A produção de frutas cítricas no Espírito Santo entrou em estado de alerta devido a uma praga que já atinge estados vizinhos. Chamada de greening, a doença não tem cura e está sendo transmitida sobretudo de forma ilegal, com a venda de mudas infectadas. Uma vez contaminados, os pés precisam ser cortados antes que o problema se espalhe.
O engenheiro-agrônomo e pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Dimmy Barbosa, explicou que a doença tem como origem uma bactéria, transmitida pelo inseto psilídeo-asiático-dos-citros. De acordo com ele, as principais frutas afetadas são limões, laranjas e mexericas, que apresentam ramos amarelos e diminuem de tamanho, tornando-se impróprias para o consumo.
Segundo o pesquisador, a praga se tornou responsável pela destruição de grandes pomares na Flórida, nos Estados Unidos, e também no Brasil. No País, já há registros em Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná e São Paulo, onde as plantações estão quase dizimadas.
"E como surge o problema? Já que a produção começou a reduzir em São Paulo, principalmente da laranja de mesa, virou uma grande oportunidade para os nossos produtores. Eles estão querendo fortalecer esse mercado. Aí vão buscar mudas por um valor bem menor e acabam comprando em viveiros clandestinos, que não são fiscalizados pelo Ministério da Agricultura. Normalmente, são ambulantes que comercializam mudas de diferentes fruteiros na cidade ou que fazem parcerias com produtores rurais para eles ajudarem na comercialização. Assim, conseguem fugir da fiscalização", pontuou.
O pesquisador cita o município mineiro de Dona Euzébia, por exemplo, como uma das principais rotas para o comércio clandestino no Estado. "Essas mudas infectadas adentram o Espírito Santo principalmente pelas estradas. Só que a doença foi identificada há pouco tempo em Minas Gerais. Ainda é pouco falado, o que atrapalha na identificação do problema", destaca.
Para Dimmy Barbosa, a doença só será prevenida com a ajuda do poder público e com a conscientização dos produtores capixabas. "Temos que alertar os produtores para que comprem mudas só de viveiros certificados, e também para que os órgãos de defesa façam as devidas fiscalizações".
Procurada para comentar sobre as ações de combate, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) afirmou que executa atividades voltadas à prevenção de introdução de novas pragas agrícolas como o Greening e Cancro Cítrico.
O órgão citou, por exemplo, um levantamento para a detecção da ocorrência das pragas em lavouras, além do cadastramento e monitoramento das Unidades de Produção (lavouras) e Unidades de Consolidação (beneficiadora, processadora ou embaladora) de plantas, partes vegetais ou produtos de origem vegetal.
Destacou ainda que faz o controle da emissão do documento que embasa a certificação fitossanitária de origem – o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) – para as Unidades de Produção, e o Certificado Fitossanitário de Origem Consolidado (CFOC) para as Unidades de Consolidação.
Ainda segundo o Idaf, o produtor que deseja adquirir mudas, precisa procurar viveiros registrados, acompanhados por um responsável técnico que ateste a origem do seu material vegetal. A venda e a aquisição de produtos clandestinos e irregulares é passível de responsabilização perante a lei vigente.
O instituto pediu também para que as pessoas denunciem irregularidades, como viveiros e vendedores em situação de clandestinidade, já que eles representam um perigo para a sanidade vegetal do Estado.
De acordo com o diretor técnico do Idaf, Janil Ferreira da Fonseca, os fiscais do instituto realizam inspeções em lavouras de citros em todo o Estado. Em cada fiscalização, os agentes avaliam as condições das plantas, a presença de sinais de doenças, questionam a origem das mudas que formaram a lavoura e emitem termos de inspeção, para constatar a conformidade das lavouras de acordo com a legislação vigente.
“O Idaf também conta com equipes atuando na fiscalização das barreiras sanitárias, localizadas nas divisas estaduais e por equipes volantes, para controle da entrada de cargas, através da análise de documentos fiscais e de controle fitossanitário, como a Permissão de Trânsito Vegetal (PTV). Cargas em situação irregular são rechaçadas ou apreendidas para destruição. A atuação dessas equipes é fundamental para evitar a entrada dessas doenças em nosso estado”, disse o diretor técnico.
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