo demais.
O que falta?
Falta espaço... Acho que são mais problemas, até, mas espaço é um grande deles. O espaço físico que você tem hoje, com todo respeito à Serra, (o Centro de Convenções da Serra) não é o lugar mais bonito para você fazer uma foto aérea, por exemplo. Quando eu fazia mais coisas aqui, usávamos a Praça do Papa e, na ocasião, fazíamos fotos aéreas incríveis com helicóptero. Não tinha drone (risos).
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Em outras ocasiões, já tiveram produtores que se aventuraram mais. Não falta ousadia?
Tenho conversado com a turma mais jovem e estou disposto a conversar sempre. Estive em algumas faculdade. O objetivo é entender o que eles estão pensando e provocar um pouco da visão empreendedora nesses jovens, mais para o entretenimento local mesmo.
Pedra Azul recentemente foi usada para festa, mas houve enfrentamento de problemas e críticas, e ainda não é um lugar muito preferido para esse tipo de evento. Acha que é um bom espaço?
É um dos lugares mais lindos do mundo, mas pouca gente conhece. E acho que é essa a contribuição que posso dar. Acho que tenho uma missão de contribuir com esse lugar que eu tanto amo. Meu coração está aqui.
E o que vai fazer, então, para contribuir?
Primeiro, eu disponibilizo meu tempo para conversar com esses jovens, nesses encontros, como falei. Vai ser a partir deles. Acho que os órgãos públicos têm que entender - e eu falo isso há um tempo - que as pessoas não vêm para cá para comer moqueca. Não adianta fazer divulgação nacional da moqueca. Eu como em São Paulo uma moqueca capixaba deliciosa. As pessoas vão vir para o entretenimento que a gente tiver para oferecer e aí vão comer a moqueca, porque se alimentam. Na minha humilde opinião, é com o entretenimento que o turismo tem que ser trabalhado. O entretenimento é parte de valorização de espaço e é parte de trazer as pessoas para cá.
E sobre as casas de show?
Eu licenciei a Royal, a marca, na época que eu investia em casas noturnas. Era em um shopping, na Praia do Canto, em Vitória, e era muito legal. Eu sou perfeccionista, trouxe tudo do melhor. Depois surgiu problema porque as pessoas reclamavam. Virou uma comoção para fechar a casa por uma questão que à época me entristeceu. Eu fiquei em silêncio, porque fiquei muito triste. Toda quinta-feira trazíamos show nacional, conseguia trazer as pessoas... Reclamavam de barulho na rua, coloquei segurança particular, depois tive que tirar e dava problema do mesmo jeito.
Quer dizer que não dá certo?
O que tirei da história, e que eu mostro, é que o maior inimigo nosso é a gente mesmo. E a nova geração precisa mudar isso. A gente tem o Estado mais bonito da Federação. O povo fica bravo quando eu falo isso lá fora (risos), mas é a verdade. É lindo.
E o Festeja, que você faz, dá certo por quê?
O Festeja é uma marca da TV Globo que se transforma todo fim do ano em programa de TV. Esse ano será filmado em Brasília, até. O Festeja lembra muito o Vitória Pop Rock, que começou aqui mas depois rodou o Brasil. No Festeja, a gente une sertanejo, pagode... E o legal, que acho que é o segredo, é que o evento vai até a cidade. Minha participação é comercial. Tem uma outra participação para os artistas e a Som Livre, que representa a Globo. Eu criei há dois anos o , um projeto meu, que é um festival em São Paulo. Me incomodava a troca de palco, na ocasião, aí fiz com dois palcos. Mas esse quero deixar em São Paulo por enquanto.
E como foi com o Vitória Pop Rock?
Eu era estagiário do grupo de empresas da minha família e criei o projeto. Era um projeto ousado. Precisava vender para 10 mil pessoas para pagar a conta e os investidores do grupo da minha família não acreditaram nele. Na ocasião, tínhamos o histórico de Roberto Carlos fazer show para oito mil pessoas, então pensaram de que forma ia conseguir superar aquilo. Mas aí eu tive uma sorte, que foi procurar a Rede Gazeta. À época, eu me deparei com um diretor que abraçou a ideia e assinei o contrato no mesmo dia e com as condições de que a Rede Gazeta investiria comigo. E aí criamos o Vitória Pop Rock. Foi na Praça do Papa, um espaço que hoje não tem disponível. Por que não voltar com a Praça do Papa?
Desse tempo para cá, ou seja, mais ou menos de 2008 para cá, há uma mudança de cenário. O que mudou?
Era muito diferente. As pessoas não entendiam isso como entretenimento, entendiam como evento. E são coisas diferentes. O entretenimento é algo que você não apenas dá o show, você faz coisas e ações em torno disso.
Tipo o que?
Um dia estava conversando com Neymar e disse: 'Ney, eu não faço ideia de como é fazer um gol. Mas eu sei o que é subir em um palco e ver um monte de gente se divertindo com uma coisa que eu fiz. Esse deve ser o meu gol'. Antes, o entretenimento não era negócio e você ainda era muito desvalorizado, e ainda é, com as pessoas pedindo ingresso de graça. Eu não peço gasolina de graça (risos). Entretenimento é o meu ganha pão.
