A pandemia do coronavírus mudou a rotina do mundo inteiro em 2020. No campo da educação, as aulas presenciais deram espaço às atividades remotas com videoaulas gravadas ou em tempo real, via internet. No Espírito Santo, as instituições foram fechadas em março e foram reabertas a partir de outubro.
Previsto para o ano passado, as provas impressas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vão ser aplicadas nos dias 17 e 24 de janeiro deste ano.
A novidade dessa edição é a implementação das provas digitais, que serão aplicadas nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro para 96.086 candidatos.
E para auxiliar os estudantes, A Gazeta conversou com professores do Estado e eles listaram 10 possíveis assuntos que podem ser temas da redação. Além das dicas, separamos uma lista com 55 reportagens que podem dar uma forcinha nos estudos.
"Como nós estamos em um ano atípico, acredito que para os alunos vai ser um dos exames mais difíceis de se fazer, até porque a maioria teve de estudar de casa ou fez ensino híbrido", destaca o professor do Pré-Enem Digital, Werllen Vieira.
A prova de redação, que vale mil pontos, exige a produção de um texto dissertativo-argumentativo. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia ligada ao Ministério da Educação (MEC), o foco está relacionado a assuntos que transitam entre as esferas social, tecnológica, cultural ou política.
Em 2019, o Inep escolheu “A democratização do acesso ao cinema” como proposta para a redação.
Além de calma na reta final, os professores de redação sugerem uma pesquisa de textos relacionados aos assuntos que o candidato acredita que possa ser abordado na prova. Para o professor de Redação do Darwin e do CEB, Joelson Rocha, o participante precisa ter ciência da relação do problema apresentado com a capacidade das instituições públicas em fomentar intervenções positivas.
Na avaliação do professor de Redação, Leonardo Vilhagra, para a redação do Enem, é fundamental que o estudante aplique a sua bagagem cultural - tudo aquilo que leu, ouviu, assistiu - relacionada ao tema proposto pela banca examinadora.
"É bem provável que a banca aborde um dos seguintes temas: os 30 anos do Sistema Único de Saúde, a implementação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o homeschooling no Brasil, a saúde mental na população global, ou o papel do empreendedorismo na economia mundial", sugeriu.
Para o professor Joelson Rocha, as doenças crônicas como hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca podem ter destaque no Enem por causa das discussões geradas durante o enfrentamento da pandemia do coronavírus. Quem tem comorbidade tem mais probabilidade de desenvolver a forma grave da doença causada pelo vírus, a Covid-19. "2020 foi um ano em que a saúde precisou ser discutida, assim como o comportamento da população", avalia.
Outra sugestão de Joelson Rocha é uma tema ligado ao desemprego ou à qualificação do trabalhador brasileiro. Na terça-feira (5), o presidente Jair Bolsonaro disse que parte dos brasileiros não tem preparação para fazer "quase nada", como uma das explicações para o Brasil ter mais de 14 milhões de pessoas desempregadas no país.
"Então, [o Brasil] é um país difícil de trabalhar. Quando fala em desemprego, né, [são] vários motivos. Uma é a formação do povo brasileiro. Uma parte considerável não está preparada para fazer quase nada. Nós importamos muito serviço", disse Bolsonaro.
Dados apurados em dezembro do ano passado indicavam que quase 100 milhões de brasileiros estão fora dos sistemas de esgotamento sanitário, e quase 35 milhões não têm acesso à água tratada. Nem metade dos dejetos gerados no país são tratados.
A aprovação do novo marco regulatório do saneamento básico, em junho do ano passado, também é uma aposta do professor Joelson Rocha. No contexto de saúde pública, a pauta estaria diretamente relacionada ao coronavírus.
Em setembro do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei 1.095/2019, que aumenta a punição para quem praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais. A legislação abrange animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, incluindo cães e gatos, que são os animais domésticos mais comuns e as principais vítimas desse tipo de crime.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem, no Brasil, 29 milhões de domicílios com cães e 11 milhões com gatos. Agora, como define o texto, a prática de abuso e maus-tratos a animais será punida com pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa e a proibição de guarda.
