Em 1979, o estudante de comunicação Abdo Chequer sonhava em ser publicitário. Mas uma experiência negativa em uma gráfica fez os planos mudarem. Deixou, então, um currículo na então recém-inaugurada TV Gazeta. E para surpresa dele, foi chamado para ser repórter.
Levou pouco tempo entre a primeira reportagem até Abdo se tornar a cara da emissora. Foi apresentador da edição local do jornal da Globo. Também mediou o primeiro debate para governador do Espírito Santo em 1982, quando o país começava a sair da Ditadura Militar. Chegou agora em 2024 aos 45 anos de jornada na Rede Gazeta.
Atualmente como diretor de Jornalismo, Abdo foi um dos homenageados no aniversário de 96 anos grupo completados na quarta-feira (11), durante cerimônia na sede da empresa.
"Sinto-me extasiado. Uma emoção muito grande me invadiu de uma maneira inexplicável. Agradeço por ter cumprido esse tempo, esses 45 anos aqui na Gazeta. Espero que tenha saúde, discernimento e companheirismo para continuar trabalhando com honestidade, competência e vontade", disse Abdo, no evento.
No auditório da emissora, além de funcionários, familiares e amigos do jornalista participaram da homenagem. Para o presidente da Rede Gazeta, Café Lindenberg, seu Cariê Lindenberg, antigo acionista do grupo que morreu em 2021, nutria por Abdo uma admiração que permanece até hoje na empresa. "Abdo é uma das pessoas que meu pai mais admirou. Muito dos valores que a Gazeta defende já vem de muito tempo, e ele os incorpora como ninguém, transmitindo-os para toda a nossa equipe de jornalismo. Sou muito grato por tudo que ele fez e continua fazendo por nós"
Como reconhecimento pelas mais de quatro décadas de trabalho, a trajetória de Abdo foi exibida em vídeo produzido pela 27ª turma de Residência.
Sobre a estreia de Abdo como repórter, a também jornalista e esposa do diretor, Terezinha Bertolo, relembra o momento. “Foi a primeira experiência dele, que estava nervoso. Mas foi ali que tudo começou. Levou pouco tempo entre a primeira reportagem e até o momento que Abdo se tornou a cara da emissora, como apresentador dos jornais locais”.
Em 1983, Abdo lançou o Bom Dia Espírito Santo, consagrando-se como personalidade capixaba. Em razão do destaque, em 1991, foi convidado para ser mestre de cerimônia na visita do Papa João Paulo II ao Espírito Santo.
Foi âncora do programa por 21 anos, a maior parte do tempo ao lado de Marisa Sampaio. Sob o comando da dupla, o jornal virou referência em entrevistas memoráveis, como a com o então governador José Ignácio, em 2001. Após denúncias de corrupção, o governador teve uma explosão de fúria, ao vivo.
Abdo deixou o Bom Dia em 2007 para se dedicar à Direção de Jornalismo da Rede Gazeta, sendo responsável até hoje pelo conteúdo da TV Gazeta, sites A Gazeta, G1 Espírito Santo, GloboEsporte.com e Rádio CBN Vitória. Ao longo dessas quatro décadas e meia, ele liderou o time de profissionais que criaram o DNA do jornalismo do grupo.
Segundo Bruno Dalvi, editor-chefe da TV Gazeta e G1 ES, a contribuição de Abdo para o jornalismo capixaba é imensurável. "São muitos os aprendizados e um deles eu pratico diariamente: garantir que os fatos sejam perseguidos onde quer que eles estejam, isso sem medo e sem favor. Eu aprendi com Abdo que a verdade e a ética estão acima de qualquer influência ou interesse. E isso, para mim, é um compromisso inegociável".
Compartilha da mesma opinião o editor-chefe de A Gazeta e da Rádio CBN Geraldo Nascimento. "O Abdo tem e sempre teve muito a repassar para quem estava sob o seu comando. E eu me vejo nessa situação de olhar para o Jornalismo e entender que a gente tem uma missão a cumprir".
Para Abdo Filho, que além de colunista de Economia de A Gazeta, a ética é um dos mais importantes legados de seu pai. "Elle não estava muito preocupado com o que os outros iam achar, mas com a sua consciência. E isso vale muito para o jornalismo". Outro a destacar a contribuição de Abdo ao cenário jornalístico capixaba foi Luiz Veiga, editor-responsável do Gazeta Meio Dia. "Abdo é uma pessoa que nos inspirou dentro e fora da Redação. Acho que todos aprendemos muito com ele. Exerci vários cargos no jornalismo a partir da base conquistada na TV Gazeta."
Marisa Sampaio exaltou a seriedade e a confiança do seu companheiro de bancada. "Eu acho que a gente contribuiu muito, especialmente numa época obscura do Espírito Santo, em que havia grande corrupção e precisamos denunciar muita coisa. As pessoas vinham entregar provas na sua mão, o que revela a confiança no seu jornalismo, na sua seriedade. Isso é marcante".
Lucas Chequer, filho de Abdo, ressalta o papel do seu pai como jornalista. "Sabiamos das coisas que ele vinha enfrentando. Ele é corajoso e nós, filhos, perguntávamos se ele não temia [ser questionador]. Ele nos respondia que não, que não estava fazendo nada para prejudicar, mas para trazer o melhor possível, que era a notícia".
Virtude e senso de justiça também são características elogiadas por João Chequer, irmão de Abdo. "Ele batia de frente, era muito combativo e enfrentou, jornalisticamente, governadores, prefeitos, deputados... Não esquecendo, porém, de elogiar o que era elogiável".
Miguel Chequer, também filho de Abdo, ressalta o companheirismo. "É sorte nossa que ele esteja com tanta saúde, para podermos ter mais tempo para conviver e aprender com ele". Por fim, Chequer Hanna, irmão do diretor, finaliza. "Temos muito orgulho dele, que é o melhor de nós, sem dúvida."
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