A ideia de que o campo está isolado dos avanços da modernidade é ultrapassada. A tecnologia tem se destacado no meio rural, com irrigação automatizada, uso de drones para monitoramento da lavoura e gerenciamento a distância. Contudo, para que as tecnologias sejam ainda mais disruptivas, a chegada da internet 5G é primordial.
No Espírito Santo, 15 cidades estão conectadas à quinta geração de redes móveis, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). São elas: Aracruz, Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Colatina, Conceição da Barra, Guarapari, Linhares, Marataízes, Pinheiros, Piúma, São Mateus, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória. Porém, o sinal ainda é restrito às zonas urbanas.
Os demais municípios precisam aguardar a liberação gradual da cobertura 5G até 2029. A antecipação da instalação das antenas de conexão é uma decisão de cada operadora. Porém, isso não significa que os distritos rurais serão logo contemplados.
Enquanto não ocorre, cidades que lideram o agronegócio capixaba enfrentam desafios para acessar a internet. Algumas localidades contam com o 4G; outras nem isso. Estão à espera do avanço da infraestrutura.
A associação ConectarAGRO, em conjunto com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), criou em 2023 o Indicador de Conectividade Rural (ICR) para medir a cobertura no campo. O índice varia de 0 a 1, sendo que, quanto mais próximo de 1, maior a conectividade rural no município. O Espírito Santo está em 3º no ranking, com o ICR de 0,685, atrás do Rio de Janeiro (0,715) e do Distrito Federal (0,807).
Apesar do bom resultado, a presidente da associação, Paola Campiello, destaca que o 5G seria mais adequado para atender às necessidades. No entanto, apesar de ter mais velocidade e mais estabilidade, o tipo de frequência dificulta a cobertura fora das grandes cidades.
“O alcance no 5G é menor que o do 4G. Isso porque quanto menor a frequência, menor o alcance, algo complexo para o meio rural, já que as propriedades apresentam longas distâncias. Esse problema faz com que sejam necessários mais torres de conexão ou aumento da frequência dessa tecnologia.” esclarece Paola, que também é gerente de Soluções de Conectividade na CNH Industrial.
O 5G, segundo ela, poderia potencializar as colheitas e irrigação e ampliar o uso de inteligência artificial e de sensores de controles de rebanhos e lavouras, além de outras iniciativas, feitas com o 4G de forma mais tímida.
A especialista observa que o obstáculo para ter sinal em longas distâncias pode ser superado caso a iniciativa privada e o poder público unam forças para o desenvolvimento no campo. Os benefícios não serão apenas para aumento dos níveis da produção e para o crescimento do agronegócio, mas também para o desenvolvimento da comunidade rural.
A extensionista Vera Lúcia Martins, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que também é pesquisadora do projeto de Juventude Rural e Sucessão Familiar, especifica que a possibilidade de melhor conexão em áreas rurais é um incentivo para a permanência do jovem no campo, perpetuando o legado de pais e avós. “”, detalha Vera, também pesquisadora do projeto de Juventude Rural e Sucessão Familiar.
O Edital 5G estabelece que até 31 de dezembro de 2029 todos os 5.570 municípios do Brasil tenham cobertura 5G, sendo que os municípios com mais de 30 mil habitantes serão atendidos por pelo menos três prestadoras. Ainda está previsto o atendimento de 159 localidades não sedes municipais com 4G.
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