Entre janeiro e julho de 2020, 157 meninas entre 10 a 14 anos ficaram grávidas no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Levando em consideração a discussão e os números nacionais, os professores também acreditam que o assunto pode ser escolhido pela banca examinadora.
No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, 21.154 bebês nasceram de mães com menos de 15 anos de idade em 2018.
O Sistema Único de Saúde (SUS) é considerado um dos maiores serviços de saúde pública do mundo. A estrutura ganhou destaque desde a chegada da pandemia do coronavírus. Por isso, o tópico é apontado como opção pelos educadores.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que no Espírito Santo apenas 30/,9% da população têm plano de assistência médica ou odontológica. Desse modo, a maioria dos moradores do Estado depende do Sistema Único de Saúde (SUS) para quaisquer procedimentos.
Por causa da pandemia do coronavírus, as escolas - públicas e particulares - suspenderam as atividades presenciais. Com a ajuda da internet, um computador e até mesmo um celular, os cômodos das casas dos estudantes foram transformados em um novo ambiente escolar. Assim também aconteceu com quem deixou de ir ao trabalho para evitar aglomerações e o contágio pelo vírus.
No Espírito Santo, as aulas começaram a ser retomadas no modelo presencial a partir de outubro. Para evitar o contágio, o governo do Estado definiu uma série de diretrizes que deveriam ser obedecidas pelos trabalhadores da educação e alunos.
O médico psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica do Espírito Santo (Apes), Valdir Ribeiro Campos, alertou, em outubro do ano passado, que um dos reflexos da pandemia, tanto no Espírito Santo quanto em outros estados brasileiros, foi o aumento dos casos de pacientes com transtornos mentais, ansiedade generalizada e crises de pânico relacionadas à ansiedade.
Uma pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) atestou que o luto, isolamento, perda de renda e medo durante a pandemia trouxeram novos problemas de saúde mental e agravaram os que já existiam, num momento em que o atendimento era reduzido ou interrompido em 93% dos países do mundo.
Níveis elevados de uso de álcool e drogas, insônia e ansiedade estão entre os problemas específicos que ficaram sem atenção. Nos casos mais graves, a interrupção no tratamento eleva casos de suicídio ou mortes por overdose de opióides. Com o fechamento das escolas na maioria dos países, serviços de saúde mental nas redes de ensino foram os mais afetados.
A implementação de novos negócios ou a reformulação de empreendimentos já existentes como alternativas para amenizar os impactos negativos na economia mundial causados, principalmente, pela crise gerada pelo novo coronavírus.
No Brasil, o Banco Central afirmou, ainda em dezembro de 2020, que as incertezas quanto à evolução da pandemia e ao quadro fiscal do país podem gerar uma retomada ainda mais gradual da atividade econômica brasileira.
Com o desemprego ultrapassando a marca de 14 milhões de brasileiros, muitos viram a abertura do próprio negócio como única forma de geração de renda e, assim, a manutenção do sustento pessoal ou familiar.
Debatida há mais de 10 anos, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) coloca o cidadão na figura de titular de seus dados. A norma impõe regras aos setores público e privado, que se tornam responsáveis por todo ciclo de um dado pessoal na organização: coleta, tratamento, armazenamento e exclusão. A lei vale para meios online e offline.
Uma das principais transformações na vida do cidadão é a garantia legal de acesso e transparência sobre o uso de seus dados. O cidadão poderá exigir das empresas públicas e privadas informações claras sobre quais dados ela coletou, como os armazena e para quais finalidades os usa. Poderá ainda pedir cópia dos mesmos, solicitar que sejam eliminados ou transferidos.
Outra sugestão apontada pelos especialistas é o tabagismo, reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos. Uma pesquisa feita pelas faculdades de Fisioterapia e Medicina da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) mostrou que a maioria dos fumantes do Brasil diminuiu o uso de tabaco e derivados na quarentena.
A Organização Mundial da Saúdem (OMS) aponta que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. Mais de 7 milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo. A OMS afirma ainda que cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda, onde o peso das doenças e mortes relacionadas ao tabaco é maior.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), 5.687.271 participantes devem fazer a versão impressa das provas. Enquanto isso, 96.086 serão submetidos ao exame na modalidade digital. Os resultados serão divulgados no dia 29 de março. Confira todas as datas:
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