Cerca de 28 mil unidades de café torrados e moídos foram apreendidos pela Polícia Civil em supermercados da Grande Vitória com irregularidades, na terça-feira (10), fora de padrões mínimos de qualidade, com misturas de impurezas muito acima dos limites permitidos e com alto teor de umidade.
Diante da operação, A Gazeta questionou para o presidente do Sindicato da Indústria do Café do Espírito Santo (Sincafé), Egídio Malanquini, e para o mestre de torra Jonathan Piazarolo, especialista em café, o que o consumidor deve levar em conta para garantir o consumo de um café de qualidade.
O presidente do Sincafé explica que o consumidor deve buscar o selo de pureza no produto. "Durante a colheita é normal que cascas e paus se misturem aos grãos. Por isso a Anvisa e a Vigilância Sanitária permitem até 1% de impurezas. Outro critério que também é analisado é a umidade, que deve ser de no máximo 5%.”
Os cafés apreendidos continham até 13% de impurezas e estavam com umidade entre 10% e 15%, de acordo com o delegado Eduardo Passamani, da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon).
“Passando da porcentagem permitida pelas normas, o consumidor acaba sendo ludibriado por esse produto. Primeiro porque está consumido um produto de má qualidade, e que pode até estar com a validade reduzida, já que está com uma umidade acima do permitido. Além de pagar por um produto que não é 100% café”, afirma Egídio Malanquini.
Na hora de escolher o produto, os consumidores podem analisar alguns pontos:
A Anvisa e a Vigilância Sanitária permitem até 1% de impurezas. Outro critério que também é analisado é a umidade, que deve ser de no máximo 5%. O mestre de torra Jonathan Piazarolo alerta que quanto mais "forte" ou "extraforte" o café, menos qualidade se costuma ter. Tenha atenção.
Segundo o presidente do Sincafé, os consumidores podem verificar se o café atende esses critérios procurando pelo selo da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) na embalagem. “Esse selo garante que o produto está dentro das normas de qualidade e que a fabricante atende aos critérios de todo o processo de industrialização. As empresas que fazem parte desse selo, têm amostras do café mensalmente analisadas”, explica Egídio Malanquini.
Procure rótulo que indique o nome do produtor, a variedade do café, o tipo de grão, a região de origem, altitude e latitude da plantação, o nome do sítio, o mínimo de rastreabilidade, orienta Jonathan Piazarolo. Rótulos que contenham essas informações ajudam a atestar a qualidade do café.
Segundo Jonathan Piazarolo, apenas a variedade de um ou de outro não vai dizer se o café tem ou não qualidade. Para um café se tornar especial, ele passa por uma série de avaliações e requisitos. O café arábica é mais suave.
No mundo ideal, o melhor seria comprar o café em grãos e moer na hora apenas a quantidade que for tomar. Segundo Jonathan Piazarolo, isso evita impurezas, garante frescor, preserva aroma e sabor do café. "Hoje em dia é fácil encontrar moedores portáteis e acessíveis. Se não tiver em casa, também é possível procurar cafeterias que moem na hora. A experiência é outra", garante.
Apenas a cor mais escura ou o sabor mais adocicado também não são parâmetros de qualidade por si só. O café, assim como o vinho, pode ter diferentes aspectos e notas, sofrendo influências dos tipos de grãos, de onde foram plantados, da forma que são torrados, moídos, entre vários fatores. Jonathan Piazarolo reforça que o importante é saber o café que está tomando, a procedência dele.
Os consumidores também devem se atentar às diferenças gritantes entre os valores no supermercado, segundo o presidente do Sincafé. “Se as marcas tradicionais são vendidas a R$ 8, em média, e um outro café custa R$ 4, é porque tem alguma coisa errada, seja uma data de vencimento próxima ou a qualidade", alerta Egídio Malanquini.
"Opte por uma marca que seja conhecida. Marcas tradicionais já tem uma orientação técnica para estar dentro dos padrões de qualidade", diz o presidente do Sincafé.
Após aberto, é importante manter na embalagem original e tentar tirar o máximo do ar na hora de fechar. Nunca transferir o pó de café para outros potes. Segundo Jonathan Piazarolo, isso ajuda a conservar o sabor e o aroma por mais tempo.
A Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) confirmou os nomes das três marcas que foram identificadas as irregularidades: Tem+, Minete e Campestre.
A ação contou com a participação da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales). Foram fiscalizados estabelecimentos comerciais nos bairros de Gaivotas, Aribiri, Alecrim e Porto Novo, em Vila Velha; Porto de Santana e São Francisco em Cariacica; e Barcelona, na Serra.
O material apreendido ficou em depósito dos supermercados fiscalizados. As empresas produtoras serão investigadas por crime contra relação de consumo.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta