A safra de café conilon deste ano no Espírito Santo deve ser menor que a de 2019. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa é que a produção dos grãos capixabas seja 11,4% inferior que a do ano passado. O excesso de calor, a falta de chuva, a descapitalização dos produtores e o preço baixo influenciaram na redução da expectativa da colheita.
O Espírito Santo, é o principal produtor de café conilon do país, responsável por 66% dos grãos nacionais. A expectativa para este ano é que o Estado colha 564,5 mil toneladas das 852,0 mil toneladas de todo o país.
De acordo com o coordenador de café do Incaper, Abraão Carlos Verdin Filho, uma série de fatores levaram a queda na produção projetada para este ano. "Tivemos três anos, entre 2015 e 2017, de seca extrema e com produção em queda. Isso trouxe muitos prejuízos para as lavouras capixabas. Os produtores ficaram descapitalizados e com dívidas. Tudo isso levou o agricultor a não fazer grandes investimentos no plantio, como compra de adubo e melhorias", conta.
Ainda segundo o especialista em cafeicultura, a safra 2019 foi relativamente boa, porém, em janeiro ocorreu uma seca extrema. "As plantas se desenvolvem e crescem entre os meses de outubro a janeiro, o que não aconteceu devido à falta de água. Além disso, ocorreu uma elevação nas temperaturas, o que resultou, em alguns casos, na torra dos grãos no pé", explicou.
Logo após esse período ocorre a florada do café entre julho e setembro. Mas, neste momento ocorreu um vento fortíssimo no Norte do Estado, principal área de plantio do conilon, que derrubou muitas flores de café. "Cerca de 30 a 40 dias depois quando os grãos estavam crescendo veio outra ventania forte e derrubou parte dos frutos. O que resultou em mais perdas", lembra.
Segundo Verdin, atualmente a região vive um surto relativamente médio em relação a broca do café. A temperatura alta e da umidade relativa elevada favoreceram a proliferação da infestação. A broca no café faz com que o grão perda valor de venda e qualidade de bebida.
Nos últimos dois anos a cafeicultura vem enfrentando uma crise de preços, o que fez muitos produtores deixarem de investir nas lavouras. "Em muitos casos o valor de produção é maior que o de venda. O dólar disparou e com ele o preço dos insumos usados nas plantas. Tudo isso vem causando problema para os produtores", comenta Verdin.
Apesar da queda na colheita do conion, em geral, o desempenho da produção de cafés em 2020 no Estado será apenas 3% menor do que em 2019. Isso porque o arábica está em um ano de bienalidade positiva, ou seja, ano em que as plantas estão recuperadas fisiologicamente, uma vez que a produção do ano anterior foi menor.
Neste ano, a safra de arábica será 33% maior do que a do ano anterior. A expectativa é que o Estado colha 202,0 mil toneladas em 2020, enquanto em 2019 a produção foi de 151,3 mil toneladas.
Além disso, de acordo com o IBGE, os preços do produto recuperaram-se a partir do final de 2019, o que deve incentivar os produtores a aumentarem os investimentos em tratos culturais e adubação. "Até o presente momento, não se tem notícias de maiores problemas com o clima nas principais regiões de produção cafeeira do país, o que deve também refletir na produção de 2020", apontou o instituto de pesquisa na sua nota técnica.
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