O Espírito Santo se destaca como um dos principais polos da avicultura nacional, com um setor que combina tradição, inovação e um crescente compromisso com o bem-estar animal. A produção de ovos, em particular, coloca o Estado entre os três maiores do país, com um volume estimado em 17 milhões de unidades por dia.
A avicultura capixaba tem acompanhado os avanços tecnológicos e genéticos e as demandas do mercado consumidor, investindo, também, em práticas de manejo nutricional, que priorizam a liberdade do animal, no modelo cage free. A preocupação com o conforto, a saúde e a segurança das aves tem se intensificado devido aos consumidores cada vez mais exigentes em relação à origem e às condições de produção dos alimentos.
A criação de aves livres, embora ainda represente uma pequena parcela do mercado, vem crescendo significativamente. Essa tendência é impulsionada pela busca por produtos mais saudáveis e sustentáveis. No entanto, a transição para sistemas de produção mais complexos exige investimentos em infraestrutura, mão de obra especializada e certificações, o que impacta diretamente os custos e o preço final ao cliente.
A preocupação em como um animal está lidando com as condições em que vive tem crescido nos últimos anos, de acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli. A atenção é voltada para critérios como conforto, nutrição, segurança e prevenção de doenças.
“Os consumidores hoje querem o bem-estar animal. O reflexo do crescimento desse mercado também é sentido no restante do Brasil. Por isso, temos cada vez mais uma parte dos avicultores trabalhando nesse sentido”, destaca.
A Associação dos Avicultores do Espírito Santo (Aves) estima que a produção de aves livres contemple 4% da população de galinhas do Estado. “O produtor está atendendo a um nicho de mercado. Ao contemplar ao desejo do consumidor, enxerga a oportunidade de comercializar um produto com maior valor agregado”, pontua o diretor-executivo da instituição, Nélio Hand.
O manejo sanitário, que envolve medidas que impedem a agressão do organismo das aves por meio de planos de manutenção e saúde, é um dos pontos de atenção no sistema alternativo de produção. Os cuidados compreendem uma série de ações para estabelecer um nível de segurança para o consumidor.
“A ave precisa estar protegida. No sistema de confinamento, o galpão é telado e as aves não têm contato com animais externos. No trabalho com a produção de aves soltas, o produtor precisa garantir que as questões sanitárias estejam de acordo com as normas”, ressalta.
Para providenciar o cumprimento das regras exigidas, os custos são naturalmente maiores com a logística, espaço e estrutura de produção.
“Passar de uma área de 100 metros quadrados no sistema de confinamento para uma de mil metros quadrados para a criação de aves livres exige um grande investimento do produtor. Com certeza, a mudança vai influenciar no preço repassado ao cliente final”, expõe Hand.
O produtor Jediner Delpupo, que implantou o sistema recentemente na propriedade dele, argumenta que a produção adequa-se à necessidade dos consumidores. “Demanda mais mão de obra e mais espaço, além de ter a certificação, e isso está diretamente ligado ao desejo do mercado”, constata.
No local, vivem cerca de 12.500 aves livres das gaiolas. O plano do empresário é mais do que dobrar esse número. O produtor acredita que essa demanda vem se mostrando cada vez mais presente nos últimos anos.
O secretário Enio Bergoli confirma que a tendência veio para ficar e já abrange outros setores de produção. “Não vale só para aves. Nós já temos no Espírito Santo a produção da pecuária de leite, por exemplo, com um sistema em que há ventiladores e música para os animais, que não ficam confinados e amarrados. Eu vejo isso com bons olhos. À medida que o interesse passa a ser crescente, os produtores se adequam para satisfazer os hábitos do comprador”, enfatiza.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta