Uma das principais atividades do agronegócio capixaba, a produção de cacau deve passar por uma revolução com a criação de um novo mercado que vai aumentar a renda dos produtores e ajudar o meio ambiente. Trata-se de um projeto de inovação inédito que será desenvolvido no Estado para geração de bioenergia a partir da casca do cacau.
O projeto está sendo elaborado pela Chocolates Garoto e deve ser lançado nos próximos meses no Espírito Santo, que produz mais de 10 mil toneladas de cacau por ano. A ideia é comprar do agricultor, além do fruto do cacaueiro, também a casca, que é desperdiçada.
Hoje, os cerca de 3,6 mil produtores capixabas da fruta que dá origem ao chocolate utilizam apenas a amêndoa do cacau para comercialização. Muitos vendem a semente já seca para empresas como a própria Garoto. Já a casca, que é 80% da fruta, é jogada fora no chão pela falta de utilidade.
Quando isso é feito em grandes quantidades, gera impactos para o meio ambiente, sobretudo o solo. Para se ter uma ideia, no Brasil são descartadas cerca de 400 mil toneladas de casca seca por ano.
Segundo o gerente-geral da Garoto, Liberato Milo, essa casca será recolhida e triturada para fazer briquetes, uma lenha ecológica de alto poder de geração de bioenergia.
No caso do briquete de cacau, o executivo explica que seu potencial energético é superior ao carvão. Esse briquete emite o dobro de calor e combustão que o carvão quando queimado, explica.
A empresa vai instalar máquinas em Linhares, maior cidade produtora de cacau no Estado, para recolher as cascas e fazer essa lenha. O grande objetivo é trazer mais renda para o pequeno produtor.
Será uma economia verde fechada em que vamos recolher isso, triturar e encontrar a venda do briquete, e que terá como maior beneficiado o pequeno produtor, já que isso será uma fonte de renda, porque hoje ele só vende a semente do cacau, diz Milo.
Reuniões já estão sendo feitas com o governo do Estado, que vai montar grupos de trabalho para viabilizar o projeto; bem como com o Sistema Findes, para encontrar os pequenos produtores que serão beneficiados.
A empresa lançou recentemente um programa para capacitar produtores no Estado. Os escolhidos recebem capacitação para produzir um cacau de melhor qualidade e uma gratificação de R$ 100 por tonelada de amêndoas comercializadas.
Se até hoje o cacau servia basicamente para a produção de chocolate, através da amêndoa, as novas possibilidades de beneficiamento da casca vão permitir que os produtores comercializem o fruto para abastecer indústrias com bioenergia, produzir fertilizantes e até criar aromatizantes de ambientes.
Tudo vai ser negócio e oportunidade para o produtor, afirma o gerente-geral da Garoto, Liberato Milo. Além da semente do cacau, a ideia do projeto é recolher também a casca - que hoje é descartada - para produzir uma lenha que poderá servir de fonte de energia para indústrias.
Temos que ver que indústrias usam esse tipo de combustão. Estamos fazendo reuniões com a Findes sobre a venda do briquete. Penso que indústrias que usam carvão podem usar isso, diz.
Além de energia, a queima da lenha tem outros subprodutos. Elas são muito altas em potássio, quando você queima esse briquete fica um pó que você joga na terra e é um fertilizante natural para fazer crescer melhor as plantas, verduras e frutas.
E tem outra coisa: quando você queima esse briquete, ele gera um cheiro aromatizado muito bom. Tem, por exemplo, pizzarias em São Paulo que usam um tipo de briquete para dar esse aroma. Tudo negócio, adianta.
A ideia de reaproveitar a casca do cacau nasceu da sugestão de um grupo de jovens funcionários da Garoto que ganharam um concurso interno de inovação com a proposta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta