O avanço da seca no Espírito Santo tem preocupado moradores e agricultores. Segundo especialistas, a situação de fato é crítica em algumas regiões do Estado, sendo pior no Norte e Noroeste capixaba, com destaque para o Rio Doce, que está bem seco. Já no Sul do Estado o cenário começa a se tornar preocupante.
Em entrevista do Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, nesta quarta-feira (6), especialistas fizeram um retrato de como está cada região. Na avaliação do presidente do Comitê da Bacia do Rio Itapemirim, Paulo Breda, os 17 municípios que dependem desses recursos ainda não tiveram problemas de desabastecimento e a vazão, até o momento, é considerada boa.
"O que a gente tem é uma demanda maior de empresas para a diluição de efluentes. A vazão está em uma média boa. Hoje, em Cachoeiro, de 20 a 30 metros cúbicos", frisa. Mesmo com uma média considerada boa, a situação já preocupa.
De acordo com o vice-presidente da Federação de Agricultura do Espírito Santo, Wesley Mendes, o momento ainda não é desesperador, mas qualquer lembrança de seca, como a ocorrida no período de 2014 a 2017, deixa os agricultores apavorados.
Mendes ressalta ainda que a cidade de Colatina, no Noroeste capixaba, apresenta uma das piores realidades. Ele afirma que o município recebeu menos de 500 milímetros de chuva e que alguns rios já não chegam mais à foz.
Na perspectiva de Mendes, se não chover nos próximos 30 dias, a situação dos rios tende a se agravar. No pior cenário está o Rio Doce, que está bem seco e com vários bancos de areia.
Com a seca avançando, moradores e produtores rurais têm receio de que as cidades capixabas possam sofrer com o desabastecimento. Mendes relembra que a Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) já emitiu um alerta de atenção, orientando os agricultores que usem o período noturno para a irrigação de lavouras, para que haja menos uso de água.
"A gente imagina que as cidades devem ter feito seu dever de casa, assim como Estados e governos devem ter feito seu dever de casa, fazendo reservatórios hídricos, esperamos que sim", salienta.
O presidente do Comitê de Bacias hidrográficas do Rio Santa Maria, Tarcísio Föeger, também descarta a possibilidade de desabastecimento neste momento e afirma que são necessárias políticas para evitar o desperdício nesse período mais seco.
"A gente tem um Estado que diminuiu a vazão do rio, é natural essa redução do volume de chuvas na região Sudeste e para compensar isso a gente precisa de políticas públicas que visem recuperar áreas com cobertura vegetal, rever a vazão hídrica, porque todos nós sabemos que existe uma época mais seca no Espírito Santo. Já estamos no mês de outubro, naturalmente, em novembro, você tem todo um retorno dos volumes de chuva na Região Sudeste e a perspectiva de um volume de chuvas maior na segunda quinzena deste mês".
Diante da recomendação de irrigar as lavouras à noite, o agricultor familiar e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Maria de Jetibá, Egnaldo Andreatta, questiona a medida e ressalta a rotina dos produtores e o fato de algumas culturas necessitarem de irrigação durante o dia.
"Essa recomendação que a Agerh emitiu é difícil de implantar, no geral, para todos os agricultores, por vários fatores. Um deles, primeiramente, é a lida do dia, que na roça já é pesada. A pessoa já chega no fim do dia cansada e ainda tem que entrar pela noite trabalhando. Dependendo da quantidade de produtos que ele colhe, não vai conseguir fazer tudo. A outra situação que, para nós de Santa Maria, é a mais importante, é que muitos produtos não conseguem ser produzidos sem a irrigação durante o dia", explica.
* Com informações da TV Gazeta
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