O retorno das aulas presenciais no Espírito Santo, ainda sem data definida, é um assunto que tem causado muita preocupação entre os pais e responsáveis pelos estudantes. Enquanto alguns querem que o retorno das atividades ocorra em breve, outros ainda estão inseguros em mandar os filhos para a escola, temendo que os filhos possam ser infectados pelo novo coronavírus no ambiente escolar.
As aulas presenciais estão suspensas desde o dia 17 de março no Espírito Santo. De acordo com o decreto estadual em vigor, as escolas seguirão fechadas, pelo menos, até o final de agosto.
O secretário de Saúde Nésio Fernandes também fez um pedido para que os professores e as instituições aperfeiçoem os métodos e as tecnologias de ensino à distância, já que a suspensão não tem data certa para acabar.
Para esclarecer algumas dúvidas sobre o tema, A Gazeta reuniu perguntas e respostas sobre as propostas para a volta às aulas.
O governo do estadual estendeu a suspensão das aulas no Espírito Santo até 31 de agosto. Segundo o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, o retorno às aulas presenciais ainda não está indefinido e somente será possível quando houver uma queda sustentada de casos e mortes por Covid-19, ou seja, quando o contágio estiver equivalente à transmissão local. Atualmente, o Espírito Santo vivencia uma fase de transmissão comunitária, quando não é possível identificar a sua origem.
Se o aluno for de escola particular, ele terá a oportunidade de optar pelo ensino presencial ou remoto. O superintendente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Geraldo Diório Filho, afirma que a escola vai trabalhar no projeto híbrido, em que parte dos alunos vai ficar em casa, parte vai para aula presencial. No ensino público não será diferente. Se o estudante estiver dentro do grupo de risco, ele terá atendimento remoto, de acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Espírito Santo (Undime-ES), Vilmar Lugão de Britto.
Para os alunos de escolas particulares, há essa possibilidade - que segundo Geraldo Diório Filho, deverá ser analisada por cada instituição. Já na rede pública, ainda não há definição até o momento em relação às crianças e adolescentes que não têm problemas de saúde, segundo o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Espírito Santo (Undime-ES), Vilmar Lugão de Britto. Ele completa que não pode "bater o martelo" sobre o tema porque ainda está em discussão, mas considera difícil colocar a ideia em prática devido ao grande volume de alunos assistidos pelas redes municipais.
Segundo Vilmar Lugão de Britto, o ensino obrigatório contempla a faixa etária dos 4 aos 17 anos e as famílias podem ser responsabilizadas se os filhos deixarem de estudar. Os casos de falta injustificada ou evasão escolar são comunicados pela escola ao Conselho Tutelar que, por sua vez, repassa ao Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES). Ainda não há indicadores sobre a flexibilização das regras, mas Lugão completa que é preciso considerar que, no caso do coronavírus, tudo é inédito. Ele afirma que tem feito essa reflexão com o MPES por saber que é uma preocupação de muitas famílias, principalmente com crianças pequenas.
Vilmar Lugão de Britto explica que no Brasil ainda não existe autorização para o homeschooling (ensino domiciliar). De toda maneira, ele afirma que o ensino teria que ser validado pela instituição escolar no processo de avaliação final.
Nas escolas particulares, o retorno dos profissionais para as aulas presenciais tem que ser autorizado por um médico, segundo o vice-presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Eduardo Costa Gomes. Ele explica que essa avaliação é fundamental porque uma pessoa com quadro hipertensivo, mas que mantém a pressão arterial sob controle com medicação, dieta e atividade física, pode ter condições de fazer um trabalho presencial se o médico autorizar. Já sobre as escolas da rede estadual, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informa que está fazendo um mapeamento para identificar onde estão os profissionais de grupos de risco e, assim, definir as ações voltadas para esse público. Em manifestações anteriores, o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, já havia mencionado a possibilidade desses educadores trabalharem de casa, uma vez que as atividades remotas serão mantidas.
Os professores que não puderem retomar as aulas presenciais poderão dar a sua contribuição oferecendo a disciplina para os alunos que também estarão em atividade remota e também para aqueles que estiverem na escola. Nesta situação, com o suporte de outro profissional para fazer a intermediação com a turma, segundo o Sinepe-ES.
Essa hipótese é considerada pouco provável para o dirigente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES). Porém, caso alguma instituição se depare com esse quadro, ele afirma que a alternativa será a contratação de novos profissionais.
A Secretaria de Estado da Educação (Sedu) afirma que há uma preocupação e que, por isso, implementou o programa Escolar em abril de 2020, com atividades por aplicativo, pela TV ou material impresso, para atender os 240 mil alunos no formato não presencial. A ideia é manter o vínculo com os alunos e tentar promover o aprendizado. No entanto, em torno de 15% dos estudantes da rede (36 mil) não foram alcançados pelo programa, e não estão sendo assistidos. O secretário estadual de Educação, Vitor de Ângelo, ressalta que a Sedu faz busca ativa dos alunos que não estão participando do programa.
Para que o retorno às aulas seja feito com segurança e prudência, será necessário informação com qualidade, de acordo com o vice-presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Eduardo Costa Gomes. Ele afirma que, assim que a reabertura das unidades for autorizada, professores e funcionários devem ser os primeiros a serem recebidos para que todos os esclarecimentos necessários sejam feitos e, se a instituição desejar, terá inclusive a participação de um médico. Já a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) informou que tanto o protocolo sanitário, quanto o calendário letivo, estão sendo pontos de análise do Grupo de Trabalho (GT) que discute o retorno às aulas presenciais e que contempla a participação do Sinepe, Undime, Sindicatos, Ministério Público, dentre outras instituições. Ambos os documentos estão em fase de elaboração.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está elaborando um documento completo com as orientações. Uma das preocupações é sobre os protocolos específicos de ingresso de alunos com deficiência. Quem lê libras (língua de sinais), por exemplo, não vai poder usar máscara. Já o Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES) elaborou uma cartilha com protocolos de saúde para as instituições se adaptarem. Entre as medidas, está o uso obrigatório de máscaras, distanciamento mínimo entre alunos nas salas de aula e instalação de dispositivos com álcool em gel na escola.
Não, de acordo com o secretário estadual de Educação Vitor de Ângelo. Ele afirma que, quando houver autorização para o retorno, não será viável que todos os estudantes retornem de uma só vez, já que ainda será preciso evitar a aglomeração e a interação. A perspectiva é de que a retomada das atividades presenciais comece pelos alunos mais velhos e que haja rodízio entre as turmas. Contudo, ainda não há consenso.
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