Antiga promessa de diferentes administrações da Serra e de Vitória, a nova via de acesso entre as duas cidades deve começar a sair do papel a partir de 2025. A ligação intermunicipal faz parte de um complexo de obras voltadas para melhorar a fluidez do trânsito na Rodovia Norte Sul. Um dos principais objetivos da obra, que vai contar com elevados, viadutos e ciclovias, é desafogar os dois acessos existentes entre os municípios vizinhos: a Rodovia das Paneleiras, que leva à BR 101, e a própria Norte Sul.
Segundo a Prefeitura da Serra, a primeira etapa da obra contempla a construção de viadutos, vias expressas e elevados para que o trânsito da região da Norte Sul — ponto crítico do tráfego entre Serra e Vitória — seja desafogado.
De acordo com o projeto inicial, as intervenções devem começar na Avenida Brasil, no bairro Novo Horizonte, onde vias expressas serão construídas às margens da ArcelorMittal, cruzando o bairro Jardim Limoeiro e se conectando a ruas paralelas e novas vias construídas nas imediações do Terminal de Carapina e na entrada da siderúrgica.
Com as intervenções, quem dirige na BR 101 ou nas ruas internas de Carapina, com sentido a Vitória, poderá entrar na Avenida dos Metalúrgicos e acessar a nova via pela Rua Castelo ou pela Rua Nelcy Lopes Vieira, conectando-se à Rodovia Norte Sul e à via que será construída contornando o bairro Manoel Plaza.
Na altura da Rua Q, em Manoel Plaza, os motoristas poderão virar à direita e acessar a Norte Sul, descendo até a Capital no trajeto já existente próximo ao Shopping Mestre Álvaro.
Na região, a Serra também projeta a construção de um mergulhão, com o auxílio do governo do Estado, para que o trânsito não fique congestionado no cruzamento atual. Sendo assim, quem transita pela Avenida João Palácio e pela Avenida Rio Amazonas não precisaria mais aguardar o sinal vermelho para cruzar a Norte Sul.
Após a primeira etapa das obras, uma nova fase de intervenções deve conectar a nova via até Jardim Camburi, em Vitória. O projeto, entretanto, ainda é desenhado pela Prefeitura da Serra e depende de aprovações junto à Vale, ArcelorMittal e com a preefeitura da Capital.
De acordo com esboços para a segunda fase aos quais a reportagem de A Gazeta teve acesso, para o motorista que dirige de Vitória até a Serra, o trajeto deve ser o seguinte: ao fim da Avenida Dante Michelini, nas imediações do condomínio Atlântica Ville, a Avenida Munir Hilal, a Rua José de Anchieta Fontana e a Avenida Manoel Nunes do Amaral devem ser vinculadas à nova via, conectando-se com a Rua Deputado Otaviano Rodrigues de Carvalho, que dá acesso ao Colégio Salesiano.
Dali, já contando com a abertura de novas vias, a obra deve cruzar áreas da Vale e da ArcelorMittal, contornando os bairros De Fátima, Carapina e Hélio Ferraz, até as margens da nova pista que vai contornar o bairro Manoel Plaza.
Procurada pela reportagem de A Gazeta a respeito desse projeto viário, a Prefeitura de Vitória informou que a Serra ainda não procurou a Capital para tratar das obras previstas na região de Camburi. Entretanto, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento da Cidade e Habitação (Sedec), Vitória “está aberta ao diálogo em prol da melhoria e da mobilidade, para garantir que o projeto atenda às necessidades da região e beneficie a população”, diz a nota.
A terceira via para conectar a Serra até Vitória é uma antiga promessa da administração serrana. Documentos de 2009 vinculados à Prefeitura da Serra já tratavam do assunto, que nunca saiu do papel. Entretanto, a nova expectativa é de que o contrato para execução das obras seja assinado em 2025.
Segundo a Secretaria de Obras da Serra (Seob), o projeto está na fase final e, quando concluído, será encaminhado para licitação. A partir daí, a empresa vencedora passará a ser responsável pela execução, que deve contar com um crédito de US$ 57,6 milhões (cerca de R$ 345 milhões, na cotação atual) oriundo do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, da sigla em inglês, New Development Bank).
O Senado Federal aprovou na última terça (17) o relatório do senador Fabiano Contarato (PT-ES), que autoriza a garantia da União para o município da Serra e o governo do Estado contratarem os recursos. Com o aval dos parlamentares, o próximo passo é a realização do projeto executivo e a licitação das obras.
"A obra vai melhorar a mobilidade, ligando Jardim Camburi à Carapebus, e também vai criar novas oportunidades para o crescimento da Serra, valorizando a orla da cidade”, destaca Contarato.
Segundo o prefeito Sergio Vidigal (PDT), a obra deve gerar melhorias no trânsito e na economia das regiões por onde vai passar. “A valorização do metro quadrado no litoral [da Serra] ainda é inferior à da região central da cidade, e a atividade econômica na área é pequena. Além disso, a mobilidade urbana é um desafio para quem se desloca entre Vitória e o nosso litoral. Por isso, melhorar a mobilidade e requalificar o litoral para atrair investimentos de maior valor agregado são objetivos fundamentais”, disse Vidigal em conversa com A Gazeta.
Segundo o prefeito, a obra vai passar pelas áreas da Vale e também pelo complexo da ArcelorMittal. Questionadas pela reportagem sobre a aprovação de detalhes do projeto, as empresas se limitaram a informar que “há diálogo com o município sobre o tema”.
“Estamos na fase final do processo, aguardando aprovação da Fazenda e autorização do Senado para a operação de crédito internacional. A obra provavelmente não começará este ano, apenas após a assinatura do contrato, que deve ocorrer em 2025”, explica Vidigal.
Segundo os primeiros detalhes do projeto, a obra também deve cruzar áreas verdes nas duas cidades. De acordo com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), até o momento, “não foi aberto requerimento sobre a referida obra”.
Além do complexo de obras entre Serra e Vitória, o crédito internacional também pode ser destinado à construção de vias para melhorar o trânsito entre os Civits I e II, polos industriais da Serra que poderão ser conectados com a BR 101 e a Avenida Norte Sul, desviando o trânsito de caminhões pesados que atualmente passam por bairros residenciais.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta