A dificuldade para obter mão de obra local para a colheita do café no Espírito Santo, além de poder atrasar o processo, faz com que produtores capixabas busquem contratações de fora do estado, muitas vezes sem referências a respeito do novo funcionário, o que acende o alerta também sobre a segurança da comunidade.
O Espírito Santo tem a maior área de cultivo de café conilon do Brasil. Segundo a Superintendência Regional do Trabalho no Espírito Santo, para a safra de 2022 são esperados de 24 a 30 mil trabalhadores de fora do Estado, para uma produção total de 11 milhões e 600 mil sacas neste ano, de acordo com estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O produtor cafeeiro Douglas Peruch, de Linhares, no Norte do ES, espera que a próxima colheita ocorra ainda neste mês de maio. Algumas das etapas serão mecanizadas, mas boa parte ainda precisa ser manual. A escassez de mão de obra local geral a necessidade das contratações de fora.
“Já é costume nosso, todo ano, trazer amigos ou parentes de funcionários que estão em Alagoas, fica melhor para gente. Essa harmonia tem funcionado”, disse Douglas.
Na hora de contratar pessoas de outros estados, a dificuldade encontrada pelos donos de fazenda é saber se o trabalhador não tem antecedentes criminais e se está com o nome regularizado, para evitar problemas futuros.
O presidente do Sindicato Rural de Linhares, Antônio Robert Bourguignon, explica que o sistema do sindicato possibilita que os produtores realizem de forma anônima a checagem de novos funcionários.
“Digamos que ele não queira se expor, ele pode nos procurar. O sindicato, como entidade, vai juntar os dados dos contratados e se certificar com a polícia, assim o produtor fica totalmente anônimo, sem ser notado por ninguém”, diz.
O delegado da Polícia Civil em Linhares, Fabrício Lucindo, pede para que os agricultores capixabas fiquem atentos e procurem as autoridades para se certificar a respeito de quem estão levando para dentro das propriedades.
“Sempre oriento os produtores rurais para que peguem cópia pelo menos da identidade da pessoa que está contratando. Depois disso, se quiser fazer um trabalho de consulta junto à Polícia Civil, pode nos procurar. Temos todo o interesse de atender o produtor rural”, afirmou o delegado.
A falta de um documento de identificação oficial pode dificultar até mesmo futuras investigações da polícia, caso sejam necessárias, por isso a atenção a esse monitoramento deve ser reforçada.
“Muitos casos de roubos, furtos, homicídios, estupros e outros crimes, quando a investigação inicia, nós procuramos saber onde o suspeito trabalhou, vamos ao local, mas o produtor rural não tem documento nenhum do ex-funcionário. É importantíssimo ter o nome da pessoa que está sendo contratada”, salientou Fabrício.
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