O policiamento está sendo reforçado nas áreas rurais do Espírito Santo por causa da época da colheita de café. Por ser um período de maior movimentação de dinheiro e de pessoas nas lavouras, o risco e a quantidade de crimes aumentam. Para auxiliar na segurança, a Polícia Militar realiza a Operação Colheita, que acontece em 72 dos 78 municípios do Estado.
Durante todo o ano, a Polícia Militar capixaba já atua em áreas de lavouras com a patrulha rural. Mas na época da colheita, as ações são reforçadas por meio da operação, que começou em maio e vai até o dia 30 de novembro. Um investimento do Estado de mais de R$ 5 milhões para o pagamento de escalas extras aos policiais que atuam em ações como blitz e fiscalizações.
Segundo o balanço inicial da Polícia Militar, a Operação Colheita já prendeu 24 pessoas em flagrante, apreendeu dois menores e prendeu outras 6 pessoas por mandado judicial. No período, foram realizadas 1.465 visitas tranquilizadoras.
No Sul do Estado, por exemplo, o vaivém é intenso. Caminhões saem cheios de grãos das lavouras, secadores funcionam quase 24h por dia e pilhas de sacas de café (produto que é carro-chefe na região) ficam espalhadas pelos galpões. Para a família de Pedro Wagner, que cultiva a espécie conilon em Castelo, essa rotina se repete todo o ano. "A gente fica de 90 a 100 dias trabalhando praticamente direto. Devemos colher umas 6, 7 mil sacas", pontuou Pedro.
Atualmente, a saca do café conilon passa dos R$ 900. Já o café arábica bebida dura passa dos R$ 1 mil. Ou seja, a perda de qualquer saca significa prejuízo para o pequeno produtor. Por isso, proteger a produção de roubos e furtos é de extrema importância para o sucesso da safra. "A gente tenta fazer o máximo possível, coloca câmera, arruma alguém para poder dar um apoio, olhar, e tem a patrulha rural que passa ajudando a gente também", comentou o produtor.
Só no Sul do Espírito Santo, são 8 mil escalas extras para o reforço no policiamento. "A gente faz o policiamento preventivo e visitas tranquilizadoras para os produtores rurais. A gente deixa um telefone de contato, aí eles passam para a Polícia Militar informações de veículos suspeitos, pessoas suspeita, passam nomes para ver o passado dessas pessoas, e nisso a gente acaba encontrando outros tipos de crimes", explicou o sargento Leopoldo.
E existem medidas simples que podem afastar pessoas mal intencionadas. "O café que é colhido de dia, que ele seja levado para o depósito, para o secador, não deixar o café na beira de estrada, que é onde acontece a maior parte dos furtos de café", disse o sargento.
Com ações conjuntas entre produtores e a segurança pública, o grão que é uma das maiores riquezas do Estado vai ficar mais protegida. "O efetivo do Sul do Estado está disponível para atender à Operação Colheita, que visa a atender todos os 22 municípios do Sul, com o objetivo de garantir a paz e a ordem pública na região produtora", reforçou o Comandante do 3º Comando de Polícia Ostensiva, coronel Fabrício da Silva Martins.
As ações também acontecem no Norte. Em Linhares, cerca de 370 policiais militares participam da operação e, no fim de semana, o policiamento é intensificado. A região é a que mais produz café conilon no Brasil. Para este ano, a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a safra passe o valor de 11 milhões de toneladas, e 4 milhões para o café arábica.
A Polícia Militar de Linhares também reforça o policiamento nas cidades vizinhas de Sooretama e Rio Bananal, e só este ano são 357 policiais atuando. Os roubos são os crimes mais comuns nesse período. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) chegou a apreender na BR 101, em Linhares, uma carreta com 30 toneladas de café, avaliada em R$ 600 mil. O produto havia sido roubado em Minas Gerais.
Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego estima que o Estado deve receber até 30 mil trabalhadores vindos principalmente da Bahia e Minas Gerais. Um crescimento de 30% em relação ao ano passado. E um dos principais motivos é o preço pago por saca de café colhido, em média R$ 20.
Antes mesmo da Operação Colheita começar, um produtor rural teve 60 sacas de café, duas motosserras e um caminhão furtados por suspeitos em Boa Esperança, Noroeste do Espírito Santo. O caso aconteceu em abril.
Já durante a operação, uma família de produtores acabou virando refém de criminosos que entraram na casa, quebraram a porta de vidro e renderam o agricultor, a esposa e os dois filhos, de 17 e 9 anos.
Eles também renderam funcionários e roubaram cerca de 100 sacas de café pronto, um prejuízo estimado em R$ 100 mil.
*Com informações do g1 ES
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