Diante do aumento significativo no número de casos e de mortes por coronavírus no Espírito Santo, especialmente na última semana, o relato de especialistas que lidam diretamente com pacientes graves no tratamento da doença refletem os números contabilizados. O médico intensivista Eduardo Castro, que trabalha no setor de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospital particular da Serra, afirmou que a gravidade de pacientes cresceu nos últimos dias.
De acordo com a última atualização dos dados pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) nesta quinta-feira (23), o Espírito Santo tem 1453 casos confirmados do novo coronavírus, com 43 mortes. Em relação aos internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a última atualização da Sesa, na terça-feira (22), informava que 84 pacientes estavam em leitos de cuidados intensivos.
Para enfrentar esse agravamento dos pacientes, o médico destaca a importância de equipes bem treinadas e estruturadas para que o tratamento contra a Covid-19 seja feito de forma adequada.
Existem pacientes que vão ficar com uma incapacidade de oxigenar o sangue muito grande e vão evoluir mal por conta disso, então, esse paciente depende muito de uma equipe de terapia intensiva muito bem treinada, que tenha equipamentos que realmente possam atender essa demanda.
Para alertar a população da gravidade da doença e do tempo de tratamento, o médico faz projeções com base em números já observados. No Espírito Santo, em caso de metade da população ser contaminada, os leitos de UTI disponíveis não chegariam perto de serem suficientes para atender a demanda.
Se a gente pensar na população capixaba como um todo, temos quatro milhões de habitantes. Se metade da população se infectar e 5% precisar de suporte de UTI, você vai ver que ter 500 leitos não dá para saída. E o tempo de internação desses pacientes é longo. Os pacientes que evoluem bem vão ter um tempo de internação de 7 a 10 dias. Os pacientes que precisarem de terapia intensiva vão ficar internados por 30 a 40 dias. Não é algo que você consiga resolver rápido.
Diante deste panorama, o especialista enfatiza a importância do isolamento social, principalmente, em cidades que registram um alto índice de contaminação e confirmação de casos, como nos municípios da Grande Vitoria. O médico ainda explica as estimativas de pico, que são constantemente postergadas. Para Castro, isso se dá por conta das diferentes variáveis dos países utilizados como referência.
É crucial ficar em casa. Na grande Vitória, principalmente, isso é importantíssimo. Sair somente em extrema necessidade, ir ao supermercado, por exemplo. Aqueles que têm condições de fazer o seu trabalho de casa, tem que ser feito em casa. Se daqui a três semanas houver uma explosão de casos graves, vão perguntar por que não foi feito dessa ou daquela forma? Tenho visto muitas pessoas falando que já tem três ou quatro semanas que a curva vai subir, e elas têm razão. São estimativas daquilo que a gente não quer que aconteça. Estamos fazendo estimativas dentro de um programa, mas essas variáveis são extremamente dinâmicas. A maneira como a população brasileira vive é diferente da Itália, diferente da Espanha, é diferente de Portugal, diferente da China. Então, são cenários novos que a gente precisa o tempo inteiro atualizar, completou.
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