Publicado em 22 de outubro de 2024 às 10:30
Com aproximadamente 410 quilômetros de litoral, o Espírito Santo conta com cerca de 600 empreendimentos aquícolas e mais de 60 organizações do setor pesqueiro. Por ano, só no mar, são pescadas cerca de 12 mil toneladas de peixes como dourado, atum, dorminhoco e xaréu.
Segundo o engenheiro de pesca Wathaanderson Rocha, as tecnologias, além de colaborarem com o trabalho dos pescadores, preservam a vida de outros animais.
“Como exemplo no mar, temos o uso de uma tecnologia nas redes de pesca que diminuem a captura acidental de animais como a tartaruga-marinha, muito presente em nosso litoral.”
De acordo com o especialista, para que o Espírito Santo cresça ainda mais nas atividades pesqueiras, seria importante contar com programas de incentivo similares às cadeias de pecuária e café.
Wathaanderson Rocha
Engenheiro de pescaAlém das águas salgadas, a produção também tem números expressivos na água doce. Rios, lagos, lagoas e tanques de ambiente controlado ultrapassaram a marca de 19.030 toneladas produzidas em 2023, com destaque para a tilápia e peixes nativos como pintado e tambaqui, mostrando um crescimento de 6,31% em relação a 2022, quando 17.900 toneladas foram produzidas.
Nessas atividades, são vistos os movimentos para conservação e manutenção da água, utilização de novas tecnologias como o RAS, do inglês Recirculation Aquaculture System, no qual a água recircula havendo apenas a reposição do que evapora, e também a aquaponia (hidroponia + aquicultura), na qual a água é recirculada no sistema e, após passar pelo processo de filtragem, nutre as raízes das plantas. O aquicultor é o principal interessado na manutenção da qualidade de água”, cita Rocha, que também é extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
A aquicultura compreende a produção de peixes, moluscos, algas, camarões e outros seres que têm seu ciclo de vida parcial ou totalmente em meio aquático. Com boa disponibilidade hídrica e clima favorável, o Estado é o 16º maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, mas, segundo especialistas, ainda precisa de programas de incentivo.
Para expandir tais números e mudar o cenário, produtores do Estado buscam por novidades no campo dos melhoramentos genéticos, ferramentas sustentáveis e equipamentos para melhor navegabilidade das embarcações de pesca. Dados do Anuário Peixe 2024 mostram que a produção de peixes de cultivo tem crescido no país e que o Espírito Santo segue a escalada.
No último ano, o país produziu 887.029 toneladas de peixe de cultivo, sendo que, desse número, 18.100 toneladas são de tilápia capixaba, o equivalente a 2,14% da produção nacional. Apesar de o dado parecer baixo, deve ser levada em conta a extensão territorial capixaba, menor do que vizinhos como Bahia e Minas Gerais, também destaque no Brasil e que podem apresentar bons exemplos para o desenvolvimento do Estado.
Produtor há 17 anos, Antonio Roberte Bourguignon, de Linhares, no Norte do Espírito Santo, afirma que o Estado está no caminho certo para entrar no hall dos maiores aquicultores e piscicultores do país.
Antonio Roberte Bourguignon
Produtor de peixesEle acrescenta que, pensando na sustentabilidade, os produtores capixabas estão em busca de novas soluções. “Estamos em busca de rações cada vez mais limpas e com melhor digestibilidade para os peixes, facilitando um reaproveitamento ainda mais rápido da água onde eles são produzidos”, conta.
Segundo Bourguignon, no Espírito Santo já é possível notar que as atividades de piscicultura, ligadas aos tanques-rede e, principalmente aos tanques escavados, têm se tornado rentáveis para o pequeno, médio e grande produtor.
“Por aqui, somos capazes de produzir uma proteína animal com alto valor agregado e que traz benefícios para a saúde de pessoas de variadas idades. Só temos a crescer”, complementa Bourguignon.
Apesar do desenvolvimento em relação ao ano de 2022, os números do Estado poderiam ser ainda melhores, entretanto, tragédias como a do rompimento da barragem da Mariana (MG), em 2015, resultaram em queda no rendimento, principalmente para produtores que contavam com as águas do Rio Doce, que cruza o Espírito Santo pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares.
Embora o desastre ambiental tenha ocorrido há quase dez anos, os impactos ainda são sentidos. Por isso, o Espírito Santo tem estudos em desenvolvimento com o Instituto Federal (Ifes), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Incaper voltados para a melhor navegabilidade e diminuição dos custos de captura para quem produz peixe, seja no mar, seja em água doce, contando ainda com a colaboração da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta