Os túneis de desinfecção surgiram como uma alternativa de combate à propagação do vírus da Covid-19 em ambientes de grande circulação de pessoas, como os terminais rodoviários do Sistema Transcol, que opera na Região Metropolitana do Estado. Nessas estruturas, uma solução à base do dióxido de cloro é borrifada sobre o usuário que o atravessa. No entanto, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) pediu a retirada de três cabines que haviam sido instaladas pela Prefeitura da Serra nos terminais de Carapina, Laranjeiras e Jacaraípe.
Após a ampla utilização do mecanismo nas últimas semanas, entidades ligadas à saúde, profissionais da área médica e os conselhos Federal e Regional de Química recomendaram a paralisação dos túneis, pois o produto utilizado não possui eficácia comprovada pelos órgãos regulamentadores, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e tem potencial para provocar irritações respiratórias e na pele de quem recebe o dióxido de cloro.
Na Serra, pelo menos sete unidades foram espalhadas pela prefeitura nos terminais e também em algumas unidades de saúde. Mas no que depender da Ceturb-ES, que administra os terminais do Transcol, os túneis não serão mais utilizados nos espaços enquanto não existir uma certificação para a aplicação da solução. A pedido da companhia, as cabines foram retiradas dos terminais do município na noite desta quinta-feira (14).
Algumas empresas que também instalaram mecanismos semelhantes interromperam a utilização dos túneis nos últimos dias
A promotoria da Serra também se manifestou sobre a polêmica dos túneis para apurar a eficácia do dióxido de cloro como agente desinfetante no combate ao coronavírus e a inexistência de riscos à saúde humana. Para isso, o órgão encaminhou ofícios requisitórios à Secretaria Municipal da Saúde solicitando laudos e informações sobre o produto, e também ao Conselho Regional de Química do Espírito Santo para que se posicione sobre a utilização da solução por aspersão.
De acordo com o promotor Pablo Drews Bittencourt, a secretaria e o Conselho Regional de Química do Espírito Santo têm até o dia 22 deste mês (sexta-feira da próxima semana) para apresentarem a documentação e os laudos solicitados pela 3ª Promotoria Civil da Serra.
Inicialmente, a Prefeitura da Serra informou que o dióxido de cloro não apresenta riscos às pessoas e que seriam mantidos os túneis em três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município Castelândia, Carapina e Serra Sede. Havia reforçado que o parecer técnico encaminhado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) não cita o produto entre as substâncias que prejudicam a saúde.
Já no final da manhã desta sexta-feira, a assessoria de imprensa da prefeitura enviou nota informando que retiraria todas as cabines de desinfecção no município. Segue a nota na íntegra.
"A Prefeitura da Serra vai retirar todos os túneis de desinfecção. Reiteramos que o produto não faz mal à saúde e que o mesmo passou por testes e possui laudos dos laboratórios Bioagri Company e Labor Enders. O túnel é apenas uma das medidas de combate ao novo coronavírus. A prefeitura já distribuiu mais de 200 mil máscaras e 150 mil kits de limpeza. Além disso, a partir da próxima segunda-feira, dia 18, a UPA de Castelândia passa a ter atendimento exclusivo para pacientes do novo coronavírus, ampliando em mais 22 o número de leitos exclusivos para pacientes intermediários com o Covid-19. O túnel é apenas uma das medidas de combate ao novo coronavírus. A prefeitura já distribuiu mais de 200 mil máscaras e 150 mil kits de limpeza. Além disso, a partir da próxima segunda-feira, dia 18, a UPA de Castelândia passa a ter atendimento exclusivo para pacientes do novo coronavírus, ampliando em mais 22 o número de leitos exclusivos para pacientes intermediários com o Covid-19."
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