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Seca reduz expectativa de alta na produção de cacau em fazenda no ES

Seca reduz expectativa de alta na produção de cacau em fazenda no ES

Número de fazendas que fazem parte de programa de práticas sustentáveis no cultivo do fruto aumenta, mas estiagem deve impactar a colheita

Publicado em 21 de outubro de 2024 às 14:26

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Produção de cacau na Fazenda Nina, em Linhares
Produção de cacau na Fazenda Nina, em Linhares. (Leticia Orlandi)

Em estado de alerta por conta da seca, o Espírito Santo decretou, no início de setembro, regras para setores da indústria e agricultura reduzirem o consumo de água. No campo, por exemplo, essa redução deve ser de 20%.

A crise hídrica já tem prejudicado algumas culturas, como a do cacau. O fruto exige mais água que outras plantas e, por isso, mesmo aplicando mais tecnologia nas lavouras, a produtividade não deve crescer em 2024.

É o caso de uma fazenda em Linhares, no Norte do Espírito Santo. A seca reduziu a expectativa de crescimento de produção de cacau esperada para 2024 na Fazenda Nina.

Ao adotar várias práticas de manejo sustentável nos últimos anos, a produção de 2022 para 2023 cresceu 59% e a expectativa para este ano era alcançar mais 25% do número de sacas, o que não deve ocorrer mais.

A fazenda produziu, no ano passado, 400 sacas, o equivalente a 24 toneladas do produto. Com a adoção de uma série de práticas para deixar a produção mais sustentável, a ideia era chegar em 500 sacas, mas o ano deve fechar semelhante a 2023, segundo estimativa da administradora da Fazenda Nina, Françoise Burnier. 

Seca reduz expectativa de alta na produção de cacau em fazenda no ES

“Com a crise hídrica muito grande, como há muito tempo não tem, acredito que não vamos conseguir atingir nossa expectativa de crescimento. Estamos até então com a mesma produção do ano anterior”, conta Françoise.

Técnicas de melhorias do cultivo agrícola e sustentabilidade têm sido utilizadas por propriedades como a Fazenda Nina para aumentar a produtividade. O local é uma das 300 fazendas no Espírito Santo que participam de um programa de cultivo sustentável de iniciativa de uma das maiores fabricantes de chocolate do mundo.

O investimento faz parte do programa da Nestlé, que tem como meta o uso de cacau sustentável em 100% da produção até 2025. E o cacau do Espírito Santo é responsável por cerca de 6% da produção de chocolates da marca, que inclui a Garoto, com fábrica em Vila Velha. O Estado é o terceiro maior produtor do fruto do país, atrás do Bahia e Pará.

Produção de cacau na Fazenda Nina, em Linhares(Leticia Orlandi)

Em todo o Espírito Santo, a produção estimada do cacau em 2023 ficou em 12.100 toneladas, número um pouco superior a 2022, quando somou 11 mil toneladas. Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura (Seag), com a estiagem, a previsão é que o cultivo se mantenha nos números de 2023, mesmo com muitas propriedades tendo adotado práticas voltadas ao aumento da produtividade nos últimos anos.

"Vamos começar agora, entre outubro e dezembro, a entrar na safra principal. Ainda é um pouco cedo para precisar em relação à safra, mas, por enquanto, deve ser equivalente ao ano anterior com a estiagem", detalhou Enio Bergoli, secretário de Agricultura.

De acordo com o secretário, em 2023, o valor bruto da produção agropecuária, que é a venda das amêndoas de cacau, foi mais de R$ 185 milhões, recurso importante para o Espírito Santo. Bergoli frisou ainda que, embora haja produtores grandes e médios de cacau, o último censo apontou que 69% das 2.806 propriedades produtoras eram de agricultura familiar, opção considerada importante para a diversificação de renda.

Como é o processo sustentável

  • Irrigação por gotejamento: destina a quantidade exata de água que a planta precisa e no momento que ela precisa, a partir da medição da água no solo. E conta com reservatório de 7 milhões de litros que faz captação direto da Lagoa Nova. 
  • Uso de controle biológico: a produção própria de bactericida reduz a dependência de fertilizantes químicos.
  • Descarte: é feita compostagem da casca do cacau para retornar para a produção e reduzir o uso de defensivo químico.

A reportagem viajou a convite da Nestlé

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