Há alguns anos o Espírito Santo vem protagonizando em posições mais privilegiadas em volume de vendas de pacotes turísticos - resultado fruto de trabalho de divulgação que acaba atraindo visitantes do Brasil e mundo todo. Em 2019, a ascensão continuou tanto que o Estado passou da 17º para 15º colocado em questão de destino mais procurado por turistas, mesmo que só tenha recebido 2% do fluxo total de viagens domésticas no mesmo ano - que é de 406 mil translados.
Os dados foram revelados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do Turismo, do IBGE, que também entregou que as viagens de negócios, que tradicionalmente recebem altas investidas do setor hoteleiro da Região Metropolitana, também aparecem no saldo do ano passado de forma mais tímida. As análises mostram, ainda, diminuição de passeios com pernoite, nos quais há uso de serviço de hospedagem.
"A gente já vinha crescendo mais que a média nacional. Operadoras têm ofertado mais pacotes do Espírito Santo, como já falamos, e isso faz com que o Estado entre em uma rota de destinos que é bem procurada", comenta o secretário de Estado do Turismo, Dorval Uliana, em entrevista ao Divirta-se.
No entanto, os atrativos capixabas, para o titular da pasta, enfrentam concorrência forte do Rio de Janeiro e Bahia, que têm tradição no turismo. "De um lado é o Rio de Janeiro. Do outro, a Bahia. Os dois lugares têm muitos pontos turísticos, cidades, que são históricas e que culturalmente são muito visitadas. Há algum tempo estamos mostrando as belezas do Espírito Santo, em um trabalho que dá retorno, sim, mas o desafio é continuar incentivando essa cultura aqui", complementa.
O fato dos visitantes não usufruírem das ofertas do setor hoteleiro, inclusive, vai virar pauta para autoridade e mercado discutirem alternativas para incrementar os negócios no futuro. "Essa é uma oportunidade de discutirmos com a hotelaria a qualidade dos serviços oferecidos, melhora de pacotes, ações para aumentar a permanência das pessoas, sobretudo famílias, nos hotéis", fala.
A Pnad, que no geral apresenta o saldo do ano para o segmento, trouxe aumento na busca de turismo por saúde e bem-estar, sendo essa a causa de pouco mais de 15% das viagens pelo Estado. "Nós estamos até com esses dados (da saúde) para investigar mais a fundo. Foi o único indicador que nos surpreendeu de certa forma porque queremos saber motivos e causas que o compõem. Sabemos, já, que dentro desses viajantes eles são em sua maioria pessoas que ganham até um salário, então realmente há um objetivo maior que as traz até aqui", supõe.
Questionado sobre o balanço que o governo faz sobre a atual situação do turismo, em meio à pandemia da Covid-19, o chefe da pasta estadual também destaca que a taxa de ocupação dos hotéis enfrenta grande baixa. O índice atual chega a 40%, percentual muito menor que os 65% que constitui a média regular do mercado. "Desde o início da pandemia, esse indicador vem crescendo, mas todo o movimento do turismo gera um impacto para a comunidade local do destino que é estudado pela gente e é objeto de várias análises", defende.
O surto do vírus também não só afetou as famílias economicamente como adiantou para o primeiro semestre as férias que, a rigor, são no fim de cada ano. Por esse motivo, o número de ocupação dos hotéis só pode piorar em comparação ao mesmo período de outros anos a partir de dezembro deste ano, na temporada de alto verão.
"As pessoas não terão disponibilidade de férias e fins de semana prolongados. Muitas pessoas adiantaram, foram incentivadas a adiantar, as férias. Com as crianças, a situação é a mesma. Então, com certeza, haverá diminuição de turistas. Esse desafio não está colocado tecnicamente, ainda. Estamos conversando sobre isso e estamos em alerta para a discussão", contrapõe.
A saída, para Uliana, pode ser o fortalecimento do turismo regional e do ecoturismo, que já está colhendo bons resultados neste momento. "Vemos que as pessoas voltam a se movimentar para viajar e que há oportunidade de incrementar visitas a parques, por exemplo", explica.
O secretário crê que as belezas naturais do Estado podem não ficar tão reféns da pandemia e têm potencial para alavancar retomadas. "O setor de eventos, por exemplo, não terá nada. As festas esse ano não terão a menor condição de acontecer, aquelas festas grandes, por exemplo. Mas é estudada a ampliação da capacidade de atendimento dos parques", conclui.
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