No último fim de semana, o fotógrafo paulistano Julio Bittencourt foi bombardeado por mensagens em suas redes sociais. O mais recente clipe de Anitta, "Girl from Rio", tem diversas cenas no Piscinão de Ramos, praia na zona norte do Rio de Janeiro, inspiradas nas fotos que ele fez para o ensaio "Ramos", depois transformado em livro.
"Foi uma leve surpresa. Obviamente, a fotografia tem um alcance diferente de música, ainda mais no Brasil, em que a música é tão forte", ele diz. "E depois disso, uma produtora [do clipe] entrou em contato comigo para que eu fornecesse algumas imagens para eles usarem no Instagram."
Na sexta (7), Anitta vai disponibilizar em sua conta na mesma rede social um documentário curto com fotografias da série. É um desdobramento do clipe de "Girl from Rio", música dela que, cantada em inglês, traz um sample do clássico da bossa nova "Garota de Ipanema" e fala sobre a relação da cantora com sua cidade natal.
"Ramos" foi feita por Bittencourt ao longo de quatro verões, entre os anos de 2009 e 2012. As fotos renderam prêmios e foram expostas em museus e galerias de todo o mundo, incluindo Nova York, França, Japão e Taiwan, além do Rio.
"Foi meu segundo projeto mais longo. Meus trabalhos, antes de tudo, tendem a explorar a nossa relação como pessoas em contextos sociais. Dito isso, sempre quis fazer um trabalho sobre a praia, sobre como o brasileiro vai a praia."
Bittencourt diz acreditar que não há melhor lugar para mostrar como o brasileiro se comporta na praia do que no Piscinão de Ramos. Ele conta que desde 2001, ano de inauguração do espaço, tinha interesse em fazer as fotos no local, uma praia artificial no entorno de uma extensa piscina de água salgada.
"Passei muitos anos tentando entrar no piscinão. Como a gente sabe, no Rio, não é tão fácil. Demorou algum tempo para eu amadurecer essa ideia e entrar lá. E [lá] tem o humor, principalmente do subúrbio do Rio, de onde vêm as escolas de samba e onde têm figuras míticas que exemplificam bem o lugar."
Bittencourt, que já tem mais de 17 anos de carreira na fotografia, começou no Valor Econômico. "Embora fosse um jornal, tinha uma linha editorial mais parecida com revista. Lá foi minha escola. Tanto que isso é visível, está presente no meu trabalho até hoje", diz.
Depois de sair do jornal, se mudou para Moçambique, e hoje se divide entre São Paulo e Paris. O fotógrafo também é conhecido pelo livro "Numa Janela do Edificio Prestes Maia 911", de 2009, e o mais recente, "Plethora", de 2018.
Ele diz que Anitta não faz o tipo de música que ele escuta, mas que ficou feliz por ter inspirado o clipe. "Não acompanho muito esse tipo de som. Sei que ela é uma baita profissional. Uma mulher que saiu do nada, ralou e construiu a história dela. Tem um impacto cultural no país e também fora. E, da minha parte, achei muito bacana. Uma coisa que eu fiz sendo usada como referência, fiquei bem feliz."
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