A pandemia do novo coronavírus tem afetado o comportamento e a economia da sociedade e do setor produtivo, principalmente em grandes centros. No entanto, mesmo com o maior número de casos de pessoas infectadas sendo registrado em regiões metropolitanas, o vírus não deixa de preocupar quem está no interior e em atividades de pouco contato com o público, como é o caso dos produtores de leite.
No Espírito Santo, a atividade da pecuária leiteira é praticada em vários municípios e a rotina dos produtores precisou ser readequada para evitar ao máximo que a nova doença chegue às propriedades. Em Atílio Vivácqua, na Região Sul do Estado, o produtor Ronaldo Guima explica que as práticas de higiene já recebem bastante atenção durante toda a ordenha do leite, mas que o cuidado foi redobrado por conta da Covid-19.
A gente fica preocupado porque é um vírus e a gente não vê, por isso preocupa mais. Mas como o leite é um alimento, então já tem que ter muita higiene. A cooperativa já pedia para a gente ter muito cuidado por causa da qualidade do leite, e agora com o coronavírus a gente aumentou ainda mais a higiene para prevenir também, diz o produtor.
Ronaldo conta ainda que, para manter tudo limpo, ele utiliza muita água e vários tipos de produtos, inclusive desinfetantes, na limpeza do curral e dos equipamentos utilizados. Eu jogo cal virgem no chão, onde o gado passa, para matar a bactéria, e a gente tem o tanque para lavar as mãos e a ordenha. Aqui, se sujou tem que lavar. Para lavar a ordenha, tem dois produtos, um alcalino, usado todo dia, e um ácido, utilizado umas duas vezes por semana. E eu gosto de dar uma enxaguada com cloro também, além de lavar o tanque com detergente, explica.
Outro fator que merece atenção do produtor é a entrega do leite para a indústria de beneficiamento. No caso da produção do Ronaldo, todo o leite, cerca de 220 litros por dia, vai para uma cooperativa de laticínio de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, que busca o produto dentro da propriedade.
O presidente da cooperativa, Leonardo Monteiro, fala que essa coleta do leite também teve seus cuidados intensificados a fim de evitar a proliferação do coronavírus nas propriedades rurais. Nossos motoristas estão com mais cuidados na hora de coletar o leite no campo, para não levar problema ao produtor. Seguindo as normas do Ministério de Saúde, todos os nossos caminhoneiros estão de máscaras e fazendo uso de álcool em gel, conta.
Na cooperativa, algumas medidas também foram tomadas como forma de prevenir contra a Covid-19. Na recepção da empresa, por exemplo, todos os veículos passam por uma desinfecção e os motoristas têm a temperatura corporal aferida.
Já temos um grande controle de qualidade na recepção e no processamento do leite na nossa fábrica. Seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), as medidas de combate ao novo coronavírus foram adotadas, declara Leonardo.
O presidente da cooperativa afirma ainda que além do uso de máscara e álcool em gel por todos os colaboradores, cerca de 70 funcionários estão em casa, incluindo idosos com mais de 60 anos, gestantes e outros que também estão em grupo de risco. Todos com faltas abonadas.
A mudança no comportamento da sociedade e as restrições de funcionamento do comércio afetaram também a receita da cooperativa de leites e derivados. Leonardo Monteiro avalia que o fato das pessoas se alimentarem menos fora de casa provocou uma redução na procura dos produtos de maior valor agregado, que são os derivados, muito utilizados por estabelecimentos comerciais.
Com a pandemia tivemos sim uma queda de receita, porque a população não está saindo de casa. Com isso, diminuímos também a fabricação desses produtos de maior valor agregado. A sorte é que a cooperativa é consolidada no mercado, e temos leite em pó e leite UHT (Longa Vida), que está suprindo essa queda na venda dos produtos de maior valor agregado no mercado, relata.
Com informações de Mônica Camolesi/TV Gazeta Sul
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