Que o Espírito Santo é a terra onde se produzem os melhores cafés do mundo muita gente já sabe. Agora, além disso, mais uma vez ele entra para a história por ter os grãos mais valorizados do país. Em um leilão realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) na última quinta-feira (10), uma saca de 60kg de café arábica produzida no Estado foi vendida a R$ 26,7 mil.
Os grãos foram produzidos por Luiz Ricardo Bozzi Pimenta de Sousa, 20 anos, no Sítio Escondica, em Venda Nova do Imigrante, na região Serrana do Espírito Santo. Há poucos dias o café produzido por ele foi campeão da Cup of Excellence Brazil edição 2020, sendo eleito o melhor do país.
O produto capixaba teve o maior lance no pregão dos vencedores do principal concurso de qualidade de café do mundo, realizado pela BSCA em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Alliance for Coffee Excellence (ACE).
De acordo com o BSCA, foram leiloados dois lotes de sacas, de 60kg cada, do café produzido por Luiz. O primeiro recebeu o equivalente a R$ 26,7 mil por saca (US$ 40 por libra-peso ou US$ 5.291,20). Já a segunda saiu por R$ 25,9 mil (US$ 38,9/libra-peso ou US$ 5.145,69).
O leilão registrou ainda o maior preço médio da história, ao atingir US$ 14,5 por libra-peso, o que equivale a R$ 9.662,99 (US$ 1.918,06) por saca de 60 kg. A arrecadação total foi de R$ 1.864.740,60 (US$ 370.142,44). Segundo a BSCA, esse foi o melhor nível em reais alcançado no leilão do Cup of Excellence no país. O resultado completo pode ser acessado no site.
A diretora da BSCA, Vanusia Nogueira, comemorou os resultados alcançados e destacou que a qualidade e a sustentabilidade dos cafés brasileiros fidelizam parceiros e clientes em todo o mundo. Segundo ela, apesar do delicado cenário econômico internacional, o leilão alcançou recordes.
"Creio que esses patamares só foram alcançados pelo grau de conhecimento que os principais compradores mundiais adquiram sobre todo o processo produtivo do café brasileiro e pela possibilidade de o Brasil cultivar cafés com potencial para atender a todos os paladares", comentou.
Em entrevista para A Gazeta após vencer o concurso, Luiz Ricardo brincou chamando o café produzido pela família de "néctar dos deuses" e ainda contou: "O segredo é trabalhar com amor, tratar as plantas como elas merecem e fazer com a maior dedicação possível".
Luiz também comentou que ele os irmãos buscaram se especializar no assunto. "Quando a gente (irmãos) começou [a trabalhar com café especiais], a gente não teve tanto apoio da família, porque eles sabiam que era algo difícil de ser feito, porém, eu e meu irmão estudamos fora da propriedade para trazer conhecimento e a gente foi se apaixonando. Isso fez a gente permanecer na propriedade e almejar ter os melhores cafés. Hoje a gente brinca que temos um néctar dos deuses".
A título de comparação, os desempenhos alcançados no leilão são significativamente maiores do que os preços praticados na Bolsa de Nova York, principal referência para comércio de café arábica no mundo.
O lance pago pelo campeão (US$ 40 por libra-peso), por exemplo, é 3.304% superior ao valor de US$ 1,2105 por libra-peso do café com vencimento para março de 2021 do contrato C, o mais negociado na plataforma nova iorquina.
Apesar de ser o maior valor pago em um concurso, R$ 26,7 mil na saca não é o maior valor pago pelo café arábica capixaba. Em 2017, uma saca de 60 kg do fruto natural produzido pela Fazenda Camocim, em Pedra Azul, Domingos Martins, bateu o recorde mundial e foi vendida por R$ 39,2 mil para quatro empresas japonesas.
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