Você sabia que a baunilha é considerada a “rainha das especiarias”? Seu uso na gastronomia e nas indústrias farmacêutica e de perfumes faz dela uma planta cada vez mais valorizada no mercado nacional e internacional, segundo informações do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
De acordo com o engenheiro-agrônomo José Arcanjo Nunes, doutor em Produção Vegetal, a baunilha é o segundo produto agrícola de maior preço no mercado mundial, ficando atrás apenas do açafrão produzido na Espanha. Por esses motivos, a especiaria tem despertado, de forma crescente, o interesse dos agricultores em produzi-la em terras capixabas.
“Há um grande interesse de produtores rurais e agricultores familiares no conhecimento sobre a cultura da baunilha. Isso tem levado alguns a iniciarem o cultivo. Normalmente começam com algumas plantas, mas, assim que já dominam as técnicas de cultivo, aumentam as áreas de plantio”, comenta.
“Em 2022, a Prefeitura de Muqui, a empresa Inovar e o Incaper realizaram o primeiro Encontro de Produtores de Baunilha do Estado do Espírito Santo. Esse encontro despertou o interesse de várias pessoas em procurar informações sobre a cultura da baunilha e principalmente a disponibilidade de mudas no Estado”, completa.
A produção capixaba acontece principalmente em Muqui, no Sul do Estado, e São Mateus, na Região Norte. Porém, novos plantios estão sendo feitos em Guarapari, Santa Leopoldina e Aracruz. “A produção ainda é pequena. O Estado é abastecido com baunilha vinda da Bahia e Madagascar, via Europa. Mas a perspectiva é que dentro de alguns anos tenhamos produção própria para abastecer o Espírito Santo”, diz José Arcanjo, que é consultor da Prefeitura de Muqui e da Inovar.
Um dos pioneiros na produção de baunilha no Espírito Santo é Claudio Cozer, dono da propriedade Cachoeira do Cravo, em São Mateus. Há seis anos ele planta a espécie Vanilla planifolia, a mais cultivada no mundo, e há quatro começou a vender o produto. “Neste primeiro momento, estamos trabalhando com as grandes docerias, sorveterias e restaurantes aqui no Brasil. Já temos um pequeno lote que foi para a França. O problema é o mundo entender que ‘sim, nós temos baunilha’. É um trabalho que estamos garimpando com negócios em andamento”, afirma.
Além da França, a baunilha capixaba ainda tem como principais mercados Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha. Mas, apesar da ascensão da especiaria aqui no Estado, ainda há desafios.
Para o produtor, por exemplo, o maior deles foi preparar a baunilha para venda (fazer a cura). “Não tínhamos literatura nem experiência com resultados satisfatórios no Brasil, trata-se de um produto novo”, conta. “Outra dificuldade é a falta de mão de obra na agricultura, pois a cultura da baunilha é extremamente detalhista”, complementa.
Levar conhecimento para os produtores é, de fato, um desafio para o segmento, assim como a implementação de inovações. “Estamos trabalhando para que os interessados no cultivo da baunilha tenham as informações corretas para o sucesso na produção. O incentivo é para que o cultivo seja feito em ambiente natural, junto das espécies de árvores mais apropriadas para o desenvolvimento das plantas. Outra questão são os cuidados com o processo de cura das vagens de baunilha. A técnica tem que ser bem realizada para se ter vagens de excelente qualidade”, explica José Arcanjo.
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