E como foi a evolução do seu patrimônio a partir daí?
Comecei como estagiário do grupo de empresas da minha família. Na ocasião, assumi uma função que eu não tinha, por um tempo, que foi assumir uma rádio, e depois voltei para a função original. Em seguida, veio a ideia do Vitória Pop Rock, com uma mudança de pensamento. E, para o que eu queria, eu precisava ir para fora porque tudo que eu fazia, e viesse a fazer aqui, as pessoas falavam que meu pai e meu avô, que ainda era vivo, que pagavam. Aí fui morar no Rio com o dinheiro do Vitória Pop Rock e vivi. Naquele momento, meu pai disse que eu tinha que viver com o que eu fazia. Depois disso, fiz MBA em Marketing e comecei a namorar oportunidades em São Paulo.
Ainda depois dessas suas mudanças você fez a Fórmula Renault e Copa Clio, na Avenida Dante Michelini, não?
Sim. Surgiu uma oportunidade com um amigo de Recife que queria fazer corrida na praia, na avenida, porque achava que Vitória era a Mônaco brasileira. Fizemos tudo, em 2006, e ao invés de pegar comissão por ter ajudado a produzir, conversei com os outros dois empresários que produziram comigo para abrirmos uma empresa em São Paulo. E foi o que a gente fez. À época, nós estouramos. Nos associamos a outros empresários, viramos a maior empresa de entretenimento do Brasil.
E foi depois que investiu nas boates?
Depois disso, um grupo americano me procurou para investir em casa noturna. Aí trouxe a Lotus para o Brasil e comecei a gostar da história de casas noturnas. Sentei com esses meus dois sócios e eles achavam que não era uma boa. Recalculei a rota e segui sozinho. Cheguei a fazer 14 casas noturnas ao mesmo tempo. Aí começou a aumentar a demanda, filho nasceu, família surgiu... E minha casa era um 'Big Brother', ficava a madrugada toda vigiando empreendimentos, com 14 telas, e vendi tudo. Aí criei um fundo e chego onde eu estou. Capitalizado.
E o que faz hoje?
Hoje tenho a Spark, que eu chamo de nova mídia, a Act10n, que faz gestão de celebridade, tenho participação na Tardezinha, com Thiaguinho, no Festeja e no , que são festivais de música. Aí tenho investimentos em outras três áreas. Com Ronaldo Fenômeno, com a Ronaldo Academy, comprei com um sócio as marcas Topper e Rainha e estamos revitalizando as duas, e investi com outros amigos, inclusive um é dono do Itaú e o outro, das Casas Bahia, em um restaurante japonês em São Paulo. É só isso que eu faço (risos).
Nunca pensou em voltar para o Grupo Buaiz?
Há três anos, eles me convidaram para ser conselheiro do grupo. E é diferente para mim. Participo de reunião para aconselhar. Sou mais de fazer do que de falar, mas tem sido bom para mim mais do que qualquer coisa. Resgatei muito a relação com a minha família e isso me faz muito bem.
E eles têm adotado seus conselhos?
Nem todos. Eu sou muito ousado, eles são muito tranquilos (risos).
E como concilia isso tudo e ainda tem tempo para a esposa e filhos?
Hipocrisia quem diz que não tem tempo. Se você se organiza, se planeja e tem uma equipe que é melhor do que você no que fazem, você tem tempo sim. Eu levo meus filhos à escola todos os dias. Não abro mão. Faço boxe, tênis e funcional. Só durmo menos do que eu gostaria.
Wanessa entende a agenda atribulada?
Ela é muito parceira. Ela me conheceu nessa agitação e sabe o quanto eu quero fazer a diferença. Eu fui a um show de Pavarotti uma vez, que foi lindo, e tive a oportunidade de ir ao camarim dele. E eu perguntei a ele como ele fez tudo tão perfeito. Ele respondeu: 'Foram muitas vezes ausências e momentos que deixei de estar com a família para buscar a perfeição'. Minha família sabe que eu quero empreender, eles entendem.
Sua relação com Zezé é boa. Ele chegou a dizer que se Wanessa não casasse com você, ele se casaria (risos). A relação dela, hoje, também é boa com o pai e a madrasta, Graciele Lacerda?
Eu sou muito grato a Zezé. Cheguei a viver na casa dele seis meses. Ele e a Zilu me permitiram isso. Nunca tive problema com Graciele, conheci ela muito recentemente, e falo com o Zezé que ele tem que ser feliz.
Não tinha um atrito?
Eu entendo. Sou filho de pais separados. A gente nunca quer que os pais se separem, mas a gente quer que nossos pais sejam felizes. Quando você é filho, às vezes, discorda com as formas com que tudo é conduzido. Mas vejo que Wanessa quer ver o pai feliz.
E tem novos projetos para o futuro?
Viajo para os Estados Unidos para criar uma convergência com uma das minhas empresas e estou fortalecendo em outras áreas. Momento é de expansão em tudo. Também estou fechando um projeto social, que eu acho importante, e será algo maior. Eu já ajudo muito gente, só nunca gostei de aparecer com isso. Mas estou sentindo falta de abraçar algo maior.
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