Os cortes bovino e de frango produzidos no Espírito Santo ultrapassam as fronteiras brasileiras e ganham mercados internacionais. Mesmo com o temor mundial em relação à gripe aviária, detectada pela primeira vez no Brasil em aves silvestres no território capixaba, em 2023, a expectativa é que a exportação de carne continue crescendo.
A confiança nessa expansão do mercado aumentou após a China ter habilitado a importação de carne de boi de um frigorífico no Noroeste do Estado.
Dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostram que o Espírito Santo ocupa o 14º lugar no país entre as unidades da federação que exportam carnes para o exterior. Em 2022, foram mais de 2,4 toneladas exportadas, movimentando mais de US$ 13 milhões. Assim como outros Estados, o produto que mais chega ao mercado internacional são as carnes in natura.
Segundo o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Leonardo Monteiro, o controle sanitário é que tem garantido ao Estado conquistar espaço no comércio exterior.
Maior comprador de carne bovina do Brasil, a China é responsável por adquirir 39% dessa produção no país. Mas, até março de 2023, não importava do Espírito Santo, como explica o presidente do Sindicato Rural de Pancas e conselheiro da Federação de Agricultura do Estado do Espírito Santo (Faes), Wendius Henrique Lucas.
“A China, este ano, habilitou o frigorífico Frisa, de Colatina. Então, a tendência é que esse volume exportado cresça bastante”, destaca. O conselheiro da Faes cita que o Espírito Santo é responsável por 0,11% do volume de carne exportado nacionalmente.
Wendius ressalta que, embora a participação capixaba seja pequena quando comparada a outros Estados, a exportação feita no Espírito Santo contribui para a valorização do preço da arroba dos animais. “A negociação com a China vai fazer muita diferença para o nosso mercado bovino. Vamos ver isso na hora que fechar o ano de 2023, com um crescimento considerável no volume de exportação. Além disso, já é nítida a diferenciação no valor pago aos produtores pelos animais que são destinados ao mercado chinês”, aponta.
O conselheiro da Faes detalha que os animais que atendem à China precisam ser mais novos e estar com a cronologia dentária em dia. Esses são alguns dos critérios avaliados pelo competitivo mercado internacional.
“Os animais só podem ter quatro trocas de dente. Ou seja, eles só devem ter perdido quatro dentes de leite e estar com quatro permanentes”, explica.
Por isso, nos frigoríficos, no momento do abate, os profissionais realizam uma inspeção visual na boca dos animais para verificar a dentição e determinar a idade. O gado mais jovem é classificado como dente de leite (DL) ou zero dentes (permanentes). Quanto mais dentes, mais velhos são os bois.
Embora a habilitação pela China seja recente, a exportação das primeiras peças de carne produzidas no Espírito Santo já tem mais de 50 anos, assinala Wendius. “A primeira exportação foi na década de 1970 para a Grécia, feita pelo Frisa. Muito provavelmente, foi a primeira realizada em todo o Estado.”
Boa parte da produção ainda se concentra em municípios do Norte e Noroeste capixaba, devido à prevalência do Frisa na região. “A carne sai do Estado todo, mas o volume maior de animais vem de Ecoporanga, Linhares e Nova Venécia, cidades que têm mais bois”, pontua Wendius.
A Região Sul também tem ganhado protagonismo, mas no segmento de frango. A exportação dessa proteína começou um pouco mais tarde no Estado, em 2010, quando a Uniaves, localizada em Castelo, passou a vender para mais de 20 países.
O conselheiro da Faes ressalta que a exportação no Espírito Santo é ancorada na produção de boi e de frango. A carne suína produzida no Estado ainda não é enviada para outros países.
Uma das maiores fabricantes locais é a Cofril. Para exportar, qualquer frigorífico tem que passar por inspeção feita pelo Ministério da Agricultura e Pecuária. “A partir disso, é possível buscar os mercados externos para fazer as negociações com Europa, América Latina e Estados Unidos, por exemplo”, conta.
Apesar de ainda não ser vendida no mercado exterior, a carne suína capixaba tem conquistado espaço nacionalmente por meio da agroindústria. O socol produzido em Venda Nova do Imigrante, por exemplo, é um dos produtos com selo Arte, que permite a comercialização em todo o país.
Há outros embutidos feitos a partir do porco que também conquistaram essa autorização, como a linguiça do tipo pernil recheada e defumada, o lombo defumado e a banha suína.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta