Mais do que cultivar, o produtor rural capixaba aposta cada vez mais no agroturismo, oferecendo ao visitante a experiência sensorial de estar dentro de um lavandário, bosque com cerejeiras ou orquidário, para observar todo o processo de produção do café, fazer sua própria colheita de morangos ou simplesmente saborear as delícias preparadas por famílias que já estão há várias gerações no campo.
São essas experiências autênticas, que agradam a todos os sentidos, que estão sendo ofertadas aos visitantes nas propriedades capixabas.
Um bom exemplo vem de Alto Caxixe, Venda Nova do Imigrante, capital nacional do agroturismo. O Khas Café, idealizado pelos sócios Roberta, Julio e Daniela Aguilar, reúne uma infinidade de experiências para seus clientes, uma imersão no mundo do café, das lavandas e até da arte.
“Somos da terceira geração da produção de conilon do Norte do Estado, que sempre vendeu commodities. Então, impulsionados pela paixão pelos cafés especiais e a partir de muito estudo, juntamos a criatividade e as potencialidades de cada um dos sócios (um engenheiro-agrônomo, uma artista plástica e uma publicitária). Estamos no quarto ano desse projeto em Venda Nova e chegamos a receber 200 visitas por dia”, diz Roberta, que é publicitária.
No Khas Café, o visitante pode ter uma verdadeira imersão, desde saborear a harmonização de cafés, estar num laboratório de cafés especiais, ter experiências de paladar e degustação, fazer cursos, participar de colheitas de lavanda e ter massagens e escalda-pés e muito mais, além de poderem levar para casa produtos à base de lavanda, como sais, sachês, óleos e blends para perfumes.
A realidade de Roberta e seus sócios é uma das vertentes de um novo momento do interior capixaba, de uma nova geração que não quer apenas vender commodities e tem encontrado no agroturismo uma importante aposta.
“Nas diversas propriedades pelo Estado, esse momento se faz com muitas outras atividades não agrícolas, como o agroturismo e suas variantes, aliados à agroindústria em seu processo artesanal e ao artesanato rural, que concorrem no espaço rural e geram visitação”, explica o secretário de Agricultura, Enio Bergoli. Ele acrescenta que, em geral, a renda das famílias tende a crescer em 70% com o agroturismo.
O agroturismo, ao lado do desenvolvimento regional, tem sido uma alavanca na geração de renda para as famílias, concorda o secretário de Turismo do Estado, Weverson Meireles. “A região de Doce Pontões, por exemplo, foi a que mais cresceu na geração da economia do turismo, inclusive mais do que a Grande Vitória. O turismo é impulsionado pelo público interno, em sua grande maioria, mas temos a presença também de turistas vindos principalmente do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo”, informa.
A região de Doce Pontões, composta pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina, Governador Lindenberg, Mantenópolis, Marilândia, Pancas e São Domingos do Norte, oferece diversas opções de turismo, como o de aventura, ecoturismo, rural, religioso, cultural, gastronômico e de negócios e eventos.
Para melhorar a trafegabilidade e impulsionar o agroturismo nos municípios capixabas, Bergoli destaca os investimentos nas estradas que têm sido feitos. Já foram mais de 1,2 mil quilômetros de vias rurais pavimentadas no Estado em 20 anos de implementação do Programa Caminhos do Campo, e outras melhorias estão previstas para este ano. “Além de facilitarem o escoamento agrícola, as estradas possibilitam que o agroturismo seja alavancado”, sublinha.
A beleza do interior do Estado é mesmo de encher os olhos. Que o diga Pedro Zoca, cineasta que veio do Rio de Janeiro para fazer um trabalho, se encantou com o lugar e há sete anos resolveu comprar uma propriedade em Afonso Cláudio. Além de apostar suas fichas no café verde, ele decidiu investir na visitação de sua propriedade e abusar da criatividade na hora de construir sua casa, chamando a atenção de turistas.
A casa é arredondada, montada na parte mais alta da propriedade, a mil metros de altitude, com arquitetura que permite visualizar a produção de cafés especiais e também de mata nativa. Ele aluga a residência aos finais de semana para grupos, mas, havendo interesse, também promove a experiência ao visitante de conhecer e participar da produção do café, desde o plantio até a torra. Ainda novato na produção de café, Zoca encontrou nas visitações o recurso para ajudar a cobrir as despesas enquanto apostava na sua plantação. “O turismo é a maior renda da minha propriedade hoje, mas a produção do café vem crescendo”, conta ele.
Entre seus principais clientes, estão casais, famílias e grupos de amigos, que podem curtir a bela vista do alto da casa, ter um contato direto com a natureza e experimentar as frutas direto do pé. São mais de mil mudas diversificadas, entre banana, abacate e outras frutas, além de árvores da mata nativa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta