O Espírito Santo está no radar de grandes empresas quando o assunto é produção de cacau. O Estado já é o terceiro maior produtor da fruta no país e 200 fazendas locais participam de um programa de cultivo sustentável de R$ 100 milhões de uma das maiores fabricantes de chocolate no mundo.
O investimento faz parte do programa da Nestlé que tem como meta o uso de cacau sustentável em 100% da produção até 2025. Atualmente, a empresa compra cacau de 204 fazendas no Espírito Santo, responsáveis por 8% do cacau usado para produção de chocolates da marca, incluindo a Garoto, com fábrica em Vila Velha.
Apenas em 2022, a produção de cacau capixaba somou 11 mil toneladas, movimentando R$ 134 milhões, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag). O cultivo da fruta também fortalece a economia capixaba, assim como seu principal produto derivado, o chocolate.
Também no ano passado, a exportação de chocolates e preparados com cacau foi de US$ 16,5 milhões (o equivalente a R$ 82,5 milhões), representando cerca de 1% do comércio internacional do agronegócio capixaba, com crescimento de 28% em relação a 2021.
Atualmente, muitos chocolates conhecidos do consumidor já usam o cacau produzido a partir das iniciativas sustentáveis. Mas o que faz esse cacau ser diferente dos outros no mercado?
Para ser considerado cacau sustentável, a produção precisa estar baseada em três pilares: boas práticas agrícolas nos cultivos de cacau, boas condições de vida para todas as pessoas envolvidas na cadeia produtiva e produção de cacau de qualidade.
Na prática, um cacau mais sustentável é produzido com sistema de irrigação eficiente, diversidade de culturas na plantação, uso de controle biológico no processo e redução de fertilizantes e processos otimizados na secagem das amêndoas. Quando a secagem é feita a gás, sem uso de fumaça, resulta num chocolate livre desse odor.
Uma das fazendas que participa do programa da gigante do chocolate é a Três Lagoas, em Linhares. Em visita à fazenda, a reportagem de A Gazeta conheceu mais detalhes de todos os processos de produção. A fazenda começou a produzir cacau em 2009. Antes disso, era voltada para a pecuária. Lá, o cacau é cultivado de maneira considerada mais arrojada, a pleno sol.
Para garantir a sombra que ajuda na produtividade do fruto, é usada na plantação técnica que faz o cacau dividir espaço com a seringueira. A espécie, por ser mais alta, ajuda na sombra e corta o vento. Além disso, a produção pode dar retorno com a venda do látex.
O diretor da fazenda, Haroldo Del Rey, considera o projeto da Três Lagoas arrojado por usar uma tecnologia nova, uma vez que tradicionalmente o cacau é cultivado na "cabruca", isto é, na sombra.
"Com o desafio do cacau a pleno sol, quando começamos, muitos nos chamaram de doidos. As pessoas têm crenças e não mudam. Não acreditam que pode ter outro caminho", comentou.
Produzir cacau também exige investimento e tempo do produtor, porque do plantio da muda de cacau à colheita do primeiro fruto são três anos em média, segundo o gerente de Agricultura da Nestlé, Igor Mota.
Confira alguns processos na Fazenda Três Lagoas
O resultado é uma maior produtividade por hectare. Na Fazenda Três Lagoas, são 456 hectares plantados de cacau, o que resulta numa produção de 3,4 toneladas por hectare por ano.
O agricultor que participa do Cocoa Plan, o programa oferecido pela Nestlé, recebe treinamento sobre melhores práticas agrícolas para aumento da produtividade; promoção da igualdade de gênero; orientações relacionadas ao cumprimento das leis e normas ambientais, trabalhistas e de direitos humanos.
O programa também oferece assistência técnica em todas as fazendas verificadas, como Nestlé Cocoa Plan, e paga um valor adicional pelo cacau sustentável adquirido.
Além do Espírito Santo, há produção sustentável de cacau abarcada pelo programa nos Estados da Bahia, do Pará, do Tocantins, de Minas Gerais, Rondônia e São Paulo, num total de 4 mil fazendas.
A equipe de reportagem viajou a convite da Nestlé
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