A cantora e atriz Sheryl Crow, 59, contou que foi vítima de assédio sexual cometido por Frank DiLeo (1947-2011), empresário do cantor Michael Jackson (1958-2009), durante uma turnê do cantor, em entrevista ao jornal britânico The Independent.
Crow conta que o assédio aconteceu em 1987, quando ela tinha 25 anos e estava participando da turnê mundial do cantor para divulgar o álbum "Bad" (1987). Durante a conversa, ela exaltou a vivência da turnê e se lamentou apenas das interações com DiLeo.
"Foi incrível de várias formas, em termos de formação e bagagem para uma pessoa tão jovem e de uma cidade pequena, ver o mundo e trabalhar com o maior astro papo. Mas também foi um choque com a indústria da música", afirmou a artista que veio do Missouri, nos Estados Unidos.
A artista, nove vezes vencedora do Grammy, chegou a estar envolvida em rumores de que Michael Jackson estaria se apaixonando por ela e teria oferecido dinheiro para ter um filho. Porém no livro de memórias "Words + Music" (2020) ela diz que as histórias foram plantadas pelo empresário.
Porém, DiLeo era quem se interessava por Crow. O empresário a sujeitou a assédio sexual contínuo durante a turnê, prometendo torná-la uma estrela, enquanto ameaçava que se ela recusasse ou contasse a alguém, ele garantiria que sua carreira terminasse antes mesmo de começar.
"É interessante voltar no tempo e revisitar essas coisas velhas e as experiências que adquiri com elas e depois comparar com o estado atual das coisas", afirmou. "Ser capaz de tocar aquelas coisas sobre a longa crise de assédio sexual que suportei durante a turnê de Michael Jackson e falar sobre isso no meio do movimento MeToo."
"Parece que avançamos muito, mas sinto que ainda não chegamos lá", refletiu a artista. Apesar de nunca ter falado em detalhes sobre a experiência com DiLeo antes do livro, ela conta que duas músicas de seu álbum de estreia, lançado em 1993, fazem referência ao empresário.
São elas: "What I Can Do For You", escrita a partir da perspectiva de um poderoso abusador, e "The Na-Na Song", que possui o verso: "Talvez se eu tivesse deixado ele teria uma música de sucesso". "Foi a primeira vez que falei sobre isso e me senti muito desconfortável, mas me pareceu muito mais poderoso poder falar sobre isso e tocar a música que foi inspirada por ele."
"Não é para isso que serve a música? Para nos ajudar a trabalhar com quaisquer que sejam nossas experiências, e esperançosamente para que o coletivo encontre suas próprias situações em sua música também?", completou a artista.
Depois da turnê, ela retornou para seu apartamento em Los Angeles e enfrentou um grande período de depressão. Crow chegou a procurar um advogado para mover uma ação contra DiLeo, mas foi aconselhada a não seguir com o processo.
"Você se muda para Los Angeles pensando que fez todo o seu dever de casa", diz Crow. "Você praticou toda a sua vida, ouviu os maiores artistas, tocou em cafés e então saiu e aprendeu", continuou. "Quando a bolha do seu sonho estourar, você pode dizer: 'Ok, bem, vou esquecer esse sonho', ou fazer o que eu fiz, que foi mergulhar nele por cerca de um ano."
Atualmente Crow possui sete álbuns de estúdio em sua jornada e acumula mais de 17 milhões de discos vendidos apenas nos Estados Unidos, além de 50 milhões no mundo inteiro. "Música e arte: é o que nos fará superar todos esses tempos realmente estranhos", diz ela. "Algo que penetra e ressoa naquele mesmo lugar em todos nós."
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