Carlos Fernando Monteiro Lindenberg Filho dedicou a vida a uma série de paixões. Cariê, que morreu nesta terça-feira (6) em Vitória, aos 85 anos, após complicações de uma pneumonia, foi empresário, músico, e escritor. Mas uma de suas maiores alegrias, segundo declarações feitas por ele mesmo ao longo dos anos, era o campo.
Ele, que foi o responsável pelo surgimento da Rede Gazeta, fundador da TV Gazeta e do site Gazeta Online – hoje A Gazeta –, entrou para o mundo empresarial “por sorte”, como ele mesmo definiu. Sem experiência ou formação em administração, fez a fazenda da família, em Linhares, praticamente dobrar de tamanho.
Em 1979, assumiu a presidência da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), onde ficou ate 1981. Foi cinco vezes vice-presidente da entidade, em diferentes mandatos, além de secretário. Para o setor, suas ações dentro e fora da entidade ajudaram no desenvolvimento do agronegócio capixaba.
Também em 1979, foi responsável pela criação do Jornal do Campo, da TV Gazeta, um dos primeiros programas rurais no país. Com o lema: “aqui fala quem faz”, a atração mostra os desafios, as inovações e as boas iniciativas do homem do campo.
Em 2019, no aniversário de 40 anos do telejornal, Cariê contou que o Jornal do Campo foi produto não apenas de sua paixão pelo agronegócio, mas também de visitas que fez às emissoras da Rede Globo.
“Havia um jornal de nome Campo e Lavoura na TV Gaúcha (hoje RBS), e um programa na TV Anhanguera, em Goiás. E eu gostei daquilo. Então, fizemos uma compilação, pegamos um pouco de cada e adaptamos à realidade do Estado, às nossas culturas. Fomos um dos precursores desse tipo de programa e com muita honra”, lembrou na ocasião.
À época, o empresário destacou que o programa foi uma das inspirações para o Globo Rural, que surgiu um ano depois, e que se tornou o verdadeiro indutor de programas sobre a vida rural no país.
“O nosso editor tinha relacionamentos importantes na área e conseguia sugerir pautas. E como eu era casualmente parte da Federação de Agricultura, eu podia dar alguns ‘pitacos’. Fiz também papel de repórter algumas vezes”, contou Cariê em 2019 à TV Gazeta.
O programa, exibido nos domingos, às 7h30, era tão querido por Cariê que, segundo ele comentou à época, em algumas vezes chegava a acordar na hora do Corujão, faixa em que a Globo exibe filmes durante a madrugada, para não perder a edição do telejornal sobre o agronegócio.
A morte de Cariê foi lamentada por diversas autoridades políticas e empresariais do Estado, mas também pelas lideranças do setor agropecuário, que destacaram sua contribuição com o setor.
O diretor-presidente do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Antônio Machado, destacou que as decisões tomadas por Cariê refletem até hoje no desenvolvimento rural do Espírito Santo.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), vinculado à entidade, também lamentaram a perda de Cariê. "O Sistema Faes/Senar-ES/Sindicatos Rurais se solidariza com esta perda e está em orações para que Deus conforte o coração de familiares neste momento de dor imensurável."
O presidente da Faes, Júlio Rocha, destacou que o empresário foi um dos orgulhos da categoria.
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