Um setor do agronegócio que vem crescendo no Espírito Santo é a agroindústria. A atividade está ligada à transformação de matérias-primas vindas de diferentes segmentos, como agricultura, pecuária, aquicultura e silvicultura. A ideia é prolongar o tempo de validade do alimento, dar ainda mais sabor e aumentar a participação capixaba no beneficiamento, para que o Estado possa ir além de um produtor de commodities.
Com foco em buscar caminhos para a produção de alimentos, a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) elaborou a Rota Estratégica Agroalimentar e da Indústria do Café. Segundo a presidente da instituição, Cris Samorini, a ideia é auxiliar no planejamento e nas estratégias para a tomada de decisões assertivas em relação às agroindústrias de alimentos e bebidas. “Assim, esperamos alcançar a excelência em sistemas agroalimentares sustentáveis, com produtos competitivos e de alto valor agregado.”
Comparando o período de 10 anos, entre 2007 e 2017, de acordo com o Censo Agro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria agroalimentar no Espírito Santo elevou em 44,4% o Valor da Transformação Industrial (VTI), percentual superior ao crescimento da indústria agroalimentar brasileira (34,6%). É importante destacar que, em 2007, o VTI da fabricação de produtos alimentícios representava 5,9% da participação na indústria total do Espírito Santo. Em 2017, essa presença subiu para 9,6%.
O Estado conta com mais de 9 mil empresas no setor agroalimentar, sendo que 12%, ou seja, 1.080 atuam na indústria e respondem por 35% do total de empregos do setor. Quanto ao tamanho das empresas, apenas 0,1% (10 empresas em números absolutos) é de grande porte e 94,4% são microempresas que empregam até 19 funcionários. É uma característica desse setor, que ainda compreende grande proporção de pequenos produtores familiares.
O município que mais tem empresas atuantes no setor agroalimentar no Estado é Linhares (10,1%), que também responde pelo maior número de empregos. Além de Linhares, em número de empresas, destacam-se São Mateus (3,8%), Colatina (3,7%), Aracruz (3,4%) e Cachoeiro de Itapemirim (3,4%).
Além da Rota Estratégica Agroalimentar, a Findes tem realizado outras ações com foco no aumento da competitividade da agroindústria, como o Programa +Negócios, com rodadas de negociação entre empresas demandantes e fornecedoras; e o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) ciclo 2023-2025, com oferta de 150 vagas para negócios do Espírito Santo que queiram receber mentoria e um plano de exportação exclusivo para entrar no mercado internacional.
Cris Samorini reforça que a agroindústria do Estado precisa cada vez mais agregar valor ao que produz. “Um exemplo disso é o que acontece com o café. De tudo o que comercializamos, o café solúvel representa ainda a menor parcela. A maior fica por conta do café cru, que tem menor valor agregado. Queremos aumentar o volume de exportação de produtos industrializados, ao mesmo passo em que reduzimos o de commodities, seja com a chegada de novas empresas, seja incentivando e apoiando as que já estão em solo capixaba.”
Ela ressalta que, além do café, é preciso pensar em como aumentar o valor dos nossos cacau, mamão, gengibre, pimenta-do-reino e pimenta-rosa (aroeira), bebidas, carne bovino, aves e peixes.
“O café solúvel é o nosso carro-chefe. É onde detemos a hegemonia do conhecimento, temos ciência e tecnologia aplicada”, pontua o secretário de Agricultura do Espírito Santo, Enio Bergoli.
Toda essa experiência fez com que a versão solúvel tivesse uma expansão notável. Em 2021, foram 10,12 milhões de quilos exportados, movimentando mais de US$ 42 milhões. Já em 2022, foram 16,5 milhões de quilos, gerando mais de US$ 48 milhões em divisas. O produto já representa 6,36% das exportações do agronegócio em 2022.
A previsão de crescimento se reafirmou em 2023, pois só nos primeiros cinco meses a saída foi 47,7% maior em comparação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, 5,4 milhões de quilos saíram do Espírito Santo para o mundo, gerando US$ 42,4 milhões.
Essa expansão da agroindústria tem impulsionado a economia local e gerado empregos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. “Somos um gigante na produção de café conilon. Então, isso atraiu indústrias especialmente para Linhares. E o Espírito Santo vai se consolidando como um grande polo de exportação de solúvel”, afirma o secretário.
De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Pesca (Seag), 42 países são compradores do café solúvel capixaba. A Indonésia e os Estados Unidos lideram com, respectivamente, 37% e 30% da compra do produto. O restante das importações é distribuído entre locais de diferentes continentes como: Singapura, na Ásia, e Reino Unido, na Europa, mas todos com menos de 10% na exportação. A versão em extratos, essências e concentrados de café também participa da liderança do produto nas exportações, com valor de US$ 108,5 milhões. “Destaca-se que os extratos, essências e concentrados de café representam 11,0% da pauta de produtos agropecuários exportados”, conclui Cris.
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