Com aproximadamente 410 quilômetros de litoral, o Espírito Santo conta com cerca de 600 empreendimentos aquícolas e mais de 60 organizações do setor pesqueiro. Por ano, só no mar, são pescadas cerca de 12 mil toneladas de peixes como dourado, atum, dorminhoco e xaréu.
Segundo o engenheiro de pesca Wathaanderson Rocha, as tecnologias, além de colaborarem com o trabalho dos pescadores, preservam a vida de outros animais.
“Como exemplo no mar, temos o uso de uma tecnologia nas redes de pesca que diminuem a captura acidental de animais como a tartaruga-marinha, muito presente em nosso litoral.”
De acordo com o especialista, para que o Espírito Santo cresça ainda mais nas atividades pesqueiras, seria importante contar com programas de incentivo similares às cadeias de pecuária e café.
Além das águas salgadas, a produção também tem números expressivos na água doce. Rios, lagos, lagoas e tanques de ambiente controlado ultrapassaram a marca de 19.030 toneladas produzidas em 2023, com destaque para a tilápia e peixes nativos como pintado e tambaqui, mostrando um crescimento de 6,31% em relação a 2022, quando 17.900 toneladas foram produzidas.
Nessas atividades, são vistos os movimentos para conservação e manutenção da água, utilização de novas tecnologias como o RAS, do inglês Recirculation Aquaculture System, no qual a água recircula havendo apenas a reposição do que evapora, e também a aquaponia (hidroponia + aquicultura), na qual a água é recirculada no sistema e, após passar pelo processo de filtragem, nutre as raízes das plantas. O aquicultor é o principal interessado na manutenção da qualidade de água”, cita Rocha, que também é extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
A aquicultura compreende a produção de peixes, moluscos, algas, camarões e outros seres que têm seu ciclo de vida parcial ou totalmente em meio aquático. Com boa disponibilidade hídrica e clima favorável, o Estado é o 16º maior produtor de peixes de cultivo do Brasil, mas, segundo especialistas, ainda precisa de programas de incentivo.
Para expandir tais números e mudar o cenário, produtores do Estado buscam por novidades no campo dos melhoramentos genéticos, ferramentas sustentáveis e equipamentos para melhor navegabilidade das embarcações de pesca. Dados do Anuário Peixe 2024 mostram que a produção de peixes de cultivo tem crescido no país e que o Espírito Santo segue a escalada.
No último ano, o país produziu 887.029 toneladas de peixe de cultivo, sendo que, desse número, 18.100 toneladas são de tilápia capixaba, o equivalente a 2,14% da produção nacional. Apesar de o dado parecer baixo, deve ser levada em conta a extensão territorial capixaba, menor do que vizinhos como Bahia e Minas Gerais, também destaque no Brasil e que podem apresentar bons exemplos para o desenvolvimento do Estado.
Produtor há 17 anos, Antonio Roberte Bourguignon, de Linhares, no Norte do Espírito Santo, afirma que o Estado está no caminho certo para entrar no hall dos maiores aquicultores e piscicultores do país.
Ele acrescenta que, pensando na sustentabilidade, os produtores capixabas estão em busca de novas soluções. “Estamos em busca de rações cada vez mais limpas e com melhor digestibilidade para os peixes, facilitando um reaproveitamento ainda mais rápido da água onde eles são produzidos”, conta.
Segundo Bourguignon, no Espírito Santo já é possível notar que as atividades de piscicultura, ligadas aos tanques-rede e, principalmente aos tanques escavados, têm se tornado rentáveis para o pequeno, médio e grande produtor.
“Por aqui, somos capazes de produzir uma proteína animal com alto valor agregado e que traz benefícios para a saúde de pessoas de variadas idades. Só temos a crescer”, complementa Bourguignon.
Apesar do desenvolvimento em relação ao ano de 2022, os números do Estado poderiam ser ainda melhores, entretanto, tragédias como a do rompimento da barragem da Mariana (MG), em 2015, resultaram em queda no rendimento, principalmente para produtores que contavam com as águas do Rio Doce, que cruza o Espírito Santo pelos municípios de Baixo Guandu, Colatina, Marilândia e Linhares.
Embora o desastre ambiental tenha ocorrido há quase dez anos, os impactos ainda são sentidos. Por isso, o Espírito Santo tem estudos em desenvolvimento com o Instituto Federal (Ifes), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Incaper voltados para a melhor navegabilidade e diminuição dos custos de captura para quem produz peixe, seja no mar, seja em água doce, contando ainda com a colaboração da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta