Com o Espírito Santo à beira do colapso, muita gente tem questionado por que não são abertos novos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado. De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes), Otto Baptista, a dificuldade de abrir novos leitos esbarra em dois fatores: a falta de profissionais capacitados e a escassez de medicamentos.
Na manhã desta segunda-feira (22), em entrevista à TV Gazeta, Otto Baptista disse que ainda que novos leitos fossem abertos, não haveria profissionais para atuar nesses leitos. Na noite deste domingo (21), pelo menos oito hospitais do Estado estavam com ocupação de 100% dos leitos de UTI destinados ao SUS para pacientes com Covid-19 e para outras doenças, ou seja, sem vagas.
"Esses profissionais que estão na linha de frente, especialmente nas UTIs, nesses 760 leitos de Norte a Sul do Estado, eles já estão com sua carga horária completa, ao máximo. Esses profissionais trabalhando nas UTIs completaram as vagas, não temos mais profissionais que venham a pegar novas vagas de novos leitos de UTI. Isso é preocupante, porque o paciente está lá, são equipamentos e medicamentos de alta complexidade, em que precisam de profissionais habilitados, capacitados atendendo essa demanda", afirmou.
O presidente do Simes lembrou ainda que capacitar profissionais para trabalhar em UTIs leva tempo, inclui residência médica e pelo menos dois cursos com certificação.
"Quem está na UTI hoje é o médico intensivista que fez residência médica, é o cardiologista, o cirurgião, o anestesista, um grupo de profissionais que já tem experiência com esses equipamentos e com essas drogas. Para capacitar você precisa de uma residência médica de dois anos, e tem dois cursos, o ATLS e ACLS, que são cursos demorados e precisam de um tempo para dar uma certificação para esse profissional, dizer que ele está capacitado para assumir uma UTI", explicou.
O presidente do sindicato dos médicos diz que há ainda outra preocupação: a dificuldade já existente de encontrar alguns insumos essenciais para o funcionamento de uma UTI, medicamentos que permitem, por exemplo, manter o paciente intubado.
"No início da pandemia, no ano passado, houve um desgaste grande com os insumos, medicamentos e equipamentos hospitalares descartáveis que são usados em uma UTI. Nós tivemos problemas de drogas, principalmente sedativos, que mantém esse paciente sedado, intubado, ter dificuldade de encontrar no comércio nacional e internacional. Já que está chegando ao colapso, a gente sabe que alguns colegas estão encontrando dificuldade para ter esse medicamento a tempo e a hora para atender esses pacientes internados. É preocupante. Isso não acontece só nos hospitais filantrópicos e públicos, também é uma dificuldade de ter essa medicação nós hospitais privados", garantiu.
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