Há três anos, o plantio de café da família de Danieli Beccalli, 45 anos, que fica em Itarana, Noroeste do Espírito Santo, ganhou novas cores. O local não tem mais apenas as flores brancas do café para perfumar o ambiente. De diferentes formatos e tamanhos, com pétalas coloridas, outras começaram a nascer por ali, ou melhor, a ser cultivadas. Apesar de não ter abandonado a cafeicutura, hoje o carro-chefe desses produtores são as rosas.
O interesse começou quando a Danieli assistiu uma palestra que falava que Itarana tinha solo e clima favorável à produção de flores e de uvas, isso há dez anos atrás. Mas o cultivo só veio bem depois.
Ela e o marido, o agricultor Fábio Covre, 49 anos, começaram com um projeto pequeno, apenas 600 pés de rosa para corte. Hoje, já estão em 2,7 mil e de diversos outros tipos de plantas de ornamentação: rosa do deserto, suculentas e begônias divididas em quatro estufas de flores com 4 mil vasos cada.
Para fazer o negócio crescer, ela, Flávio e o filho mais novo, Daniel Beccalli Covre, 15 anos, foram à procura de apoio e estudo. Buscamos auxílio no Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Além disso, todos os anos vou à Holanda para estudar mais sobre flores e conhecer novas técnicas. Hoje trabalhamos com rosas de corte, folhagens e vasos, conta Danieli.
Para quem vai até a propriedade visitar o campo de flores, a dúzia de rosas sai a R$ 8, mas a produção também é vendida em feiras, para ornamentar casamento e igrejas. A nossa ideia sempre foi trazer um produto que pudéssemos cultivar no município e a um preço acessível para as pessoas. Elas vão à feira comprar frutas e verduras e levam para casa flores também, comenta.
Por metro quadrado, o cultivo de flores é mais vantajosa do que a de café, segundo Danieli. Em uma área de 100 metros quadrados, seria possível plantar entre 100 e 150 pés de café. Nesse mesmo espaço cabem cerca de 800 pés de rosas.
A floricultura capixaba quer conquistar mais espaço dentro do Espírito Santo. Atualmente, a maior parte das flores comercializadas no Estado vem ou de São Paulo, ou do Rio de Janeiro. A ideia é que nos próximos anos a Região Sul e o Caparaó aumentam sua fatia de mercado e forneçam flores até para o norte fluminense.
No projeto inicial desenvolvido pela Associação de Produtores de Plantas Ornamentais da Região Sul e do Caparaó (Sulcaflor) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), 15 produtores receberiam ajuda para implantar casas de vegetação (uma casa de plástico fechada e não climatizada) para plantio de flores em vasos e novas lavouras ao ar livre.
Cíntia dos Santos Bento, professora do Departamento Agronomia da Ufes no campus de Alegre, explica que a Ufes vai entrar com a parte científica, levando pesquisa e treinando os produtores. Nossa ideia geral é melhorar a produção de flores dessas regiões e ajudar aos produtores, comenta.
De acordo com o presidente da Sulcaflor, Clemilson César Barbosa, para tornar a ideia possível é preciso um investimento de R$ 1,5 milhão, o que deve vir por emenda parlamentar e pelo governo do Estado. A construção dos equipamentos, implantação e desenvolvimento do projeto levaria cerca de três anos.
Sobre o projeto, a Secretaria de Estado de Agricultura informou por nota que foi realizada uma discussão técnica para criar um projeto visando a expansão e a produção da floricultura na região associada ao agroturismo e que os trabalhos de elaboração da proposta ainda estão em andamento.
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