O ator canadense Elliot Page, de 34 anos, é a capa da revista "Time", na qual deu a primeira entrevista desde que assumiu publicamente ser um homem transgênero, em dezembro de 2020. Ele contou sobre o sofrimento por não mostrar quem realmente era e falou sobre a mastectomia, cirurgia de retirada dos seios.
Segundo a revista, ao fazer o comunicado sobre sua transsexualidade Page estava se recuperando da cirurgia, em Toronto, no Canadá. O ator enfatizou que o processo não se trata apenas da operação em si, e que para algumas pessoas é desnecessário, ou até inacessível.
Porém, para si mesmo foi algo que tornou possível se reconhecer ao se olhar no espelho. "Isso transformou completamente a minha vida", disse ele. Em grande parte da vida, Page se sentiu desconfortável com seu corpo, e agora tem essa energia de volta.
Page também comentou sobre o anúncio feito no Instagram, onde apresentava seu novo nome. O nome Elliot foi uma homenagem ao filme "E.T. o Extraterrestre" (1982). "É um dos meus filmes favoritos, e eu cresci querendo ser como os meninos dos meus filmes favoritos", afirma.
Quando fez o anúncio, o ator conta que esperava receber mensagens de amor e transfobia, mas que ficou surpreso ao se tornar um dos grandes símbolos de representatividade trans. Ele conta que ganhou 400 mil seguidores no Instagram, no mesmo dia, e que sua coragem ganhou muita repercussão.
"Eu estava esperando receber muitas mensagens de apoio e amor, mas também muita transfobia. E foi exatamente isso que aconteceu. Pessoas extremamente influentes estão por aí espalhando mitos e argumentos nocivos sobre pessoas trans, questionando a nossa existência. Nós somos muito reais".
Page conta que o início da carreira foi um compromisso difícil. Ele havia feito um corte de cabelo curto aos 9 anos e diz que "Me senti como um menino". Porém, ao começar sua carreira como ator aos 10 anos, interpretou uma personagem feminina e teve que usar peruca e deixar o cabelo crescer.
Ao longo dos anos, muitos papéis o fizeram se sentir em desconforto com o corpo e roupas. Como no filme "X-Men 3: O Confronto Final" (2006), onde o ator não sabia "como explicar às pessoas que, embora (eu fosse) um ator, apenas vestir um corte de camiseta para uma mulher me deixaria tão mal".
O filme "Juno" (2007) também marcou a carreira do ator. A produção de baixo orçamento trouxe a Page um Oscar, indicações ao BAFTA e ao Globo de Ouro, e uma fama repentina. Na época com 21 anos, ele lutou contra o estresse de toda aquela ascensão.
Toda a pressão da mídia, entrevistas e tapetes vermelhos aumentavam a desconexão entre como o mundo o via e quem ele sabia ser. "Eu simplesmente nunca me reconheci", diz. "Por muito tempo eu não conseguia nem olhar uma foto minha", completa.
Durante sucessos em sua carreira, ele sofria de depressão, ansiedade e ataques de pânico, porém não sabia disso. Page afirma que tentou se convencer de que estava bem e que tinha sorte por estar onde estava. Mas ele estava exausto por "simplesmente existir" e pensou mais de uma vez em parar de atuar.
Segundo a revista, para o futuro, quaisquer que sejam os desafios que possam aparecer para Page, ele parece estar exuberante em poder desempenhar um novo espectro de papéis. "Estou muito animado para atuar, agora que sou totalmente quem sou, neste corpo", diz o ator.
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