Atire a primeira garrafa de champanhe (que não seja uma Moet & Chandon ou Dom Perignon Charles & Diana, safra 1961, por favor!) quem nunca teve um réveillon onde nada deu certo ou mesmo quem não passou um aperto danado durante uma cirurgia, por menor e menos complexa que tenha sido o procedimento (sem ingerir bebidas alcóolicas no processo, é claro)?
Gente como a gente, o humorista capixaba Renato Albani, radicado em São Paulo e fenômeno de público por onde passa, ri dessas e de outras pelejas (que ele também vivenciou) no stand-up "Me Tornei quem Eu Mais Temia", em cartaz sábado (9), com sessões às 20h e 22h, no Centro de Convenções de Vitória.
Ainda no descontraído bate-papo com o público, o artista aborda outros acontecimentos pessoais e alguns pensamentos distorcidos, como a indignação com a diferença dos preços das coisas populares e de alto padrão (está tudo a "hora da morte!").
"Sempre critiquei muitas pessoas por reclamarem de tudo, até que me tornei um deles (risos). No espetáculo, abordo um pouco disso", adianta o capixaba, em entrevista ao "Divirta-se". Mesmo a reportagem insistindo, Renato foi resistente em dar spoilers sobre os assuntos que serão apresentados nas apresentações.
"Um dia, me vi falando de uma roupa que comprei e sempre pensei que jamais faria isso. Em relação ao show, posso adiantar algumas coisas, como a cirurgia, que foi de desvio de septo, ou mesmo o Ano Novo, na virada do ano de 2019 para 2020. No stand-up, acabamos falando de passagens da nossa vida e vemos que, na vida das pessoas da plateia, também pode ter acontecido situações parecidas. A gente sempre se identifica com algumas emboscadas", brinca.
Questionado se vai regionalizar algumas piadas, por estar se apresentando em sua terra natal, Renato é enfático ao dizer que sim. "Em algum momento da vida sempre opto por voltar à Vitória. Somos capixabas, temos o nosso jeito de ser. Prometo algumas situações engraçadas, sempre abordando coisas do cotidiano. Não tem aquele mistério que Jardim da Penha é um portal, onde muita gente se perde, ou que Vitória pode ter se 'apropriado' do Convento da Penha? É mais ou menos isso", despista.
Formado em Engenharia Elétrica pela UFES, Renato logo abandonou a profissão (declarou recentemente em seu Instagram que foi a coisa mais louca que já fez na vida) para se dedicar à carreira artística. "No meio do curso, descobri o stand-up. Me apaixonei e mudaria de área oito mil vezes se fosse preciso", exagera o rapaz, que, em início de carreira, esteve em cartaz por três anos no Mercearia Botequim, na Serra, e se profissionalizou em 2010, quando passou a integrar o grupo Comédia 027, em Vitória.
Os números em relação à carreira meteórica de Renato Albani impressionam. O especial "Em Pais" conta com mais de 2,4 milhões de visualizações no Youtube e o cômico "Alguém me Explica o Mundo", mais de 4,3 milhões. No teatro, casas de shows e casas de comédia foi visto por mais de 250 mil pessoas. Feita a contabilidade positiva, perguntamos ao capixaba, que tem prioridade para dizer: há limites para o humor?
"O limite é a risada, pois existe diferença entre fazer piada e ofender pessoas. Precisamos achar a forma certa de fazer humor relacionado à qualquer assunto sem seremos ofensivos. Não posso me privar da criatividade, pois sempre vai existir uma pessoa chata, que acha problema em qualquer assunto. Minhas piadas não são para agredir, faço o que gosto de fazer", dispara, sem medo de causar polêmicas.
Em uma sociedade cada vez mais tendendo ao conservadorismo (e um tanto politicamente correta), Albani diz não ter receio de enfrentar o "paredão" do cancelamento nas redes sociais, pânico de dez entre dez celebridades.
"Levo isso numa boa. Em alguns casos, a pessoa que te cancela tem alguma questão para ser resolvida e acaba projetando em você. Não me privo por conta disso", explica.
Atualmente apresentando o sucesso "Comédia Futebol Clube", exibido às segundas no Comedy Central, o capixaba opta, em suas apresentações, por não fazer piadas em relação à atual situação política do país, gatilho corriqueiro nos espetáculos de humor.
"A piada nem sempre representa o nosso ponto de vista sobre um determinado assunto, portanto, não entro nessa abordagem, até para não me estender, porque o tema sempre rende (risos). Algumas pessoas, às vezes, gostam de rotular situações do tipo 'você é um humorista político'. Respeito quem faz, mas prefiro abordar outras situações de humor", complementa.
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