A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) descartou a ideia de usar o Teatro Carmélia para armazenagem de grãos. Os galpões do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC), em Jardim da Penha, Vitória, onde os produtos estão armazenados atualmente, serão leiloados pela União em setembro deste ano. Sem opção ou perspectivas de um novo espaço, o agronegócio capixaba corre o risco de ficar sem um lugar para estocar milho e café na Grande Vitória.
A Conab no Espírito Santo busca um novo espaço para armazenagem desde fevereiro, quando foi notificada pela União. A "solução" que vinha sendo estudada pelo governo federal era usar o espaço do Teatro Carmélia, também na Capital capixaba.
Contudo, mesmo sendo um ativo federal, a possibilidade não agradou em nada os moradores, autoridades e, principalmente, artistas capixabas. A Câmara Municipal de Vitória converteu o espaço em patrimônio histórico municipal na tentativa de impedir que isso ocorresse. Depois de muita polêmica envolvendo seu uso, nesta semana, a Conab desistiu de usá-lo.
O espaço do teatro teria a capacidade de armazenar 7 mil toneladas de grãos, volume inferior ao guardado pelos armazéns da Conab em Jardim da Penha (42 mil toneladas). A Conab-ES está em busca de um local um pouco menor que o atual, porém, muito maior do que o teatro. Ele deverá alocar até 30 mil toneladas de grãos.
"Queremos uma unidade mais moderna, com um silo metálico ao lado de um armazém convencional, para armazenagem de milho, café, feijão, arroz, além das cestas básicas", ressaltou o superintendente regional interino da Conab-ES, Kerley Mesquita de Souza, em entrevista para A Gazeta.
Até o momento, a companhia não apontou qualquer alternativa ao IBC, o que preocupa quem depende dos serviços que ela oferta. Além da armazenagem de milho e de café, equipamentos para Defesa Civil Nacional e cestas básicas para doar às comunidades quilombolas e indígenas, do Espírito Santo e de parte do Rio de Janeiro, também são guardados no local.
Atualmente, cerca de 500 pequenos produtores fazem parte do Programa de Abastecimento Social, comprando milho direto nos galpões, a chamada Venda em Balcão. Em todo o Estado, são mais de 5 mil produtores cadastrados para esse atendimento.
Atualmente, os grãos da Conab no Estado estão depositados em três centros: Colatina (com capacidade de 72 mil toneladas), Cachoeiro de Itapemirim (30 mil toneladas) e Vitória (42 mil toneladas). A preocupação com a falta de um local para armazenar grãos é ainda maior, porque a localização do armazém é estratégica, pela proximidade do maior produtor de ovos do país, Santa Maria de Jetibá.
É importante lembrar ainda que o milho armazenado no local também contribuiu para evitar a morte de milhares de animais durante a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018. Na época, 6 mil toneladas que estavam armazenadas no Estado foram comercializadas para criadores de aves e suínos e indústrias de processamento de ração animal, que não eram atendidos pelo programa de Venda em Balcão.
Outro impacto da mudança para um lugar menor é a redução do volume de armazenagem. De acordo com uma fonte do setor, a armazenagem dos grãos no Teatro Carmélia, por exemplo, só seria suficiente para estocar milho. Isso impediria a recepção de café para a realização de política de controle de preços, como ocorreu em 2013, ou de concentrar os grãos antes da exportação.
O Posto de Serviço de Classificação Vegetal que também fica em Jardim da Penha, neste ano, classificou mais de 40 mil sacas de café que foram exportadas para a Rússia. Os grãos receberam certificado de classificação e laudo da companhia. De acordo com o superintendente regional interino da Conab-ES, Kerley Mesquita de Souza, esse é um dos únicos postos da Conab no país que realiza esse serviço.
(Com informações de Vilmara Fernandes/A Gazeta)
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