De uns cinco anos para cá, os hotéis do Espírito Santo têm registrado alta no número de reservas. Um dos motivos é o investimento em festas como o Réveillon e o Carnaval de Vitória. Na época de folia, por exemplo, as acomodações disponíveis em Vitória chegam a ficar 83% ocupadas por turistas e visitantes capixabas que vêm à Capital para acompanhar os desfiles do Sambão do Povo ou curtir a animação das ruas do Centro.
Este número poderia ser maior e em maior constância durante o ano. Em 2019, quase metade dos que estiveram no Espírito Santo decidiram se hospedar em casas de amigo ou parentes, enquanto apenas 19% dormiram em hotéis ou flats, segundo revela pesquisa Pnad Contínua Turismo, do IBGE.
"Se olharmos para as motivações dessas viagens, principalmente as de carro, você observa que as pessoas já viajam para isso (ver família ou amigos). Então é esperado que esse tipo de hospedagem seja a mais comum dentro desse universo, mesmo", comenta o secretário de Estado do Turismo (Setur), Dorval Uliana, em entrevista ao Divirta-se.
A fala do secretário é baseada nos dados da pesquisa Pnad de que 85% das viagens são por motivos pessoais, tendo o carro particular ou da empresa como principal meio de transporte utilizado (45,2%). O avião (19%), ônibus de linha (16,1%), ônibus de excursões (10%), motocicletas (1,1%) e vans ou perueiros (0,8%) seguem na lista. Outros 7,9% das viagens realizadas utilizaram outro meio de transporte diferente dos já citados.
"A utilização de imóveis de locação tem sido muito intensa e as pessoas classificam como 'casa de parente e amigo'. Mas, na verdade, são imóveis locados por alguma plataforma, por exemplo", analisa Gustavo Guimarães, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (Abih-ES), indicando os serviços oferecidos por sites como o Airbnb como grande concorrência.
Assim, autoridades turísticas e empresários do setor desenvolvem discussões para mudar o cenário. "A Associação vem tentando fazer com que seja aprovada alguma regulamentação em torno disso para podermos competir de forma justa", completa.
Atualmente, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Espírito Santo (Abih-ES) estima que a taxa média de ocupação dos hotéis despencou para 5% motivada pela pandemia do novo coronavírus. Segundo a Setur, o regular é esse número chegar a 65% no Estado e é essa estatística que os empresários do setor têm o desafio de fazer aumentar.
Neste ritmo, o verão - outro período do ano que é bastante lucrativo para o segmento - em 2021 deve sofrer uma baixa pela crise do coronavírus, como prevê o titular da pasta estadual. "Muitos servidores, funcionários de grandes empresas acabaram adiantando as férias do segundo semestre para o primeiro semestre e não terão como fazer viagens no verão. Com as crianças, com as férias escolares, a situação é a mesma", observa Uliana.
Segundo Gustavo, principalmente após a pandemia, os protocolos de segurança para evitar a propagação da Covid-19 é que serão um divisor de águas nos diferenciais do atendimento. "Imagina você no seu prédio com um imóvel vizinho que é locado sempre. As pessoas entram, saem e, a rigor, não têm regras sanitárias a seguir dentro do imóvel. Coloca a saúde dos moradores em risco e as deles próprios", explica o o presidente da Abih-ES.
Já nas dependências do hotel, Guimarães fala: "Nós, no hotel que gerencio, por exemplo, não estamos acomodando mais de duas ou três pessoas por apartamento, dependendo do modelo da unidade. E acabou aquela coisa de colocar colchão no chão para crianças pequenas, por exemplo. Isso não pode mais ser feito pela saúde. A mesma coisa fizemos com o buffet. Só podem se servir hóspedes de luva e proteções foram instaladas para proteger o alimento".
Medidas como as que o presidente da Abih-ES indica já foram pensadas em selo de qualidade do Ministério do Turismo de que participou o governo do Estado da elaboração. Na ocasião, Uliana elencou que um documento com uma série de medidas que devem ser adotadas pelos empreendimentos hoteleiros servem para dar ao turista segurança de que aquele local é dado como regular dentro das medidas de segurança sanitária.
O secretário lembrou, na ocasião, que os estabelecimentos que têm o selo iriam repensar na forma de receber os hóspedes, de autorizar a permanência deles em áreas comuns e, até, de ver novas formas de servir a alimentação, quando for o caso. Detro dessas recomendações, as estações de álcool em gel e uso de máscaras eram dois dos pontos fundamentais para um hotel operar no Brasil.
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