Em estado de alerta por conta da seca, o Espírito Santo decretou, no início de setembro, regras para setores da indústria e agricultura reduzirem o consumo de água. No campo, por exemplo, essa redução deve ser de 20%.
A crise hídrica já tem prejudicado algumas culturas, como a do cacau. O fruto exige mais água que outras plantas e, por isso, mesmo aplicando mais tecnologia nas lavouras, a produtividade não deve crescer em 2024.
É o caso de uma fazenda em Linhares, no Norte do Espírito Santo. A seca reduziu a expectativa de crescimento de produção de cacau esperada para 2024 na Fazenda Nina.
Ao adotar várias práticas de manejo sustentável nos últimos anos, a produção de 2022 para 2023 cresceu 59% e a expectativa para este ano era alcançar mais 25% do número de sacas, o que não deve ocorrer mais.
A fazenda produziu, no ano passado, 400 sacas, o equivalente a 24 toneladas do produto. Com a adoção de uma série de práticas para deixar a produção mais sustentável, a ideia era chegar em 500 sacas, mas o ano deve fechar semelhante a 2023, segundo estimativa da administradora da Fazenda Nina, Françoise Burnier.
“Com a crise hídrica muito grande, como há muito tempo não tem, acredito que não vamos conseguir atingir nossa expectativa de crescimento. Estamos até então com a mesma produção do ano anterior”, conta Françoise.
Técnicas de melhorias do cultivo agrícola e sustentabilidade têm sido utilizadas por propriedades como a Fazenda Nina para aumentar a produtividade. O local é uma das 300 fazendas no Espírito Santo que participam de um programa de cultivo sustentável de iniciativa de uma das maiores fabricantes de chocolate do mundo.
O investimento faz parte do programa da Nestlé, que tem como meta o uso de cacau sustentável em 100% da produção até 2025. E o cacau do Espírito Santo é responsável por cerca de 6% da produção de chocolates da marca, que inclui a Garoto, com fábrica em Vila Velha. O Estado é o terceiro maior produtor do fruto do país, atrás do Bahia e Pará.
Em todo o Espírito Santo, a produção estimada do cacau em 2023 ficou em 12.100 toneladas, número um pouco superior a 2022, quando somou 11 mil toneladas. Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), com a estiagem, a previsão é que o cultivo se mantenha nos números de 2023, mesmo com muitas propriedades tendo adotado práticas voltadas ao aumento da produtividade nos últimos anos.
"Vamos começar agora, entre outubro e dezembro, a entrar na safra principal. Ainda é um pouco cedo para precisar em relação à safra, mas, por enquanto, deve ser equivalente ao ano anterior com a estiagem", detalhou Enio Bergoli, secretário de Agricultura.
De acordo com o secretário, em 2023, o valor bruto da produção agropecuária, que é a venda das amêndoas de cacau, foi mais de R$ 185 milhões, recurso importante para o Espírito Santo. Bergoli frisou ainda que, embora haja produtores grandes e médios de cacau, o último censo apontou que 69% das 2.806 propriedades produtoras eram de agricultura familiar, opção considerada importante para a diversificação de renda.
A reportagem viajou a convite da Nestlé
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