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Chuvas deram R$ 88 milhões de prejuízo ao agronegócio do ES

Chuvas deram R$ 88 milhões de prejuízo ao agronegócio do ES

Produtores tiveram grandes perdas no campo sobretudo nos municípios de Anchieta, Piúma, Vargem Alta, Muniz Freire e Iconha

Publicado em 30 de janeiro de 2020 às 20:56

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Chuvas deram R$ 88 milhões de prejuízo ao agronegócio do ES

O agronegócio capixaba contabilizou até o momento um prejuízo de aproximadamente R$ 88,4 milhões devido às chuvas que atingiram o Espírito Santo nas últimas duas semanas. O valor pode ser ainda maior, já que algumas comunidades ainda estão isoladas devido ao estado das estradas e pontes. O cálculo foi feito pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), que informou que bovinocultura, fruticultura e horticultura foram os segmentos mais afetados no Estado. 

Os produtores de Iúna, AnchietaPiúma, Vargem Alta e Muniz Freire, foram, respectivamente, os mais afetados pelas cheias dos rios e pelas enchentes causadas pelas chuvas. Para realizar o levantamento, federações da agricultura, instituições públicas cooperativas e agricultores forneceram os dados coletados que foram reunidos pelo Incaper.

Até o momento, segundo o relatório, 27 cidades sofreram prejuízos no agronegócio. As 22 cidades que decretaram situação de emergência ou estado de calamidade pública somam perdas na ordem de R$ 64 milhões. Já as cinco sem decreto, aproximadamente, R$ 23,6 milhões.

O secretário de agricultura de Iúna, Robson Fardim Tristão, explica que parte da produção de café do município deve ser perdida. "Temos localidades onde houve deslizamento de terra que caiu cima dos plantios e acabou com eles", comenta.

De acordo com o relatório do Incaper, devido ao fato dos municípios afetados pelas chuvas terem como principal produto agropecuário do café, a perda dos plantios deve ser significativa. Porém, não deve impactar tão intensamente na colheita do Estado, já que os maiores plantios estão localizados no Norte do Espírito Santo. Além disso, para alguns plantios, as chuvas serão benéficas,  pois os grãos estão na fase de enchimento.

Em Santa Maria do Jetibá a produtora de orgânicos Débora Tesch, contou que a chuva do dia 17 de janeiro inundou o plantio de hortaliças. Para recuperá-la será necessário um período de pelo menos dois meses. "É uma situação bem difícil. A médio prazo, vai ter impacto para o consumidor. A região de Santa Maria todo tem uma produção muito forte de horta. Acredito que nos próximos dois meses a oferta de verduras deve diminuir, além disso, os produtos perderam qualidade devido ao excesso e chuvas”, conta.

Além dos impactos na produção, o Estado também sofreu com a perda de material genético e plantios experimentais. As fazendas experimentais do Incaper que ficam em Linhares, Cachoeiro e  Alfredo Chaves foram inundadas. Elas abrigam os bancos de espermatoplasma de banana e de pimenta-do-reino, sendo este segundo é o maior da América Latina. Além disso, 17 bovinos que eram utilizados nas aulas de inseminação artificial em gado morreram ou estão desaparecidos.

Produção de tomate foi inundada em Santa Maria do Jetibá. (Débora Tesch)

De acordo com o diretor-presidente do Incaper, Antonio Carlos Machado, neste primeiro momento foi realizado o levantamento dos prejuízos para ajudar os produtores que precisarão contratar empréstimos ou renegociar suas dívidas nos bancos por conta dos prejuízos causados pelas chuvas."Na próxima semana haverá uma grande reunião com as pastas do governo ligadas a agricultura, além das federações e bancos para serem propostas formas de auxílios a esses agricultores e pecuaristas impactados", conta.

Ainda segundo Machado, é muito importante chegar nas comunidades isoladas que foram atingidas pela chuva. Muitas dessas localidades tiveram todas as estradas e pontes destruídas pela ferocidade da água.

Armazém de grãos de café, em Iúna, foi inundado durante as chuvas que castigaram o Estado (Fernando Madeira)

AGROINDÚSTRIAS DO ES TIVERAM MAIS DE R$ 1,6 MILHÃO DE PREJUÍZO

De acordo com o levantamento do Incaper, as agroindústrias capixabas tiveram perdas que ultrapassam os R$ 1,6 milhão. Em Iúna, por exemplo, uma corretora que trabalha com a compra, armazenagem e venda de café seco registrou perda de 20% das sacas de café estocadas devido à inundação do galpão onde os grãos ficam guardados.

"Tinha mais de 40 mil sacas de cafés armazenadas na sexta feira (17). A água chegou a 80 cm e atingiu as sacas de que estavam em contato com o chão. Os grãos perderam qualidade porque foram umedecidos. Além disso, parte de uma parede estourou e ela quase que caiu por inteiro", comentou Igor de Almeida Amorim, proprietário da Teba corretora.

Para não jogar fora as sacas molhadas, elas estão sendo secas, porém não poderão ser consumidas. "Temos esse galpão há vinte anos e nunca tínhamos visto algo assim acontecer", disse.

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