O município de Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo, é mais uma vez o maior produtor de ovos do país e não é à toa. Os números envolvendo a atividade são impressionantes. São criadas 16,4 milhões de galinhas e 3,7 milhões de codornas e produzidos, por ano, 361,3 milhões de dúzias de ovos de galinha e 77 milhões de dúzias de ovos de codorna.
Segundo o subsecretário de Agropecuária do município, Altemar Fardin, o aumento da produção se deve, principalmente, ao fato dos produtores terem expandido as suas criações nos últimos anos. Além disso, a adoção de novas tecnologias, como melhoria da alimentação e do sistema de produção, vem aumentando a produtividade das aves.
De acordo com dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM 2019), do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), último disponível, Santa Maria de Jetibá produz sozinha o equivalente a 24,43% da produção nacional de ovos de codorna do país e 7,82% da de ovos de galinha.
Ainda segundo o IBGE, aproximadamente 2,5 mil propriedades rurais de Santa Maria criam galinhas. Um desses produtores é Érguene Foesch, 44 anos. A criação de aves para postura é uma atividade que veio de família.
Na década de 1970, na comunidade de São Sebastião de Belém, a quatro quilômetros da sede do município, o pai de Érguene começou a produção com poucos animais. Ao longo do tempo, foi ampliando e, atualmente, a propriedade tem 11 mil aves divididas em quatro galpões. Por semana, recolhe uma média de 4,5 mil dúzias de ovos.
"Eu sozinho trabalho na propriedade. Às vezes, tenho a ajuda dos meus pais também. Eu assumi a produção em 1996 com a ajuda do meu pai. Fazemos parte da Coopeavi há mais de 50 anos e os ovos são comercializados com a marca da cooperativa", conta.
Outro produtor do município é Jediner Delpupo da Cunha, 37 anos. O sítio dele está localizado em Rio das Pedras. Lá, as galinhas são criadas de uma maneira diferente da tradicional, que é em confinamento. As aves produzem no sistema caipira, ficam soltas em um amplo galpão, até por volta do meio-dia, quando param de botar. Depois desse horário, saem para um quintal onde podem ciscar e tomar sol à vontade.
"Estou na avicultura há quatro anos. Sou formado em Comércio Exterior e minha esposa é nutricionista. Há cinco anos decidimos sair da cidade, morávamos em Vitória, compramos um sítio em Santa Maria e iniciamos a produção", lembra.
De acordo com ele, a criação que começou com 800 galinhas hoje já tem 7 mil aves, que produzem, em média, 450 dúzias de ovos por dia. "Hoje, tenho três funcionários, mas eu participo de todas as etapas da criação", comenta.
Atualmente, a produção é comercializada em alguns supermercados no Rio de Janeiro e na Grande Vitoria. "No próximo ano, pretendo fazer mais um galpão, chegando a 10 mil aves. Vai depender de como estará a economia", explica.
Santa Maria tem atualmente o maior valor de produção de produtos de origem animal dentre todos os municípios do país: R$ 1,1 bilhão. De acordo com dados do IBGE, desse total, 92,5% foram provenientes da venda de ovos de galinha. O município é ainda o principal produtor de ovos de galinha do Brasil.
A produção de ovos é tão representativa para a economia do município que a cidade tem dois monumentos de galinhas, uma delas de 3,30 metros de altura. A mais nova foi instalada neste ano pela prefeitura e a outra, instalada em 2018 por produtores locais.
O maior desafio atual para os produtores é o preço do milho e da soja, principais alimentos das aves. O problema é ainda maior para os pequenos produtores, que acabam tendo menor margem de negociação com os fornecedores.
O gerente executivo de Aves e Bovinos da Coopeavi, Luis Carlos Brandt, explica que, no caso da soja, as exportações deste ano, no acumulado de 12 meses, foram 31,7% maiores do que no mesmo período do ano passado. Sendo que a maior exportação se concentrou entre os meses de março e agosto. "Automaticamente, se essa soja não fica no país para virar farelo, a situação acaba reduzindo a oferta interna do produto e elevando os preços", comenta.
Já no caso do milho, com a alta do dólar e o aumento da demanda interna pelo grão, também houve uma elevação nos preços. "Esse impacto começa a inviabilizar os criadores de animais. Neste ano, teve saca de milho que chegou a R$ 80. Esses aumentos têm tirado o sono dos produtores de ovos. A safra de verão só vai acontecer no início do ano que vem, o que contribui ainda mais para a manutenção dos altos preços", explica Brandt.
O gerente executivo da cooperativa ainda lembra que, em conjunto com a Associação de Avicultura do Espírito Santo (Aves), foram ofertados cursos on-line para os produtores. Entre os temas estavam a compra de insumos a curto e médio prazo. "Não conseguimos comprar insumos mais baratos ou vender o produto mais caro do que o mercado aceita. Porém, conseguimos informar e dar suporte ao produtor", diz.
Até o final deste ano, o município de Santa Maria de Jetibá deve ganhar um silo para o armazenamento de quase 500 toneladas de milho. De acordo com o subsecretário de Agropecuária do município, Altemar Fardin, a obra no valor aproximado de R$ 374 mil já está sendo feita e agora está na fase de drenagem do terreno e montagem.
Ainda de acordo com Fardin, nos próximos anos, a prefeitura ainda vai construir mais um silo e uma fábrica de ração animal para ajudar os produtores. Ao todo, os dois silos armazenarão 1.032 toneladas de milho.
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