Caso os países não atinjam os objetivos firmados de diminuir emissões de poluentes e não evitem o aumento da temperatura global em 1,5ºC nos próximos anos, a produção de alimentos deve ser drasticamente afetada. Em consonância com a agenda ambiental mundial, o Brasil tem tomado iniciativas na economia verde, mas acaba sendo ofuscado pela imagem que passa ao exterior de país desmatador.
Essa é a avaliação do chefe da assessoria de relações internacionais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Marcelo Augusto Morandi, durante a palestra "Agronegócio sustentável: combinando produtividade e práticas ESG", realizada na tarde desta quinta-feira (17), no TecnoAgro 2023, maior evento de capacitação, com foco em tecnologia e inovação do agronegócio do Espírito Santo, que segue até esta sexta (18) em Linhares, Norte do Estado.
“Quanto mais a gente aumentar a temperatura, maior vai ser o impacto negativo na agricultura”, sentenciou. “Precisamos nos adaptar às mudanças climáticas e criar mecanismos que façam culturas mais fortes para resistir”, avaliou.
Ao citar os possíveis prejuízos do aumento na temperatura para a agricultura, Marcelo Augusto Morandi não desconsidera o papel que o próprio agronegócio tem no meio ambiente.
“A agricultura é uma forte fonte de emissão ao mesmo tempo que é uma vítima, porque é extremamente vulnerável às mudanças climáticas. O risco climático é o risco de investimento. Não é só uma questão ideológica ou de pensamento, é onde eu aposto e aloco recursos em meio a essas mudanças”, continuou.
O chefe da assessoria da Embrapa avaliou que muitos elementos da nova economia já foram incorporados pelo setor produtivo brasileiro. Ele cita como exemplo o Código Florestal, que é a expansão planejada e inteligente da agricultura, além de inovações no uso de carbono e remuneração por serviços prestados ao meio ambiente.
“O Código Florestal é um patrimônio que temos e precisamos saber utilizá-lo. Ele não garante que tenhamos a agricultura mais sustentável por si só. Temos essas oportunidades, mas o desmatamento é a nossa grande mazela”, refletiu.
“Não adianta chegar em qualquer parte do mundo e falar que temos o Código Florestal, que produzimos soja com baixas emissões. Mas e o desmatamento? O agro paga essa conta por ação ou por omissão”.
Marcelo Augusto Morandi finalizou a palestra afirmando que o Brasil tem uma grande oportunidade na economia verde, mas precisa resolver o “problema de casa”, que é o desmatamento. “Temos que construir uma agenda Brasil de longo prazo”, frisou ao destacar a frase “Sustentabilidade é uma jornada, não um episódio”, da professora Tensie Whelan.
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