Dois cabos do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo sofreram "sanções disciplinares" na corporação após a morte do engenheiro João Paulo Sampaio dos Reis, de 47 anos, que sofreu um acidente enquanto descia a tirolesa do Morro do Moreno, em Vila Velha, no dia 1º de maio de 2021. O caso é investigado há dois anos pela Polícia Civil. Geovane Lutes Rodolfo e Marloyllner Fernandes mantinham uma sociedade para promover a atração em um dos cartões postais do Espírito Santo.
Em nota, a corporação informou que o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) apurou que os militares cometeram transgressão disciplinar ao "realizar atividade laborativa fora do âmbito de suas funções militares sem comunicar à Corporação". Por esse motivo, segundo o Corpo de Bombeiros, os dois receberam sanções disciplinares.
Questionada pela reportagem de A Gazeta sobre o tipo de punição, a corporação informou que os dois receberam sanção interna, mas não foram afastados das funções.
Também procurada, a Polícia Civil informou que as investigações da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha "estão avançadas". Em nota, a corporação detalhou que alguns laudos ficaram prontos e seguem sob análise da equipe que está verificando se há necessidade de solicitar outros laudos, para finalização do Inquérito Policial.
"Por serem apurações em andamento, não há outras informações que possam ser repassadas", informou a Polícia Civil.
O Código de Ética e Disciplina do Corpo de Bombeiros reserva uma parte para tratar exclusivamente das sanções disciplinares, que vão da advertência até a demissão. A sanção, segundo a corporação, busca a reeducação do infrator, com intuito de "fortalecimento da disciplina".
As sanções disciplinares possíveis são:
I - Advertência
II - Repreensão
III - Suspensão
IV - Reforma disciplinar
V - Perda de posto, patente ou graduação
VI - Demissão
Ainda segundo o código da corporação, a "advertência é a forma mais branda de sancionar", enquanto a repreensão é "uma censura enérgica ao transgressor" e que deve ser adotada quando há transgressão disciplinar média.
João Paulo Sampaio morreu em um acidente ocorrido na tarde do dia 1º de maio de 2021. Ele estava acompanhado da filha, à época com 14 anos, e uma amiga dela, que desceram antes dele. Na vez do engenheiro, a tirolesa não freou, o que causou a queda de João Paulo.
Momentos antes da descida, em um vídeo filmado por ele mesmo, é possível vê-lo perguntando a um dos condutores sobre a segurança e o freio da atividade de lazer.
Na época da morte, o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar relatava que um dos responsáveis pela atração retirou os equipamentos de segurança da vítima e teria se recusado a apresentá-los aos policiais. Ele foi posteriormente identificado como Geovane Lutes, cabo do Corpo de Bombeiros.
Três dias depois, o sócio-administrador da tirolesa, Alex Magnano, disse que todo o material foi entregue à Polícia Civil que a empresa estava colaborando com as investigações do caso. Além de Alex, Geovane Lutes Rodolfo e Marloyllner Fernandes, cabos do Corpo de Bombeiros, também faziam parte da sociedade da empresa. A tirolesa foi fechada após a morte do engenheiro.
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