Um fungo e um minúsculo inseto continuam gerando prejuízos para os cafeicultores capixabas. A ferrugem, que deixa as folhas amareladas, e a broca-do-café estão comprometendo a produtividade e fazem com que os grãos percam a qualidade. Na Região Serrana do Espírito Santo, a preocupação é ainda maior entre os produtores de cafés especiais.
Quase imperceptível, a broca-do-café é um besouro bem pequeno que se alimenta da semente do fruto e se reproduz com muita facilidade. Reginaldo Brioschi, cafeicultor de Venda Nova do Imigrante, já amargou um prejuízo de 15% no ano passado com a praga. Ele cultiva 40 mil pés de café arábica por ano e tira todo o sustento da família da produção.
A broca está se proliferando dia a dia e se multiplica muito rápido. Nesse ano a infestação está maior e (o prejuízo) possivelmente vai atingir uns 20%, pois sobraram muitos grãos com broca. Se formos calcular, arrendondando, se a saca estiver a R$ 400, 20% são R$ 80, o custo de colher a saca. É um grande prejuízo em relação a fazer um tratamento na planta via armadilhas, comenta o agricultor.
Segundo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o problema teve o maior período de incidência de 1999 a 2002, causando grande prejuízo para a produção capixaba de café arábica e conilon.
Há mais de 50 anos na produção de café, também em Venda Nova, Eleutério José Zandonadi não imaginava que a praga também poderia ameaçar a produtividade deste ano. Tive 35% de prejuízo no ano passado. Quando a broca incide na lavoura se perde de dois jeitos: no peso na hora de limpar o café e no preço. Em seis hectares foram colocadas 400 armadilhas. Queremos continuar com produtividade e que o café seja bem pago pela qualidade, afirma.
O momento, alerta o presidente da Associação de Produtores de Cafés Especiais das Montanhas do Espírito Santo (Acemes), Rodrigo Dias, é de manter o olhar atento para a lavoura. "Esse momento é importante, pois é o tempo de trânsito da broca. É quando o produtor consegue um controle objetivo efetivo com armadilhas e monitoramento. Estamos orientando os produtores a procurarem o escritório do Incaper do seu município. Neste ano, se não conseguir esse controle, corre-se o risco de ter infestação novamente."
Além da proliferação da praga, outro mal que afeta as lavouras capixabas é a ferrugem. A doença, segundo o pesquisador do Incaper e coordenador técnico de cafeicultura, Abraão Carlos Verdin Filho, tem uma menor incidência em relação a broca e está relacionado ao cuidado do produtor com sua lavoura.
"A ferrugem é uma doença e se prolifera através de um fungo, deixando as folhas amareladas. É referente a plantas desnutridas. Um dos fatores é quando se tem um aumento de produção grande, a planta se esgota nutricionalmente. Ela, então, está mais propícia ao aparecimento da ferrugem. O principal dano causado com a incidência da doença é a queda prematura das folhas, que além de causar danos à planta, pode reduzir a produção."
Já para combater a broca, que pode se proliferar com a alta da umidade do ar e temperaturas favoráveis, além de armadilhas caseiras, os produtores podem introduzir um agente natural. Ele pode usar ainda os inimigos naturais, como vespas do Togo e Uganda, que consomem a larva da broca e diminuem a incidência do inseto, exemplifica.
No caso da ferrugem, de acordo com Abraão, a principal ação para combatê-la é manter a nutrição equilibrada da lavoura. Daí a importância do produtor fazer o monitoramento e o controle, se necessário. Para a ferrugem tem que monitorar a lavoura, fazer análise de solo e foliar. Caso o produtor tenha necessidade, há fungicidas que podem fazer o controle, complementa.
Para evitar as perdas no rendimento das produções de café arábica e conilon com pragas e doenças é necessário, segundo especialistas, redobrar a atenção com monitoramento e agir com ações eficazes.
Esse conjunto de atitudes, chamamos de manejo ecológico de pragas que vai desde a colheita bem feita ao repasse da lavoura, ao monitoramento com armadilha e, se necessário, controle via foliar químico ou biológico. Com isso você traz a população da broca para níveis aceitáveis de convivência, até que ela desapareça da lavoura, revela Fornazier.
O equipamento, como uma lamparina, é feito com garrafa pet, que é cortada, e colocado na parte externa um pequeno frasco. Nele é depositado uma parte de etanol para três partes de metanol. A mistura atrai o inseto. Ao entrar na armadilha, o inseto vai de encontro à parede interna da garrafa e acaba caindo numa solução de água e detergente, morrendo afogado.
A armadilha citada pelos produtores e pesquisadores foi desenvolvida após estudos do Incaper. De forma simples e com produtos acessíveis, os cafeicultores conseguem minimizar o problema. O pesquisador do órgão, Maurício Fornazier, explica como funciona.
(Com informações da TV Gazeta Sul)
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