O governo do Estado informou que cerca de 390 mil crianças estão aptas a receber vacina contra a Covid-19 no Espírito Santo. Em entrevista para A Gazeta, na terça-feira (21), o secretário estadual da Saúde, Nésio Fernandes, disse que, além da Pfizer —que ainda não tem doses disponíveis — também defende a aplicação de Coronavac para esse público.
A aplicação do imunizante da Pfizer na faixa etária de 5 a 11 anos foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última quinta-feira (16). Apesar do Ministério da Saúde afirmar que, para vacinar as crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, os pais terão que ter prescrição médica, o governo do Espírito Santo afirma que a indicação por um pediatra não será exigida no Estado.
No Twitter, o governador Renato Casagrande afirmou que "a segurança da imunização é incontestável e os resultados comprovam sua eficácia".
O secretário Nésio Fernandes também disse que a vacinação para combater doenças infectocontagiosas é estratégia para a garantir a saúde coletiva e não atividade de prescrição ambulatorial.
Em nota a Sesa disse que, assim que puder iniciar a vacinação das crianças, não será exigido prescrição ambulatorial. Outras orientações serão publicadas pelo Estado.
Quanto ao uso da Coronavac, a Agência solicitou novos dados ao Instituto Butantan, produtor do composto, em reunião realizada na terça-feira (21).
O assunto tem se transformado em um imbróglio político no país. No domingo (19), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que pediu ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que os pais ou responsáveis de menores de 12 anos tenham de assinar um termo de responsabilidade para vacinar as crianças, além da exigência de receita médica.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou um recurso da Advocacia Geral da União (AGU) nesta segunda-feira (20) para que o governo federal se manifeste até o dia 5 de janeiro sobre a inclusão das crianças no Plano Nacional de Imunização (PNI).
Na última quinta-feira (19), o governo de João Doria (PSDB) encaminhou ofício à Pfizer anunciando interesse em adquirir o imunobiológico. Caso a farmacêutica não comercialize as doses, o governo disse que vai acionar o STF para garantir as injeções.
“O anúncio público de São Paulo em negociação com a Pfizer tem mais a ver com a arte da guerra do que com a decisão de comprar as vacinas. A Pfizer confirmou, em contato que eu pessoalmente fiz, que eles mantém a decisão de vender somente para o PNI, eles não vendem para estados e municípios”, disse Nésio.
Neste contexto, Nésio lembra que a Coronavac é uma opção “segura e eficaz, disponível em praticamente todos os municípios do Brasil. O uso da vacina produzida pelo Instituto Butatan na população pediátrica está em análise na Anvisa. Segundo o secretário, quando a aplicação for aprovada, o Estado tem capacidade de iniciar o processo imediatamente.
“Nós entendemos que a aposta com ampla cobertura vacinal com duas doses em alcançar 90% depende da vacinação da população pediátrica. O Brasil tem disponibilidade imediata da Coronavac e poderá ter no ano que vem a Pfizer, de acordo com a disponibilidade da indústria e a decisão do governo de comprá-la”, pondera.
Questionado sobre a eficácia da Coronavac, o chefe da pasta da Saúde afirma que a vacina funciona contra todas as variantes do novo coronavírus, incluindo a Ômicron. Assim como já foi definido para outros públicos, ele acredita que as crianças também deverão receber a terceira dose. No entanto, a decisão final ainda está sendo estudada por especialistas.
“Preferencialmente, em idades pediátricas, a plataforma de vírus inativado é muito conhecida, segura, eficaz, provoca poucos eventos adversos e é possível que a terceira dose nas idades pediátricas possa ser adotada como esquema homólogo, adotada como esquema da mesma vacina que recebeu as duas primeiras. No entanto, essa é uma conclusão que exige alguns meses ainda de amadurecimento, de novas evidências e consensos que vão ser construídos na comunidade cientifica", ressalta.
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