Técnico em Administração e Logística, 23 anos, adepto da malhação, morador de Vila Velha, super-romântico e procurando alguém para amar... Ah, para quem acredita em astrologia, o rapaz é de Áries com ascendente em Áries.
Com todos esses atributos, Nathan Meireles, o Mister Brasil Trans Espírito Santo 2021, vai disputar o primeiro Mister Brasil Trans da história, que acontece em São Paulo, com cerca de 30 candidatos de todo o país, a partir de 6 de novembro.
"O concurso é um passo importante, mais uma conquista da causa trans. Frisamos que a disputa não é só uma questão de quem é o candidato mais belo. É sobre conquista e reconhecimento. Fala muito sobre a liberdade de ser aquilo que você realmente é, sem se esconder de ninguém. A real essência da beleza masculina", explica Nathan, que, atualmente, atua como operador de segurança remota.
Entre os hobbies do Mister Brasil Trans ES, está correr na praia e ler. "Não sou muito ligado em televisão. Prefiro passar o tempo livre lendo um bom livro e meditando. Busco muito a paz interior, sabe?", reflete.
Com uma bela história de vida, Nathan Meireles confessa ter se descoberto trans em 2013. "Sempre pensei ter algo errado acontecendo comigo, pois não me 'encaixava' em meu corpo e ficava desconfortável com o que via no espelho. Me culpava pela minha condição. Cheguei a namorar rapazes antes de fazer a transição de gênero, na tentativa de me encaixar no padrão que a sociedade considera normal, mais cai em uma depressão", relembra, sem esconder que se sentiu sozinho durante esse fase.
"No início, minha família não aceitava a minha condição. Cheguei a sofrer agressões por parte da minha mãe. Com o tempo, fomos construindo um respeito, uma boa relação. Queria mostrar o meu valor para ela", relembra, dizendo que se descobrir trans o fez encarar a vida com mais responsabilidades.
"Comecei a trabalhar, estudar e parei com as baladas. Minha mãe sentiu essa mudança e começou a me respeitar. Hoje, temos uma relação cordial, tanto que ela pagou pela minha mastectomia masculinizadora (que consiste na retirada da glândula mamária feminina para transformação em um tórax anatomicamente masculino) em Belo Horizonte. Fiz a cirurgia no final de 2020. Tentei pelo SUS, mas a burocracia e o tempo de espera é muito grande", explica, confirmando que conseguiu outra vitória em busca de dignidade, o documento de identidade social, no final de 2019.
"Isso trouxe mais segurança, pois me proporciona ser tratado socialmente pelo nome que escolhi, como realmente sou, também evitando possíveis constrangimentos".
Nathan ainda tem um longo caminho a percorrer até chegar ao Mister Brasil Trans. Sem recursos próprios, por enquanto, conseguiu patrocínio apenas para a compra das passagens de ônibus, contando com a ajuda de duas amigas.
"A hospedagem será custeada pela organização do concurso. Preciso, porém, de patrocínio para o traje de gala (um terno social), um traje casual e também uma verba para alimentação e locomoção. Qualquer força é bem-vinda, basta me procurar pelo Instagram", complementa, na certeza de que representará bem o Estado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta