Em uma nova edição do projeto "Crimes Brutais", A Gazeta lança, nesta quarta-feira (17), a websérie documental sobre o Caso Araceli, em memória aos 50 anos do desaparecimento e morte da menina que virou símbolo nacional da luta contra a violência sexual infantil. A produção será dividida em quatro episódios que vão ser apresentados para assinantes, antecipadamente, em uma sessão especial.
A websérie conta a breve infância de Araceli Cabrera Crespo que, aos 8 anos, saiu da escola para pegar o ônibus de volta para casa, em 18 de maio de 1973, e não mais retornou. Um corpo de criança encontrado seis dias depois, nas imediações do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, em Vitória, não deu um fim ao caso. Ao contrário, demarcou uma fase crítica das investigações policiais, permeadas por boatos, mortes suspeitas e tentativa de incriminar pessoas que não tinham relação com o sequestro, o estupro, a indução ao uso de drogas e o assassinato de Araceli.
"O caso Araceli é muito emblemático. Marcou uma geração, que cresceu com muito medo da violência contra crianças e adolescentes. Infelizmente, esse é um problema ainda crônico em nossa sociedade. Não foi só uma geração que temeu ser violentada. Os casos continuaram e continuam nos assustando", ressalta Elaine Silva, editora-chefe de A Gazeta e CBN.
E é justamente pelo fato de que um crime bárbaro como o cometido contra Araceli continua se repetindo cotidianamente, no Espírito Santo e no Brasil, que A Gazeta decidiu fazer esse resgate histórico.
"Quando decidimos relembrar essa tragédia por meio do projeto 'Crimes Brutais - Caso Araceli', é para que ela não seja esquecida. Para que as agressões contra esses inocentes não sejam normalizadas. Não podemos permitir que aconteça mais. Temos que unir a sociedade na defesa das crianças e dos adolescentes. A discussão passa por leis mais rigorosas, punições exemplares e divulgação dos riscos que nossas crianças e jovens correm, principalmente com o advento da internet", reforça Elaine.
Apesar da violência do caso, ninguém foi punido pela morte de Araceli. Três pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público e condenadas no primeiro julgamento, mas absolvidas da segunda vez que o caso foi apreciado pela Justiça. A impunidade é outra marca cruel dessa história, que a websérie traz em mais detalhes.
Para a produção de "Crimes Brutais - Caso Araceli", foram realizadas entrevistas com pessoas ligadas à menina, jornalistas que acompanharam o caso e pesquisadores, que ajudaram tanto a dar o contexto histórico do período da ditadura militar quanto a analisar a permanente violência contra crianças. Registros também foram consultados nos arquivos de A Gazeta da época.
Nesta quarta-feira (17), às 8h30, será promovida uma roda de conversa com a exibição de toda a série documental, no Centro de Eventos da Rede Gazeta, com a participação dos jornalistas Felipe Quintino e Katilaine Chagas, autores do livro "O Caso Araceli - Mistérios, Abusos e Impunidade", cujo lançamento também vai marcar os 50 anos do crime.
Em A Gazeta, os episódios começam a ser publicados, um a um, ainda a partir desta quarta-feira (17). O primeiro vai tratar sobre o perfil de Araceli até o dia de seu desaparecimento. No segundo, a história gira em torno do encontro do corpo, de boatos e outros problemas das investigações. No terceiro, será detalhada a denúncia do Ministério Público e o que já disseram os acusados. Para finalizar, uma análise sobre como o Brasil ainda registra, diariamente, a repetição de "casos Araceli".
O projeto "Crimes Brutais" teve a sua primeira websérie lançada em março deste ano, com o documentário sobre o "Caso Alexandre Martins" (assista aqui). Em três episódios, a websérie trouxe depoimentos, documentos e informações sobre os 20 anos do assassinato do juiz, ocorrido na manhã da segunda-feira, 24 de março de 2003.
O projeto também já relembrou outros crimes que chocaram o Espírito Santo no formato de podcast. O primeiro episódio, lançado em 2019, abordou o caso Isabela Cassani, cercado de impunidade e mistério (ouça aqui). O segundo episódio, de 2020, lembrou as polêmicas do caso Maria Nilce (ouça aqui).
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