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Cevada começa a ser produzida na Região das Montanhas capixabas

Cevada começa a ser produzida na Região das Montanhas capixabas

Imagina passar pelas montanhas capixabas e ver um campo dourado. Esta cena pode ficar cada vez mais comum

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 17:50

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Plantio experimental de cevada feito pelo Incaper em Domingos Martins. (Divulgação/Incaper)

Os grãos que dão origem ao malte, um dos principais ingredientes na fabricação de cervejas, começam a ser produzidos no Espírito Santo. A cevada, responsável por dar cor e aroma à bebida fermentada, encontrou na Região das Montanhas capixabas um ótimo lugar para o seu cultivo.

A produção local poderá abastecer um mercado cervejeiro em expansão no Estado. Há cerca de cinco anos apenas duas cervejarias artesanais do Espírito Santo eram registradas pelo Ministério da Agricultura (Mapa). Hoje, esse número já chega a 32, sendo que mais oito estão em processo de licenciamento.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a produção média da cevada no Estado chega a ser superior à do Sul do país, principal área de cultivo dos grãos.

As pesquisas da viabilidade do plantio em solo capixaba começaram em 2017. Foram selecionadas três variedades de cevada desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que tinham melhor potencial de produção na região sudeste do país.

O plantio teste foi feito em na Fazenda do Estado, no município de Domingos Martins, a uma altitude de 950 metros. Foram plantadas as variedades “cv. BRS Kalibre”, “BRS Brau” e “BRS Sampa”.

De acordo com o pesquisador e doutor em Agroecologia do Incaper, Jacimar Luis de Souza, a produção foi além do esperado. O número de grãos por espiga não foi muito diferente entre as diferentes plantas, mas em termos de peso, a “cv. BRS Kalibre” teve o melhor resultado, com média de 59,3 gramas por espiga.

“Ficamos surpresos com o potencial de produtividade que obtivemos, cerca de 5,5 mil quilos de grãos por hectare. A média da Região Sul do país é de 3 mil quilos por hectare”, afirmou.

Segundo o pesquisador, além da área do Incaper, um agricultor da região do Caxixe, em Venda Nova do Imigrante, plantou uma área de 1,5 mil metros quadrados do grão e deve começar a colher em algumas semanas.

Plantio

De acordo com o pesquisador do Incaper, para trabalhar com essa cultura o produtor precisa mecanizar a propriedade. Ele terá que investir em uma plantadeira e em uma colheitadeira, por exemplo. O plantio deve ser realizado em áreas grandes, a partir de 2 hectares, porque os pássaros gostam de se alimentar da cevada.

Os grãos começam a ficar prontos para a colheita entre 130 e 140 dias após o plantio. O semeio precisa ser realizado na época fria do ano, entre os meses de março e junho. Nos meses entre a safra e o plantio do próximo ano, o produtor poderá cultivar outras culturas.

“A cevada prefere locais com altitude superior a 600 metros e com um período de frio. O plantio tem tratos comuns a qualquer cultura e é de fácil manejo. Se você fizer uma correção de solo e boa adubação, geralmente não vai precisar pulverizar a plantação. A irrigação só vai ser necessária estiver em um período seco”, explica Jacimar.

Fabricação do malte

A mistura da água com o malte, a levedura e o lúpulo é a base para a produção de cervejas. O papel do malte nessa receita é dar cor e aroma à bebida. Além disso, ele também é responsável pelo gás carbônico e o álcool presentes no líquido.

Plantio de cevada. (Pixabay)

O malte é feito com o grão de cevada germinado, seco e torrado. Produzindo cevada no Estado, se abrem novas oportunidades. Segundo o advogado e cervejeiro caseiro, Sandro Rizzato, hoje o malte utilizado no Estado vem quase totalmente de importações e também do Região Sul do país.

“A maior dificuldade hoje é ter maltarias, em todo o país há apenas duas grandes que abastecem praticamente todas as cervejarias do Brasil. Ter produção no Estado abre espaço para a criação de uma maltaria, fábrica que transforma a cevada em malte, capixaba”, conta.

Ainda de acordo com ele, com o Espírito Santo produzindo mais ingredientes da cerveja, a fabricação do produto artesanal será mais barata, e, consequentemente, o preço final ao consumidor também. “O melhor é que vamos ter uma qualidade melhor dos ingredientes que usamos na fabricação”, explica.

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